Utopia: escola ideal

Será que existe escola ideal? Você considera escola ideal a que escolheu para colocar seu filho? Acho uma grande utopia. São muitos aspectos a serem considerados pelos pais. Até pode ser próxima do ideal, a possível no momento da vida dos pais e da criança, mas ideal de verdade acho difícil. A não ser que fechamos os olhos e deixamos os dias passarem, os meses e os anos escolares. Depende mesmo do ponto de vista e do que é relevante para os pais em relação a escola e ao ensino.

Quando Felipe nasceu logo passou pela minha cabeça o dia em que estaria levando para a escola, o primeiro dia de aula, os primeiros amigos da sala e a primeira reunião de pais. Me diga qual mãe nunca pensou e imaginou esse momento. Natural sonhar com cada acontecimento relacionado ao desenvolvimento e crescimento do filho.

No Brasil, em cada escola que trabalhei sempre tive clareza do método, no qual observava a infra-estrutura, a relação professor / aluno, os materiais didáticos para ver se condiziam com o que era proposto e apresentado como objetivos de ensino. Tinha um olhar mais próximo entre o ensino proposto, a realidade da escola e o que realmente acontecia dentro da sala de aula. A possibilidade de conhecer, debater, criticar e sugerir era bem maior. 

Trabalhando na escola é possível enxergar de pertinho os bastidores, ou seja, como tudo acontece ao vivo e a cores. Talvez seja até uma situação difícil de lidar, pois sendo professora e mãe da escola ao mesmo tempo os objetivos podem ser bem diferentes. A professora pode ou não enxergar a escola em que trabalha como a ideal, melhor, possível para o filho. 

Na maioria das escolas a professora tem direito de colocar o filho e lógico que acaba sendo uma ótima opção, no que se refere a parte financeira, de conhecimento sobre o método de ensino e de acompanhamento dos acontecimentos diários. Os pais optam por essa alternativa, já que convém a realidade atual. Eu não poderia ser diferente, sempre imaginei meu filho estudando na escola onde trabalhava. Uma escola possível, no qual sempre tive em mente os aspectos positivos, mas também muitos que discordava. Mas independente desses pontos acreditava na escola. Mesmo porque jamais trabalharia muito tempo numa escola que não correspondesse aos meus objetivos de ensino. 

Então, de repente, como um passo de mágica, tudo isso muda. Mudei para a Alemanha, Felipe que teve uma pequena experiência no Brasil, passa a fazer parte de outro berçário (Kinderkrippe) e, a um ano, de uma escola de Educação Infantil (Kindergarten). 

Uma escola de educação infantil que jamais havia imaginado. Uma construção bastante diferente, uma escola pequena com mobiliários dispostos de uma outra maneira. Com espaço na sala de aula, poucas mesas e com cantos específicos para os brinquedos. 

Uma escola no qual a relação professor e aluno é distante. Não há aquela aproximação, aquele carinho constante que a professora beija, coloca no colo e abraça. Algo mais esquisito do mundo foi quando vi pela primeira vez a maneira como elas cumprimentam as crianças. Costumam dar a mão e falar Guten Morgen (Bom dia). Na hora de ir embora a mesma coisa. Na minha opinião, tudo muito formal. Não precisa exagerar na relação de proximidade convidando-o para ir em sua casa; mas esperava algo mais próximo. Afinal de contas, trabalham com um grupo de crianças.

Pensei que a cultura e mesmo o fato de falarem alemão (já que para muitas pessoas é considerada uma língua feia e ríspida) não fosse atrapalhar a relação. Mas notei que há uma formalidade na educação e no próprio relacionamento entre a professora/criança e professora/pais. 

Agora, meu desejo é compreender o método de ensino da escola. Será que posso transpor essa relação que há entre a professora e a criança para a maneira como é ensinado? O que é ser criança para elas? Quais objetivos implicam na realização das atividades propostas?

Talvez possa perguntar para a própria escola. Já fiz isso em relação a alguns aspectos do trabalho e pensa que tive uma resposta que suprisse minhas dúvidas? Não. Ora analiso como uma escola totalmente tradicional, no qual enfatizam a reprodução de algo pronto, do aprendizado de técnicas, ora identifico príncipios de uma pedagogia montessoriana. Ainda há falas que mostram o quanto estão preocupadas com o aprendizado de cada criança, no qual o respeito, incentivo e tempo individual estão presentes diariamente.

Tenho essa meta, mas sei que não posso ser tão radical, já que estou começando a conhecer e foi uma opção possível na cidade onde moramos.

Ao mesmo tempo, meu filho mostra um tanto do que aprendeu na escola. Posso observá-lo em relação as boas maneiras, posso perceber que identifica o próprio nome e diferencia dos demais, o interesse por brincadeiras que faz com os colegas, conta o nome da história que a professora leu. Enfim, são vários indícios que mostram o que é priorizado no currículo. Ações que mostram que está aprendendo e, o principal, que gosta da escola.

Continuarei com dúvidas, vários questionamentos, mas sei também que está longe de ter uma escola ideal. Enquanto isso, penso no que é possível fazer perante a escola e em casa incentivo ao que considero importante nessa fase da escolaridade.


