Falam mais alemão! E o português?

Continuamos com a mesma conduta, papai só fala com os meninos em alemão e mamãe continua com a língua materna, também seria esquisito falar alemão com eles, já que o meu é tão fluente... cof, cof, cof

Felipe e Thomas estão cada dia mais “alemães”, já que conversam entre si, durante as brincadeiras, no dia a dia mais em alemão do que em português. O que futuramente acredito que deva ser uma preocupação para nós.

Também é de se imaginar, pois o maior contato que tem é com essa língua, já que estão totalmente inseridos nessa cultura, freqüentam Kindergarten e Kinderkrippe (Jardim da Infância) todos os dias. 

Com quem falam português? Exclusivamente comigo e com as pessoas do Brasil, avós, padrinhos, tios, tias de vez em quando via skype. Além disso, o contato que tem são através de DVDs, livros de história e CDs de música.

Queremos que saibam português. Que falem corretamente, escrevam e leiam. Considerando que são crianças bilíngues pretendo fazer um trabalho de alfabetização após o conhecimento do alemão nas séries iniciais na escola. O que dizem também é que faz-se necessário um contato com certa freqüência no Brasil, viajando de tempos em tempos ou até mesmo fazendo um intercâmbio permanecendo na casa de familiares.

O que sei é que hoje em dia conversam em alemão mostrando dominarem a língua, o que de certa forma criança faz muito bem. Impressionante como tudo é mais fácil para elas! Por isso, estudos comprovam e mães de crianças bílingues também o quanto é importante que tenham contato com o idioma desde pequenos, bem pequenos, desde quando estão na barriga. Marido, por exemplo, sempre falou com eles em alemão.

Felipe com quase 6 anos de idade está falando muito bonitinho formando frases corretamente. Apresenta um vocabulário próprio para a idade, tanto que me questiona em relação a compreensão de tal palavra, substantivo: “- Mamãe, você sabe o que é uma Kirche (igreja)?” Dou risada, pois tudo bem que não falo perfeitamente, que tenho um vocabulário não muito amplo, mas o básico dou conta. Quero só ver daqui pra frente! Já pensaram quando entrar na escola? Tenho mesmo que correr para aprender e avançar ainda mais nos meus conhecimentos.

Quanto a pronúncia das palavras também está cada dia melhor. O trabalho que realiza com a Logopädie (assim como já contei anteriormente) tem surtido muito efeito. Por exemplo, palavras com R, com um som que precisa sair da garganta, tem feito maravilhosamente bem e o mais engraçado é que tem transferido isso para falar palavras com R em português.

Thomas começou a pouco tempo a formar frases. Também está numa fase gostosa de acompanhar, já que começa muitas vezes uma frase em alemão e inclui palavras em português. Com o vocabulário mais restrito faz uso de ambas as línguas para comunicar-se.

Divertido, mas juro que muitas vezes me vejo igual a ele. Falo, falo em alemão e de repente paro, falo uma palavra em português e continuo dizendo em alemão que não sei falar a palavra, que não conheço como é...

De qualquer forma, apesar das minhas dificuldades não perco as esperanças e tenho me dedicado ainda mais. 

Para as crianças o processo e a aquisição dos conhecimentos são mais tranqüilos. Agora, e o português? Sabem que já pensamos que futuramente talvez um caminho seja nós dois, pai e mãe, falarmos somente português com eles. Será o melhor?

Uma questão para pensarmos...

*Prometo fazer um vídeo do Felipe e Thomas conversando em alemão. Aposto que gostarão de ver...


imagem do Google
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Um sorriso

Ufa! O dia praticamente terminou, ou melhor, faltam poucas horas. Um dia pra lá de cansativo, no qual poderia listar inúmeras insatisfações, cobranças e preocupações que só uma mãe sabe bem como é...

Triste! Cansada! Chateada! Preocupada! Palavras que definem o meu dia. Que me definem nesse momento. Tenho tanto para fazer, para dar conta e quero tanto dormir, dormir. No entanto, estou aqui para desabafar, para compartilhar que vivo em altos e baixos. Que tenho dias maravilhosos que tudo flui muito bem; porém que tenho dias que penso que não conseguirei viver dessa maneira. Talvez nem seja tanto assim, mas sabe quando apenas um pingo transbordou o copo. Pois é... assim que estou! 

Reclamo, tem pessoas que acham que meus posts são chatos, os assuntos que trago para cá, porém sou assim. Faço realmente o que me dá vontade no momento! Realmente não dá para viver de aparências.

Após um dia de correria para dar conta da casa, do Lucas com suas dores de barriga ou incômodos, com choro, uma manha, muito dengo da parte dele. Afinal, é a forma que encontra de dizer que algo não está legal no dia. 

