Dialogando sobre amizades

Eu e a Cintia (da Suécia) nos tornamos amigas - por enquanto virtuais - através dos nossos blogs. Pelas conversas, percebemos algumas semelhanças quanto ao nosso olhar sobre amizades. Fatalmente a mudança de país desencadeou uma série de reflexões sobre nós mesmas e sobre as pessoas com as quais nos relacionamos. Para transferir a espontaneidade do nosso bate-papo cotidiano, dialogaremos em parágrafos - azuis os meus e verdes da Cíntia. Assim, tentaremos compartilhar nosso ponto de vista sobre amizades, que neste post, é feito a quatro mãos. Vamos lá?

De certa forma este post está relacionado à recente viagem que fiz para o Brasil e revela um tanto da maneira como penso ultimamente. A idéia de escrever sobre esse assunto surgiu de alguns pontos que passei a analisar. Um deles se refere ao fato de que pude realmente compreender sobre o que disse minha querida amiga Jasmin: talvez eu não conseguiria fazer tudo, encontrar todas as pessoas quando eu fosse ao Brasil. Lembrei do dia que ela falou o quanto seria corrido, que o tempo passaria rápido demais e que era realmente o caso de optar por alguns encontros e de priorizar a família. Antes de mudarmos de país estávamos cercadas de amigas, tínhamos as que conviviam diariamente e tornaram-se amigas por conta do trabalho, as de tempos atrás, da época de colégio, as que tornaram-se amigas por conta do convívio na academia, faculdade e, em outros lugares. Por circunstâncias da vida encontrávamos com elas de vez em quando, mas falávamos sempre que possível. Então, que mudamos de país e muitas pessoas que mostravam-se próximas, amigas, sumiram de repente. Por quê? Por conta da distância, de não convivermos mais com freqüência?

Eu não tenho uma opinião muito formada acerca dessa constatação, mas tenho duas hipóteses: 1- Amigo é amigo em qualquer circunstância. Se sumiu, não era amigo! 2- Uma vez eu li num livro uma frase que dizia que alguns amigos eram cometas e outros eram estrelas. Que os cometas são intensos, mas passam muito rápido. Já as estrelas são permanentes e simplesmente brilham!

Entendo perfeitamente e acredito que as pessoas tendem a se aproximar por interesse, por comodismo, por gostarem da outra, mas em fases que se encontram e, se pensarmos bem, cada hora estamos numa fase, em um momento da vida. Natural nos afastarmos de muitas amigas, afinal o contexto, a cultura, o fuso horário e tudo que envolve morar em outro país marcou e se fez muito presente em nosso dia a dia. Além disso, o fato de termos outro ritmo de vida, no qual somos responsáveis por toda a demanda da casa, por termos filhos (independente de ser um ou três), organizamos o que fazer, elencamos prioridades e passamos a perder tempo com as amigas verdadeiras, com as pessoas que valem realmente a pena, não porque há interesse, querem saber como anda a nossa vida, mas por aproximação, vínculo, carinho e dedicação. Mudamos nosso jeito de ser! Morar em outro país, conseqüentemente favorece olhar para si mesmo, para a própria vida, trazendo tombos, conquistas, sentimentos até então adormecidos, favorecendo aprendizados, mesmo que muitas vezes não sejam de imediato tão perceptíveis.

Particularmente, eu nunca fui uma pessoa popular. Faço mais o gênero de "poucos amigos". Mas uma mudança notável na minha forma de fazer amigos tem relação ao fato de morar na Suécia. O sueco corresponde em sua maioria, num ser sincero, direto, muito franco. Já o brasileiro, como bem sabemos, é aquele tipo "legalzão". Quer agradar a todos, quer ser aceito, quer fazer bonito. Eu penso logo no "Baby", aquele personagem do desenho "A família dinossauro" que repetia sem cansar: Você tem que me amar! Você tem que me amar!!!! Parece que nós, brasileiros, andamos por aí querendo que as pessoas nos amem a qualquer preço e por isso, nos dobramos para agradar a todos. Fui educada para ser assim, mas nunca gostei disso. Hoje em dia, venho me respeitando mais. Eu me permito não gostar de certas pessoas e de não estreitar os laços com elas, assim como respeito àquelas que se afastam por falta de afinidade comigo.

Também fui educada dessa maneira Cíntia. Mas sabe o que acredito? Que mudamos! Que a mudança de país, com o dia a dia, os inúmeros desafios diários para viver bem fora do nosso país de origem fez com que olhássemos para a amizade de maneira diferente. Além disso, também passamos a viver muito mais para nossa família. Hoje temos filhos e as prioridades acabam sendo outras mesmo. Tem que valer muito a pena! Tem que ter uma "liga", uma "relaçao" boa, que corresponda 99% nossas expectativas. 