P.S: Agradeço a força e carinho de todas no último post. Como é bom contar também com as amigas virtuais!
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9 comentários:

Mikelli disse...

eu nao acho que exista uma escola ideal. Mas tenho uma ideia na minha cabeça de como deveria ser! hehe Desde que cheguei na alemanha e escuto do marido e de outros pais como as escolas por aqui sao, desisti do meu ideal. Achei tudo tao desorganizado, nada didatico e desleixado mesmo. ainda mais que no brasil vim de uma escola particular bem conservadora mesmo. Com o tempo fui me acostumando com a ideia das escolas alemas, e me digo que as criancas tb crescem e viram "adultos decentes" hehe entao desencanei mas acho que todas as neuras e preocupaçoes vao voltar qdo a minha pequena tiver que ir pra escola. bjs!

Carol Garcia disse...

escola ideal???
necas.
acho que não existe.
como vc disse, a gente encontra o ideal para o momento.
o ideal dentro do possível.
sempre me pego corrigindo a escola do isaac, ou elogiando horrores algumas iniciativas.
o que acontece é a adaptação diária dos filhos, nossa e também do limite que colocamos entre o que se gostaria com o que temos a disposição.
adorei o post.
bjocas

Nave Mamãe disse...

Ainda não pensei sobre isso, nem estudei sobre metodologias de ensino, mas penso que a escola deve se aliar à metodologia dos pais pq conjuntamente estará formando o indivíduo. Mas, claro, existem os casos "possíveis".

Beijos

Mari Hart disse...

Tô passando pelos mesmoas questionamentos. E não falo apenas sobre a incusão, mas na escola do Pedro como um todo. Acho que o ideal não existe e nem nunca vai existir. O que pode acontecer é nos adapatarmos ao viável e a escola a nós. Imagino que no seu caso deva ser bem mais difícil pela diferença cultural. Mas ao mesmo tempo pode ser bom p/ as criancas essas diferenças!
Bjnao querida!

Luciana - Descobertas disse...

Celi, tudo bem? O tempo com as mudanças está curtinho , mas eu queria passar por aqui, pois adoro seus comentários tão atenciosos no meu blog. Como está na Alemanha hein?

Bjs

Chris Ferreira disse...

Oi Celi,
gostei muito do seu texto! Acho que todas nós temos questionamentos sobre como deveria ser a escola dos nossos filhos. E, realmente, um ponto muito importante (e gratificante) é ver nos pequenos o prazer em aprender!
Beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Chris Ferreira disse...

E sobre o dever das férias, esse eu guardarei junto com as fotos, com certeza!
Beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

helena disse...

oi Celi, também era prof no Brasil e minha filha , que hoje tem 11 anos, me acompanhou na maioria das escolas...numa delas eu até tirei, pois não achei q ela estivesse feliz lá, não concordava com a metodologia...quando mudei de escola, fiquei um ano observando e conhecendo os bastidores p saber se levaria a Isa p lá tbem...e sabia exatamente onde a escola acertava e errava...e quando a prática de um colega, prof do seu filho, a seu ver está errada?? muito complicado mas somando tudo, acho q foi positivo tê-la comigo esses anos todos. Agora aqui em Hamburgo ela pede para q eu peça p trabalhar na escola internacional onde ela está...nem sabia q a fazia tão feliz estar na mesma escola, achei q ela sentiria um certo alívio de não me ter por perto o tempo todo!! Sempre achei q podia "reclamar" pouco pq era profa na mesma escola, era delicada essa relação...mas agora, mesmo pagando uma escola particular, e vendo as falhas mesmo estando fora dela (claro, com olho de águia!!) não me sinto tão À vontade para falar, pq transformar críticas em algo construtivo não é nada fácil. Acho , de qq maneira, q os pais devem sim se interessar e trocar idéias, questionar..mas esse caminho deve estar em constante construção...e todos devem estar interessados nesta busca e crescimento. Quando visitei um kinder aqui em Hamburgo, me encantei com as instalações, a diretora era bem amável, mas tive a sensação de q as educadoras não tinham a menor energia p nada...o q acertavam era pq há anos fazem algo assim e em alguns aspectos dá certo...adoro o contato com a natureza q eles tem aqui por exemplo, a forma como as crianças são levadas a serem independentes, os brinquedos q estimulam a imaginação pois não vem "prontos" ...sobre a metologia e objetivos...como não entendo alemão ainda fica difícil uma conversa aprofundada, mas tanto nas palavras ditas, quanto escritas (nos sites etc) acho q dão ênfase na parte motora e ? não sei mais ...Por outro lado Celi, acho q a bagagem q o aluno leva de casa é o q faz muita diferença...com a sua dedicação e inquietação em relação ao desenvolvimento dos seus filhos, tenho certeza de q você poderá suprir as falhas da escola. È um alívio saber que seu filho está feliz, mesmo com essa relação formal e distante! Um abraço p vc!

Paloma Varón disse...

Escola ideal não existe mesmo, ainda mais se formos (e somos!) mães questionadoras, interessadas e cri-cris.
Eu com certeza estranharia um pouco a relação tão distante entre professores e alunos do kindergarten...
A escola é pública ou particular? Todas são assim? Existe comunidade de exptariados na cidade onde vc mora, para vc perguntar a outros pais?
Eu tenho uma conhecida que paga uma escola particular montessoriana para o filho em Berlim, provavelmente para fugir um pouco deste ensino alemão mais rígido.
Beijos