Com um filho com a maior crise de ciúmes dos irmãos. No qual faz inúmeras coisas para chamar a atenção encerro o dia assim:

Colocando Felipe e Thomas na cama. Fazendo uma retrospectiva do dia junto com eles. Agradecendo por mais um dia, por todas as coisas que aconteceram. Rezando e pedindo para que as coisas boas permaneçam. Conversando e tentando compreender o porquê de tantos acontecimentos, tantas birras e tanta bagunça.

Por último, perguntando para eles o que os deixaram felizes ou tristes no dia. Logo Felipe vira e diz:

“- Triste foi que o Thomas não ficou legal!”
“- Gostei e fiquei feliz quando o menino da escola do Thomas me deu tchau quando estava indo embora. Sorriu pra mim!”

Um sorriso! Sensibilidade de uma criança! O jeito de ser de cada um! Emocionou de verdade e parece que isso só veio mostrar o quanto podemos ser felizes com pequenos acontecimentos, com um simples gesto. Mostrou o quanto tudo pode ser melhor! 

E ainda para finalizar disse:

“- Mãe pode deitar com o Thomas. Hoje ele está precisando de mais um carinho!”

Por isso e outros acontecimentos chorei! Desabafei com minha mãe que está tão distante e agora estou bem melhor! Tomei um chá e agora posso dormir, ter pelo menos uma boa hora de sono.

Amanhã... um novo dia!


Outubro/2012 no Brasil! Ahhhh que saudades!!!
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Comemorar! Como não?

Parece que foi ontem que estava nas últimas semanas de gravidez do Lucas querendo comemorar o aniversário do Thomas. Passou um ano e aqui estamos com um bebê engatinhando, querendo ficar em pé para mexer em tudo e com um menino crescido que completará 3 anos de idade em março.

No ano passado, comemoramos os 2 anos do Thomas em família. Convidamos apenas dois amigos vizinhos junto com a mãe. Foi muito gostoso! Algo pequeno e uma data marcada, fotografada que ficará na história desse pequeno menino.

Agora, aqui estamos de novo as vésperas de mais uma comemoração. A princípio não faria nada, apenas um bolo para nós cinco. Além do mais, apesar de ter dado tudo certo a festa do Felipe no ano passado, foi muito trabalhosa, cansativa e prometi que não faria mais nada que exigisse muito de mim. Afinal de contas, não tenho só a festa para preparar. Vocês sabem bem, não é? Também penso que as crianças não desejam muito nessa data. Nem quero que fiquem com grandes expectativas de comemorações, de que seja uma data marcada por presentes. 

Quero que fiquem felizes! Que comemorem sim, mas com a família, com pessoas queridas fazendo algo diferente no dia, seja comer um bolo ou fazer um passeio. O importante é que lembrem dessa data, de algo especial que foi feito para eles, com carinho, com um sorriso!

Mas a mãe aqui não sossega! Logo lembra das comemorações que teve na infância. Lembra o quanto foram especiais e inesquecíveis, mesmo sendo a mais simples possível. Então decidi sozinha, pois quando coloco algo na cabeça ninguém tira (assim como marido diz) que farei uma pequena festa para o Thomas. Não dá para não comemorar! Não dá para passar em branco!

Começei a viajar pensando na decoração. Sabem por que? Porque amo decorar, amo fazer coisas manuais e valorizo muito quem faz também. Thomas está na fase de porquinhos e lobo. Toda história, mesmo que não seja a tradicional dos Três porquinhos e o Lobo mau pede para ler, quer folhear as páginas. Então, pensei que seria um ótimo tema. Conversei com ele e lógico que adorou! Começou a falar que é o Lobo, que o Felipe é o porquinho, o Lucas o outro e o terceiro ora a mamãe, ora o papai.

Por coincidência olhei alguns sites e blogs de decorações de festas. Simplesmente amei e me empolguei! Juro que jamais pensei nesse tema, mas os filhos, os filhos.... ahhhh como nos surpreendem e encantam. Transformam um gosto pessoal, numa mania e constante brincadeira para toda a família.



Então, pronto! Farei algo pequeno. Uma mesa decorada com esse tema, algumas coisinhas simples e gostosas para eles comerem. Não quero inventar muito, mas o pior é que fico vendo as forminhas, os bolos, os cupcakes, os pop cakes, enfim, tudo que é possível fazer com esse tema. Inacreditável a quantidade de coisas que encontramos...

Mas falta tempo para fazer algo assim! Falta habilidade também!!!