Nesse caso, tratamos de um tema comum na vida dos terráqueos: tempo. Ou melhor, a falta dele. Todo mundo tem 24 horas por dia, e a diferença que notamos nas relações é como distribuímos o nosso tempo livre com os amigos. Mas quais amigos? As novas amizades do facebook? Aquela amiga de infância que o papo não bate como antes? Seriam ideais as amizades feitas pela internet, onde a gente dá atenção só quando quer? O tempo é escasso, especialmente quando se tem filhos. Urge levantarmos critérios sobre aquilo que é importante em nossas vidas. Aquelas amizades fortuitas naturalmente sumirão... Afinal, cada minuto gasto com uma pessoa que não vale a pena significa um minuto a menos com aquele amigo que merece nossa atenção.

Tempo livre? Onde? A verdade é que deixamos de fazer algo para darmos atenção ao amigo. Sendo assim, por isso mesmo que devemos rever nossos critérios para que o amigo verdadeiro, aquele que merece nossa atenção, seja correspondido.

Sabe que aprendi um tanto desde que vim para cá e a viagem para o Brasil também ajudou a lembrar de alguns acontecimentos importantes do passado, no qual tinha amizade com algumas pessoas que sempre demonstraram enorme carinho, mas que não eram tão amigos assim, faltava algo ou sentiam-se tão, mas tão amigas que se intrometiam além da conta na minha vida. Qual será o limite? Difícil para muitas pessoas.


Quanto a amizade virtual, através do facebook e do blog. Acho que tem um limite também, mas que conseguimos fazer amizades e extrapolar a simples telinha. Não acha?

Uma vez alguém disse que amizade surge sempre por dois fatores: "interesse ou prazer". Achei tão ilógico quando escutei, mas passei a ver sentido nessa afirmação. As pessoas se procuram por interesse, e muitas amizades são construídas por base única no interesse. Sabe assim: "Aquela fulana é um pé no saco, mas sabe como é, ela mora em NY e um dia eu posso precisar dela. Não vou descartá-la!" Fala sério hein Fiona. Que miséria de ser humano estamos nos transformando??? E outras amizades são as ideais (e raras), que refletem o prazer em estar junto. Quando olho para minha própria rede social, vejo hoje muito mais naturalidade que antes. Algo que deixei de fazer, foi pisar em ovos. Sabe quando você tem vontade de dizer o que pensa e não diz "prá não magoar porque o fulano não vai gostar". Essa amizade nunca será verdadeira, porque o fulano é amigo de um personagem que a gente criou para ele gostar, e não de nós mesmos. É uma armadilha que a gente cria prá si mesmo ao tentar ser "o legalzão" o tempo todo. Estamos a cada dia mais distantes de nossa essência. Sobre as amizades virtuais, acredito demais nelas. Já encontrei pessoas incríveis por aqui, mas o critério é o mesmo para as amizades reais - tem que ter afinidade, uma química e principalmente, espontaneidade.

Interesse! O que realmente interessa é mostrar o maior número de amigos, por exemplo, no facebook. Nessa rede social, há quem vê milhões de amigos, todo mundo é meu amigo! Quem considera milhões de conhecidos, já vi e conversei uma vez, então aceitei e, tem aqueles que consideram esse espaço realmente de troca e amizade, por isso só aceitam os mais próximos mesmo. Depende da importância que dão e conceito que tem sobre amizade. Tudo muito relativo! Os valores estão se perdendo...

Em 2013, eu quero continuar nessa linha de "gastar meu tempo com quem importa". Nada de agradar para parecer legal, fazer coisas que eu nem estou afim para satisfazer o desejo de outros e querer que o mundo todo me ame. As coisas nao funcionam assim. Amigos reais e virtuais recebem a mesma atencao, desde que valham a pena. E muitos valem. Estou bem feliz com o ciclo que estou fechando. Claro que o número diminuiu, mas para quem nunca foi popular mesmo, nao há o que reclamar. :)

Hoje eu também tenho total convicção de que são poucos os meus amigos verdadeiros. Em primeiro lugar estão as pessoas da minha família e as que moram em meu coração fiz questão de incluí-las também através do convite para serem padrinhos dos meus filhos. Fora essas conto nos dedos e nem chego a encher uma mão dos amigos que estão presentes, mesmo que distantes. Não são muitas, mas o bastante para me sentir acolhida e feliz! Lógico também, que não posso deixar de citar poucas, mas as virtuais. Aquelas que se aproximaram, pois também sei que valeu e que poderá valer muito a pena daqui pra frente! 