No entanto, tenho certeza que será uma data comemorada ao lado dos irmãos e dos pais. Agora, e os amigos? Criança que fará 3 anos de idade tem amigos? Tem contato com outras crianças! Thomas, por exemplo, brinca pouco com as crianças que freqüentam o Kinderkrippe (berçário). Pouco a pouco, tem interagido mais, volta para casa e fala de uma colega ou de outro. Mas realmente são pequenos e tudo começa daqui pra frente.

Mas pensando nisso, na socialização, no tempo que esteve no Kindekrippe ao lado de alguns colegas, convidaremos os mais próximos, que Thomas realmente faz referência. Convidarei todas as mães das crianças, mesmo porque acredito que as crianças ficarão melhor ao lado das mães e também é uma forma de conversar com algumas que já tenho um certo contato.

Não serão muitas crianças, mesmo porque dificilmente fazem festas de aniversário para crianças pequenas por aqui. Costumam mesmo comemorarem em família ou no máximo levarem um bolo no Kinderkrippe (berçário). Thomas bem menino crescido está amando tudo, tudo que conto e mostro para ele.

Então, vamos lá... organizar os detalhes que faltam para a mesa, pensar no cardápio, no que as crianças farão junto com o Thomas durante o tempo que estiverem aqui em casa.

E você caso tenha alguma ideia bacana dentro desse tema para compartilhar adorarei! Estou aceitando sugestões...

Agora diga: Vale ou não comemorar o aniversário do filho? Acho tão bom.....


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A alternativa e uma grande esperança

Lá vem ela de novo falar das escolas na Alemanha. Pois é, como educadora não tem como ficar distante, sem avaliar e pensar na proposta pedagógica do Kindergarten (Jardim da Infância). Por mais que meu filho goste e tenha uma ótima interação com as outras crianças, considero que seja importante um ambiente que não antecipe tanto os conteúdos da alfabetização ou que pelo menos incentive, disponha boa parte do tempo para o brincar, movimentar e para as atividades artísticas. 

Como as inúmeras reuniões com a professora e a coordenadora não tiveram sucesso, não houveram mudanças, pois apresenta-se como uma proposta “fechada”, no qual funciona dessa maneira e é bem vista pela maioria dos pais, resolvemos conhecer outras escolas (Jardim da Infância) da região. Não no mesmo bairro, mas em outras cidades próximas. 

Encontrei! Encontrei algo bem diferente! Tenho que compartilhar o quanto fiquei deslumbrada, interessada e apaixonada pela proposta. Encontrei queridas amigas, blogueiras, mães uma alternativa, ou melhor; A ALTERNATIVA para o Thomas e futuramente para o Lucas.

Reconheço que mudar para a Alemanha não seria fácil, muito menos encontrar logo de cara tudo de “melhor” aos nossos olhos. Levou um tempo, meu conhecimento sobre a cultura, a minha socialização também. Nada ainda é 100%. Leva um certo tempo! Correto?! Tinhamos que experimentar e dar um crédito para esse Kindergarten localizado nas proximidades.

No entanto, quero contar sobre a proposta que conhecemos, pouco comum, mas que foi ao encontro das minhas expectativas.

Vocês pensam que é uma escola Waldorf? Não! Muitas pessoas fizeram essa indicação, disseram que há inúmeras na Alemanha. Não conheço nenhuma na região. Além disso, considerando que é uma proposta totalmente antroposófica, no qual visa a formação da criança, respeitando o tempo individual de cada um, seus sentimentos, entre outros aspectos não sei o quanto estaria disposta e segura para algo assim.

É um Kindergarten (Jardim da Infância) que tem a proposta que chama-se Offene Arbeit, ou seja, um trabalho aberto, no qual o ambiente proporciona o estímulo a iniciativa própria, sem serem ocupadas o tempo todo. 

Visa deixar a criança a decidir por si o interesse momentâneo. Há ambientes organizados por vários temas, com horários definidos, regras claras, com opoio do adulto, mas com desafios diferentes que consideram as necessidades e graus de desenvolvimento individual.

Em outras palavras, o que significa? Significa que nessa proposta tem uma professora como referência, mas ambientes de trabalho divididos em quatro grandes temas: 

- Bauzimmer (sala de construção)
- Rollenspielzimmer (sala para vivenciarem os inúmeros jogos simbólicos e situações de teatro)
- Kreativzimmer (criatividade: pintura, desenho, escultura entre outras)
- Bewegungsbaustelle (movimentos, circuitos)

 A criança começa e termina o dia com a mesma professora de referência. No entanto, após o início do dia, a roda com músicas e conversa, a mesma escolhe em qual ambiente gostaria de ficar. Lembrou-me muito a proposta de cantos que acontece em muitas escolas no Brasil, só que numa mesma sala no qual as crianças chegam e dirigem-se para uma das mesas ou espaço com determinado jogo ou brinquedo. Nesse caso, a escola é configurada dessa maneira, com diferentes ambientes. Uma das justificativas é que dessa forma as crianças tem maiores possibilidades de interagirem e criarem num único espaço, no qual todos os materiais destinados as atividades de Artes estão juntos numa única sala, todos os blocos de construção também... Facilitando a interação, manuseio e diversidade no mesmo lugar.

As professoras juntam as crianças por proposta (dentro de cada ambiente) ou as separam por idade. 

Uma outra diferença é que nessa escola as crianças são agrupadas por idade e encontram-se somente nesses ambientes, formando grupos com diferentes faixas etárias. 

Adorei! Percebi que é um Jardim da Infância voltado ao ser criança, oportunizando-as a fazerem o que gostam. Brincar, correr, pular, desenhar! Tem muito espaço e tempo para isso, para viverem o que há de melhor nessa fase que se encontram...

Lógico que há algumas atividades mais dirigidas e projetos. No entanto, os projetos surgem dos interesses dos grupos. As professoras percebem os interesses através das observações que fazem enquanto as crianças brincam nos diversos ambientes.

Quero, quero muito colocar o Thomas nesse Kindergarten. Porém, precisamos esperar, fazer a inscrição na data certa e aguardar a possibilidade de uma vaga, já que dão prioridade as crianças que moram na mesma cidade. 

Portanto, torçam a favor e junto comigo para dar tudo certo!

Prometo voltar para contar tudo, tudinho e também para falar como tudo funciona vendo meu filho lá dentro participando efetivamente...

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Imitando o irmão

Parece que faz tão pouco tempo que falávamos para o Felipe:

“- Você vai ver! Logo, logo o Thomas estará maior e vocês brincarão juntos!”

Atualmente nossa fala é para o Felipe e Thomas.

“- Logo, logo Lucas estará brincando e correndo atrás de vocês!”

Já escrevi muito sobre a relação entre meus filhos e o quanto Felipe é carinhoso com os irmãos. Mas é inevitável não contar e registrar como está divertido ver Thomas e Felipe juntos.

Com uma diferença de quase 3 anos ambos mostram-se tão cúmplices e parceiros durante as brincadeiras. Fazem questão da presença do outro. Espero que essa relação de amizade continue assim...

Thomas está tão esperto, dizem até que adiantado para a idade. Conversa com Felipe em alemão, mostra compreender todos os comandos e sugestões do irmão. Ele é muito mais atirado, esperto e moleque. Não tem medo de “aprontar” e seu sorriso e olhar revelam a safadeza que fez.

No entanto, ao mesmo tempo que faz tudo isso e mostra-se muito autêntico, com um jeito de menino levado, mas muito bonzinho para Felipe e colegas, também imita e aprende demais com o irmão.

Thomas atualmente vê o Felipe como seu ídolo. Quer fazer tudo igual a ele, brincar com os mesmos jogos, comer as mesmas coisas, brigar, desafiar como o irmão. Até as falas identificamos que são semelhantes.

São parecidos fisicamente, mas Thomas parece querer mais. Hoje espelha-se no irmão para tudo. O que é natural e esperado para a idade. E o irmão? Ah ele nem liga e gosta pois fica numa posição de menino adorável, um status e tanto.

Agora até quando acontecerá isso? Logo conto para vocês, pois depois que crescem isso tende a mudar. Não? Como era com você e seu irmão (ã)?

O fato é que enquanto são crianças tudo parece ser mais fácil. De certa forma um ajuda o outro.

Por exemplo: a festa de Carnaval na escola. Felipe escolheu a fantasia de pirata. Muito confiante e feliz da vida pediu uma para nós. Thomas sem muitas possibilidades e conhecimentos optou também pela de pirata. Fazia questão de dizer que queria igual do Pepe.



Assim foi... Foram felizes para o Kindergarten (Jardim da Infância) e Kinderkrippe (berçário). Cada festa num dia, mas encorajados a vestirem e sairem com a fantasia. Curtiram juntos!

Incentivamos cada um a fazer suas próprias escolhas, compartilharem as preferências, mesmo que tenham dias que desejam serem iguais.

O bom de ter um irmão. Lembranças que ficarão...