Para encerrar o ano, brindamos, brindamos aos amigos! A uma nova etapa...




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Passeios com as crianças

Estava muito claro que a viagem para o Brasil tinha como objetivo maior reencontrar a família e os amigos mais próximos. Desde o princípio não pensávamos em grandes viagens, em inúmeros passeios. Queríamos mesmo curtir a família! Sabíamos que não seria tão simples com os três filhos, pois por serem pequenos, com idades próximas, apresentam demandas bem diferentes e, por mais que deixássemos uma rotina mais maleável haveriam necessidades e interesses diversos.

De qualquer forma, lógico que três semanas antes listamos as possibilidades de passeios. Incrível, pois logo vieram nossos interesses. Eu estava entusiasmada para levar meus filhos em lugares que gostava de ir como, por exemplo, museus e livrarias. Meu marido ficou quebrando a cabeça pensando onde poderíamos levá-los para brincar ao ar livre, como: parques, parquinhos, espaços da natureza. A grande preocupação dele era que as crianças ficariam muito dentro da casa da minha mãe, entre portões trancados, sem insetos do jardim, sem muito espaço para correr.

Tínhamos que organizar essa rotina, tivemos que nos adaptar ao espaço, as condições de vida em São Paulo. Deu tudo certo! Geralmente nós criamos uma expectativa e temos uma preocupação em garantir muitas variáveis. Mas no fundo sabemos que as crianças não exigem tanto assim, que se contentam com pouco.

Nossa avaliação geral foi que as crianças aproveitaram bastante, curtiram muito os familiares, tudo de mais simples e diferente do habitual da vida na Alemanha. Entediados de maneira alguma, só se os pais ficaram em alguns momentos...

Apesar de vivermos muito tempo no Brasil, em São Paulo, de conhecermos muitos lugares nos deparamos muitos dias com o guia da Folha de São Paulo nas mãos, com a pesquisa na Internet, conversando com amigos a fim de solicitar dicas de passeios.

Nossas questões eram: onde levar os filhos? O que era mais apropriado para a idade? O que conciliaríamos entre o interesse do Felipe e do Thomas? Como gerenciaríamos os horários e necessidades do Lucas?

Por sorte tivemos a presença constante da minha querida mãe que ajudou bastante para que realizássemos alguns passeios com os meninos, ora com os três, ora com dois, ora somente com um. Então, seguem fotos de alguns passeios que fizemos com os meninos:



Instituto Butantan: Quem mora em São Paulo e nunca foi? Meu marido e eu conversamos tanto a respeito da época que nós fomos, sobre a quantidade de cobras que vimos e o quanto seria interessante para os meninos que adoram bichos.

Nesse passeio fiquei com o Lucas enquanto eles foram com o pai. Foi divertido! Ficaram entusiasmados e chegaram em casa contando tudo para os avós.



MASP: Aproveitando que teria um almoço na Av. Paulista lá fomos nós quatro para o MASP, para o parque Trianon.

A diversão já começou a partir do momento que fomos de ônibus. Isso mesmo! Meus filhos queriam a qualquer custo andar de ônibus e metrô. A única diferença foi a quantidade de pessoas. Mas eles toparam e nem perceberam um tanto de coisas que meu marido e eu notamos durante o passeio (quantidade de pessoas, trânsito).

No MASP aproveitamos para ver a exposição 600 anos de cerâmica coreana. Conversamos com as crianças sobre como fazem os potes e pratos de cerâmica. Morri de saudades da época que fazia aula, quando fazia pratos, estátuas nem tão perfeitas, porém cheias de significados.

Adoramos ver os pratos gigantes com pinturas de rostos. Mais um olhar a arte pelos meus filhos, que dizem coisas interessantes querendo tocar nos objetos.

Já no parque Trianon foi engraçado e um pouco assustador, já que meus filhos acostumados com a rotina dos parques na Alemanha chegaram e foram logo arrancando os tênis. Muitos executivos, pessoas que estavam na hora do almoço arregalaram os olhos para as únicas duas crianças felizes da vida brincando por ali.



Livraria: Livraria na Alemanha eles sempre vão, agora no Brasil, para folhear e ver livros em português foi uma outra experiência. Felipe logo escolheu alguns e foi logo para a mesa disponível. Na verdade, acho que queria mais que meu filho me acompanhasse na livraria tão adorada e que sempre freqüentava.... Como foi bom matar as saudades!



Instituto Tomie Ohtake: Lá fomos nós para outra exposição. Dessa vez nesse prédio gigantesco que chama a atenção. Pelo menos meus filhos ficaram deslumbrados olhando para o tamanho do prédio. Sei lá o que chamou mais a atenção deles...