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Coordenação motora fina e a escrita

No post de ontem contei sobre o trabalho realizado (Vorschule) no último ano do Kindergarten (Jardim da Infância). Hoje gostaria de compartilhar com vocês algumas das atividades que são realizadas dentro dessa proposta. Além de exemplificar tenho a pretensão de expor os pontos positivos e também algumas questões. Como educadora e com anos de trabalho em sala de aula no Brasil acho difícil ficar neutra na situação, sem palpitar, expor o que realmente acho dessas atividades. Apesar que vale ressaltar que tenho um olhar como mãe, professora, de alguém que está fora da sala de aula na Alemanha, longe do processo de escolaridade. Então, se por um lado tenho muitas questões, também posso estar equivocada sobre os reais objetivos do processo de ensino.

Já ressaltei o quanto sinto falta de propostas de Artes, Movimentos e Brincadeiras no Jardim da Infância do Felipe. Percebo o trabalho muito tradicional e uma preocupação com os conteúdos que antecipam a escola. De modo geral, pelo contato que tenho com amigas que já moraram aqui, com algumas que moram na Suíça e também através de outros blogs os Jardim da Infância tendem para uma proposta Waldorf, Montessoriana ou mesmo que seguem um documento curricular totalmente voltado ao respeito pelo processo de aprendizagem da criança. Dizem que a maioria estão voltadas a possibilitar o direito de ser criança em sua plenitude, incentivando muito a autonomia, porém com muitas situações de brincadeiras e artes.

Não percebo isso na escola que meu filho faz parte. Na maneira do possível, tento suprir o que considero importante que faça na idade dele.

Agora, esse trabalho de Vorschule de certa forma traz à tona tudo que até então observava e considero como tradicional. Felipe realiza brincadeiras orais de fazer rimas com palavras, brinca de telefone sem fio, de inventar histórias através de imagens considerando a sequência apresentada, ao mesmo tempo que faz atividades, por exemplo: de ligar a borboleta até a flor, fazer traços, seguir movimentos tracejados de um lado para o outro da folha, pensar e escolher traços a fim de fazer um padrão num determinado objeto desenhado (nesse caso o cachicol - vejam imagem), aprender o traçado correto dos números, entre outras.



O que vocês pensam sobre essas atividades de exercitar a coordenação motora fina? Acreditam que antecipam o processo de ensino da escrita? Que facilitam para a criança começar a escrever? Quais são os aprendizados que estão implícitos ao fazer uma atividade desse tipo? Vocês conseguem medir o aprendizado e os pontos positivos? Seus filhos também fazem esse tipo de atividade?

Por um lado dizem que contribui no processo de aprendizado, já que esse treino motor facilita a escrita, pois as crianças já experimentaram e aprenderam a fazer diversos traços e o movimento correto. Consideram que essa etapa ajudará a criança a focar no aprendizado da escrita de palavras e frases com maior desenvoltura. Conheço mães cujos filhos estudaram todo o início da escolaridade em escola com uma concepção sócio construtivista no qual realizaram esse trabalho de treino motor somente mais tarde e que percebem uma escrita "presa", com menos fluência, letras ilegíveis, sem saber traçar corretamente um número ou letra. Dizem que sentiram falta de um trabalho mais direcionado de coordenação motora fina e caligrafia.

Além disso, essas atividades favorecem a concentração da criança. Fazem com que centram o olhar, realizem uma atividade dentro de um tempo estimado e de certa forma "num tempo maior". Será que isso não é entediante para a criança? No caso do meu filho, por exemplo, percebo que gosta de fazer essas atividades, que fazem bem para ele, pois geralmente tende a fazer tudo muito rápido e sem prestar muita atenção no trabalho, nas cores que utiliza. E no caso da escola, as atividades tendem a exigir mais concentração, atenção e um tempo maior para a realização das mesmas. Então, melhor mesmo seria ter esse treino?

Agora,  penso que essas atividades podem não ter sentido para as crianças. Por que repetir o movimentos das letras, que até então são símbolos para as crianças e não fazem parte do conhecimento delas? Podem fazer por fazer, ficando cansadas com a exigência, com a repetição, sem fazerem grandes escolhas. Será que não seria possível realizar tudo isso através de boas propostas de Artes. Será que a freqüência de atividades de colagens, pinturas, desenhos e outras não incentivam esse desenvolvimento da coordenação motora fina? 

Talvez dessa maneira seja mais prazeroso, já que está no tempo de ser criança, de divertir-se com as atividades, de explorar toda sua criatividade e jogo simbólico. 

Sinceramente não consigo saber o quanto essas atividades são favoráveis ao processo de ensino e aprendizagem. Não consigo ter a dimensão do todo. Olhar para a Educação Infantil, para todo esse trabalho e pensar no processo da escolaridade.

Você já parou para pensar sobre isso? Já analisou as atividades da Educação Infantil do seu filho tendo um olhar mais específico? Tendo um olhar de mãe considerando as características e o jeito de ser do filho para saber se essas atividades fazem bem ou não?

Acredito numa concepção totalmente sócio construtivista, no qual não se faz necessário realizar atividades de coordenação motora fina para aprender a escrever. No entanto, confesso que é um grande questionamento e que gostaria de saber adiante, fazer uma análise do quanto são favoráveis e influenciam no processo da aquisição da escrita. 

Mãe e educadora com muitas dúvidas#

P.S: Agradeço os comentários no post anterior. Agradeço minhas queridas amigas Jas e Bruna que trazem tantas contribuições interessantes sobre o trabalho que é realizado na Alemanha e na Suíça. Obrigada por compartilharem o que sabem através dos alunos e dos próprios filhos.
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Preparando-se para a escola



5 anos e meio! Já, já Felipe estará indo para a escola. Faltam poucos meses para sair do Jardim da Infância (Kindergarten).

O tempo voou! Lembro-me quando chegamos na Alemanha, quando começou a frequentar o berçário (Kinderkrippe).

Hoje em dia Felipe identifica o próprio nome, dos irmãos, dos pais e de alguns amigos. Mostra um interesse grande e com prazer pelas situações de leitura. Adora folhear livros e ouvir música seguindo a letra a fim de acompanhar, antecipar e tentar decifrar o que está escrito.

Meu filho cresceu! Um tanto do interesse é decorrente da própria idade, do nosso incentivo, mas também o Jardim da Infância teve sua importância diante das descobertas e aprendizados.

Já contei muito para vocês aqui, ali e muito mais :) sobre a concepção de ensino do Kindergarten. Compartilhei o que sou contra, senti falta e o tanto que as propostas diárias são diferentes (sem entrar no mérito melhor ou pior).

Dizem que vale levar em consideração a relação que a criança tem com esse espaço e digo que Felipe foi feliz no Jardim da Infância. Aproveitou o que foi oferecido, fez amigos e desenvolve-se muito bem, dentro do que é esperado e avaliado para ir para a escola.

Porém, meu foco nesse momento não é só falar sobre os avanços que percebo no meu filho, mas compartilhar o trabalho que é realizado no último ano do Jardim da Infância. Um trabalho que considero diferente se comparado a Educação Infantil no Brasil e que suscitou muitos pensamentos no meu modo de ver tanto as propostas, como a relação do meu filho com esse momento na rotina semanal no Kindergarten.

No Brasil, por exemplo, durante toda a Educação Infantil as crianças aprendem conteúdos específicos de todas as áreas de conhecimento. Os conteúdos são considerados por faixa etária e distribuídos ao longo dos três anos. Na Alemanha também consideram isso, mas no último ano realizam um trabalho que chamam de Vorschule.

A maioria das escolas na Alemanha apresentam esse trabalho, com exceção das escolas Waldorf. O trabalho de Vorschule tem como objetivo principal fazer a transição entre o Kindergarten e a Escola (1º ano).

Geralmente acontece de uma a até três vezes na semana, no qual reunem todas as crianças com a mesma faixa etária e que estão prestes a irem para a escola. A professora, num espaço organizado (com mesas e cadeiras, nem sempre uma atrás da outra, mas já vi em fotos que também há essa configuração) as crianças realizam as mais diversas atividades, como:

- Atividades de Artes para o desenvolvimento da parte motora fina: cortar, colar, pintar, bater, descascar, enfiar.
- Brincadeiras para o desenvolvimento da concentração: escutar o sussuro de alguém, repetir, contar ou lembrar.
- Brincadeiras para o desenvolvimento do conhecimento da língua: rimas, cantos, atividades de repetição, falar ou fantasiar.
- Brincadeiras para o desenvolvimento da compreensão básica da matemática: construção, padrões, completar sequências, contar e experimentar.
- Tarefas para o desenvolvimento do relacionamento social: através de representações de papéis, jogo simbólico, receber atividades especiais (como fazer algo que foi solicitado pela professora: seguir comandos).

A diferença é que há uma situação configurada, no qual participam somente as crianças que irão para a escola. Tem como foco principal desenvolver a postura de estudante, antecipar um tanto do que acontecerá no 1º ano (escola), favorecendo que haja maior concentração durante a realização das atividades.

Para o Felipe fazer parte do grupo de Vorschule foi uma grande conquista. Adquiriu um status de menino crescido, no qual passou a trazer notícias freqüentes e fazer questão de mostrar as atividades realizadas colocadas no mural do Kindergarten.

Em casa passou a ter um interesse maior para realizar atividades semelhantes.