Na exposição do Bruno Munari foi aguçada a curiosidade e principalmente Felipe ficou perguntando um tanto de coisas sobre as obras (quais eram os materiais utilizados, o nome).



Cidade das Abelhas: localizada no Embu das Artes.

Quando morava em São Paulo já tinha ouvido falar muito, porém nunca fui conhecer. Foi preciso mudar de país, ter filhos para voltar...

Pra ser sincera esperava mais do espaço, mas foi interessante, pois os meninos brincaram bastante no pula-pula, no escorregador, enfim, no parquinho.

Além disso, teve uma pequena palestra bem informativa e bastante didática para a criançada. Thomas e Felipe aproveitaram muito.



Liberdade: Queríamos apresentar alguns pontos turísticos e marcos da cidade de São Paulo. No entanto, precisaríamos avaliar o melhor horário para irmos em cada um desses pontos.

Como comentamos bastante com Felipe e eu também não perderia a oportunidade de passear pela Liberdade, de olhar para as coisas miúdas interessantes lá fomos nós. Compramos algumas coisas e Felipe achou muito engraçado o fato de ver muitas pessoas com os olhos puxados. Por que será...



Sesc Belenzinho: Exposição do Pinóquio

Tínhamos visto na internet e fiquei bastante curiosa para levar os meninos, principalmente Felipe que conhece a história, que solicita muitas vezes a leitura.

Uma bela exposição interativa. O interessante foi o fato de atender diferentes idades, trazendo significados no qual somente o adulto compreende,  uma interação e fantasia que só uma criança é capaz de lidar tão bem.

A exposição era composta de 9 salas, no qual cada uma trazia um aspecto da obra.  Vejam as fotos acima (da esquerda para a direita), no qual deixo abaixo os títulos de cada uma para você estabelecer uma pequena e sucinta relação com a história:

1) Floresta Suspensa - o carpinteiro, 2) Memória, entendimento e vontade das Marionetes, 3) Sonho Dourado, 4) MetaAmorPhosis - o vôo do Pombo, 5) Castelo de Açúcar - Ilha das abelhas operárias, 6) Paredes Avessas - País da Folia, 7) Mar Aberto - O mar, 8) Big Fish - O Monstro Marinho, 9) Sombras de Passagem - Transformação de Pinóquio

E você tem uma dica especial para nosso próximo retorno? O que geralmente considera imperdível para fazermos com as crianças em São Paulo? Conta pra mim...
 
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Tão especial quanto o Natal

Hoje é Natal! Gostaria de escrever sobre essa data tão esperada por tantas crianças e adultos, porém se tiver oportunidade quem sabe outro dia. Continuando a série de posts sobre o Brasil considero que essa data que desejo contar tenha sido tão especial quanto o Natal para mim.

Tínhamos em mente que assim que fôssemos para o Brasil o Thomas e o Lucas seriam batizados. Muitas pessoas não acreditam no ritual do Batismo e dizem que nada mais é do que um evento, uma festa. No meu caso, não sou católica praticante, mas gosto de seguir os mesmos rituais pelos quais passei quando era criança. O Batismo é um marco, um acontecimento importante perante a igreja, pais e padrinhos. Tenho ótimas recordações, adoro minha madrinha e acredito que cria-se um vínculo muito forte, praticamente familiar.

Felipe foi batizado antes de mudarmos para a Alemanha. No entanto, era mais que um desejo batizar Thomas e Lucas no Brasil. Além disso, acredito que os padrinhos precisam ser escolhidos a dedo, com grande reflexão anterior a realização do convite, pensando que deva haver uma maior aproximação e não um distanciamento. Sem sombra de dúvida, também deve haver vínculo e nem preciso afirmar que minha relação com as pessoas do Brasil é muito mais próxima.

Continuando, independente do que cada um considera ideal, batizar ou não, resolvi que tínhamos que fazer isso. Além de escolher os segundos pais para meus filhos, concretizar esse pedido seria também uma maneira de aproximar as famílias, comemorar com todos as pessoas tão queridas e presentes na minha vida. 



Agora, pensem numa mãe de três filhos, indo para o Brasil, na correria com toda a demanda tendo que organizar um Batizado. Por mais simples que pareça tem que realizar a escolha da igreja, ver as condições colocadas pela mesma em relação ao curso, data e tudo mais.

Acho que se dependesse de chegar lá para organizar tudo teria desistido. A sorte e alegria é que temos pessoas com quem contar, amadas da família que fazem de tudo para nos agradar, ajudar. Tive a sorte e, ao mesmo tempo uma cunhada, amiga, que organizou toda a parte da igreja para mim. Pude contar com ela para tudo! Agradeço novamente toda a disposição e carinho.