Abraçou realmente a fase que encontra-se e pede para ir logo para a escola. As causas? Não tenho certeza que sejam decorrentes desse trabalho de Vorschule, mas acredito que tenham haver com o tempo de Kindergarten e com o próprio amadurecimento.

Indentifiquei pontos interessantes nesse trabalho principalmente quando penso na relação positiva que meu filho tem, porém eu não poderia ser diferente, fechar os olhos para as atividades propostas e para alguns encaminhamentos. Então, aguardem que em breve volto para compartilhar minhas impressões, pontos positivos e algumas questões. Quem sabe vocês conseguem me ajudar a compreender melhor todo esse trabalho. 

P.S1: Foto enfofurada pela Luciana do Lalelilolu illustration. Agradeço! Adorei o trabalho!

P.S2: Só para melhor compreensão. Apenas uma questão de nome.

Berçário - Kinderkrippe (0 a 3 anos)
Educação Infantil - Kindergarten (3 a 6 anos)
Escola - a partir do 1ano 

PS3: Material de base sobre Vorschule (documentos na Internet e revista Mobile Elternmagazin)

Ahhhh e obrigada por todas palavras amigas e solidárias no post de ontem. Valeu mesmo!!!
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O contágio, os três filhos e uma mãe

“- Mãe quero brincar de trator junto com você!”
“- Mamãe quero jogar esse jogo com você!”
Bebê chorando e querendo mamar!

Essas últimas semanas não foram fáceis. É de se imaginar que a rotina com três filhos seja corrida demais, juntando com todo trabalho da casa, ainda mais quando não há ajuda de terceiros, a não ser da parceria dos pais.

Agora, imaginem semanas com uma onda de vírus, no qual cada hora foi a vez de um filho. Por natureza mãe já preocupa-se muito com o filho, doentes então chegam a se descabelarem. Essas semanas me vi dessa maneira. Fiquei angustiada, triste e muito preocupada. Horrível ver os filhos doentes e indispostos no sofá. Hoje parece que a onda passou e que tudo melhorou.

Atualmente não são só as doenças típicas do inverno que me preocupam, mas a dinâmica com os três filhos que apesar de apresentarem pouca diferença de idade, apresentam exigências diferentes e cuidados também.

Lucas, o menor de todos, passou a ser o boneco dos irmãos. A todo momento Felipe e Thomas querem ele por perto, cuidam dele, ora são carinhosos, mas também pegam ele pelos braços, beijam, dão a mão, seguram, colocam-o sentado quando o mesmo encontra-se em pé nos móveis. Um grude que preciso ficar olhando, atenta 24 horas por dia.

Lucas está engatinhando e adorando ficar em pé em todos os móveis e caixas de brinquedos. Gosta de ficar por perto dos irmãos, pegar os brinquedos, colocá-los na boca. Abrir porta, fechar porta, pegar tudo que teoricamente não é bom e pode machucar.

Fácil então perceber como que a onda de vírus demorou para sair daqui. Tem a questão do ambiente, mas principalmente da interação constante entre os irmãos.

Esses dias estava pensando na falta de tempo por conta dos três filhos, ao mesmo tempo que sei que essa fase passará muito rápido. Algo contraditório! Um desgaste temporário, tão intenso, mas uma vontade enorme de curtir muito e fazer o melhor.

Uma constante preocupação! Como ficar tranquila com um filho que engatinha para todos os lados, mexe e coloca tudo na boca por conta dos dentes que estão nascendo? Como ficar sossegada com o filho do meio que apresenta muito ciúmes dos irmãos e faz inúmeras coisas para chamar atenção, para querer atenção exclusiva?

Cobrança! Como conciliar todas as vontades e desejos dos três filhos? Um quer mamar, o outro brincar e o terceiro desenhar. Ou, um quer dormir, o outro quer suco e o terceiro jogar. Uma mãe que pira.

Difícil tarefa ser mãe de três. Olhar, respeitar cada um, cuidar de todos juntos. Um amor inexplicável, muito trabalho e uma exigência constante para dar conta, para ser a melhor mãe do mundo.

Olho para a situação: uma mãe, mulher e esposa. Como faz? Prioridade! Difícil saber o que fazer primeiro, em segundo lugar.

Uma fase! Uma fase que exige muito para a relação que está sendo construída entre eles. E se por um momento há desespero, há muita satisfação. Uma fase de fazer concessões, combinados, desdobrar-se e dividir-se para atender os desejos dos três filhos.

Uma mãe cansada! #desabafo#preocupaçãodemãe
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Xbox, Playstation, Wii, Tablet, Smartphone...






Sabemos que a cada dia são maiores os avanços tecnológicos. Um dia o lançamento do Wii, outro Xbox, outro da TV de Led e assim por diante. Tamanho é a divulgação e a propaganda para logo todos esses aparelhos pararem em milhares de casas.

As pessoas "investem" ou talvez "disperdiçam" dinheiro querendo facilitar a vida e ter total diversão e passatempo. Muitas vezes esquecem que sem limite pode haver mais perdas do que ganhos.

Acredito que a palavra exagero define o que exponho para vocês. Sabemos que tudo que fazemos com exagero tende a não ser bom. Comer demais, trabalhar, exercitar-se... Faz-se necessário um descanso e ter um certo cuidado.

A minha preocupação é realmente com a expansão dos aparelhos tecnológicos e com o ser criança e adolescente em sua plenitude. Em muitos dos meus posts já fiz referência ao meio social, estrutura física e condições para dar oportunidade as crianças de viverem intensamente a fase que se encontram.

Por outro lado, há o papel fundamental da família nessa orientação e educação. Cabem a nós pais mais essa tarefa, talvez difícil, mas essencial na formação da criança.

Alguns meses atrás quando estive no Brasil notei que a maioria das crianças e adolescentes tem pelo menos um video game. Além disso, a fala é constante e o desejo para ter um Tablet, video game ou um Smartphone. Enfim, a última geração dos equipamentos celulares e jogos eletrônicos. São pré adolescentes em sua maioria e podemos ouvir crianças também.

O contato que tive com crianças e pré adolescentes me deixou surpresa e um tanto incomodada levando-me a pensar como era antigamente, nos dias atuais e no futuro. Antigamente tudo era tão, mas tão diferente! Os interesses eram outros!

Hoje em dia há uma vontade incontrolável, armam uma briga com quem for, querem muito tempo para destinarem aos aparelhos eletrônicos. Mas se por um lado preocupou-me, também vi muitos pais darem limite, estipularem horários e fazerem combinados sérios quanto ao uso de tudo.

A facilidade de manuseio de todos esses aparelhos é incrível, pegam o controle remoto e rapidamente dominam o jogo. Com as telas touchscreen não há impecílio para sairem "apertando" e "clicando" em tudo.

Um aprendizado interessante, uma diversão garantida e uma preocupação por parte dos pais. Pelo menos espero que muitos tenham essa consciência e consigam colocar um limite.

Esse assunto preocupação surgiu em decorrência da minha observação no Brasil da relação do meu próprio filho quando foi apresentado para o Wii, Playstation e jogos no Ipad. Tamanho foi seu interesse. Ficou encantando, deslumbrado querendo voltar na casa de um, de outro só para jogar novamente. Até então estava de férias, numa situação ímpar, no qual deixamos sem maiores problemas.

Mas voltamos para a Alemanha e por coincidência ganhei um Ipad. Vocês imaginam o que aconteceu? Felipe passou a querer jogar, jogar e jogar. Lógico que há jogos interessantes, com estratégias diversas, que favorecem muito aprendizado. Por outro lado, não dá para ser só isso!

Percebi que o interesse do Felipe foi aumentando, aumentando... querendo a todo momento Ipad Ipad Ipad. Sei que há toda uma inocência da parte dele, que o interesse é pela diversão, pelo cenário, personagens, porém achei demais. Não esperava um interesse tão grande e por isso comecei a dizer não. Dei um basta nisso explicando que não dá para ficar somente jogando e dei outros exemplos de situações que as crianças ficam isoladas. Poxa vida só tem 5 anos de idade e penso que não pode de jeito nenhum ser assim... Como já escrevi acima, tudo com moderação, limite.

Quero que seja criança, brinque com diversos jogos, com os brinquedos ao lado dos irmãos. Não quero que interaja somente com um aparelho eletrônico. Distante, sozinho, sem interação com o outro que compartilha sentimentos, movimentos ao vivo e a cores. Fiquei completamente incomodada e acabei com a graça dele.

Será que fui radical demais? Acredito que não, pois combinamos que aos finais de semana, um pouco ao lado do pai tudo bem. Agora, sempre? Nada disso!

O limite e orientação começam desde já... Quero educá-lo para esse mundo pra lá de contemporâneo. Agora, que tarefa difícil. Sabe quando o menino começa a desafiar? Tem todo um quadro de ciúmes por conta dos irmãos, da idade, mas também ao ponto de dizer só faço isso se você deixar eu jogar um pouco no Ipad. Ahhhhhh nada disso! Isso não admito de jeito nenhum...

Continuo firme, compactuando de quem é a favor da infância e de brincadeira de criança. Tenho certeza que terá muito tempo pela frente para aproximar-se e fazer uso dos jogos eletrônicos e Is da vida.

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