O Batizado foi realizado pelo Igor, recentemente nomeado padre, no qual mostrou tanta simpatia, fazendo uso de palavras belas para esse momento.

Na hora Thomas ficou com receio da ação em si, de ficar com os padrinhos. No entanto, em meu colo, realizei o grande ritual. Apesar de passar por essa situação somente mais tarde, não mais como um bebê, ficou envergonhado. Por natureza é muito apegado a nós, então não hesitou em fazer diferente. Também não forçamos a nada nessa situação! Padre respeitou e todos compreenderam...



Foi muito bom reunir todas as madrinhas dos meus filhos. Amigas, queridas, com histórias de vida tão diferentes, tão confidentes e particulares no nosso relacionamento. Favorecer o contato entre elas foi interessante, divertido, no qual conclui que fiz a escolha certa. Tive a certeza disso ao vê-las todas juntas! 



Além da querida cunhadinha, também ganhei um belo presente, melhor, meu filho Lucas ganhou padrinhos tão maravilhosos, no qual fizeram questão de possibilitar o encontro dos familiares através de uma comemoração organizada com planejamento e muitos detalhes.

Viram só as lembrancinhas? Lindas canecas para os adultos com trufas deliciosas (ahhh... a de maracujá.... ao lembrar deu até água na boca) e uma foto com imã. Para as crianças canecas diversas (planejadas de acordo com a idade) com chocolates. Para os bem pequenos tinha uma caneca com colher e biscoitinhos. Tudo muito caprichado! Nem preciso contar como fizeram sucesso. 



Um tanto da decoração para ficar registrado nesse blog o carinho, o capricho da querida madrinha pelo afilhado, por toda nossa família.



Nem preciso dizer muito sobre essa data que possibilitou tanta comemoração, tantos encontros entre os familiares, no qual ficamos pertinho dos nossos pais, IRMÃOS, tios e amigos bem próximos.  



Por fim meus filhos ao lado dos queridos padrinhos. Uma foto para ser compartilhada, colocada no porta retrato, para ser lembrada por todos nós dessa data tão especial, evidenciando o quanto somos amigos e afirmando que independente da distância nós pais faremos o que for preciso para que os padrinhos sejam lembrados, estejam presentes no coração dos nossos filhos: Felipe, Thomas e Lucas.



 Feliz Natal!
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Estreitando vínculos: do virtual para o real

Daqui um mês completarei dois anos de blog, dois anos que relato muitas vivências, aventuras da minha família na Alemanha, compartilho um tanto de angústias, alegrias e tristezas.

Nesse meio tempo passei a acompanhar muitas blogueiras, prestigiando belos textos, sorrindo pelo desenvolvimento dos filhos e torcendo para novas conquistas. Impossível não se envolver realizando comentários. Com isso, um hábito instaurei quase diariamente: ler, comentar, ler, comentar. 

Dessa maneira conheci um tanto sobre a vida da blogueira, um tanto sobre a pessoa, possibilitando a imaginação, uma percepção sobre o jeito de ser de cada uma, sobre condutas com os filhos, valores e princípios.

Tornaram-se minhas conhecidas, no qual talvez até possam ser chamadas de amigas virtuais. Digo isso, pois da mesma forma que passei a acompanhá-las, muitas visitam freqüentemente esse meu espaço, praticamente meu diário. Vibram comigo, dão dicas especiais e, acima de tudo, são muito carinhosas. 

Acredito que com a distância real das minhas amigas do Brasil isso me fez muito bem. Tanto que não foi a toa que não fechei as portas para conhecê-las ao vivo e a cores. Primeiramente conheci a Ingrid do Family Around, no qual vieram até minha casa, conversamos por um bom tempo, compartilhando um tanto da vivência de morar fora do país, das saudades do Brasil.

Depois foi a vez da Juliana do Contos de uma Mãe Pandora, no qual tive o privilégio de conhecê-la antes de ir para o Brasil. Interessante como esse hábito quase diário, aproxima, mesmo que virtualmente. Com a Juliana foi assim... passamos a trocar mensagens via facebook, continuamos sendo fiéis aos comentários no blog, até que veio o santo skype e o encontro. Foi com grande prazer que também a recebi em minha casa com sua linda família. Conversamos sobre a vida, filhos, morar fora e chegamos a conclusão que já nos conhecíamos há um tempo. Foi muito gostoso! Que possamos repetir isso muitas vezes, esse é o meu desejo!



 Considerando todos esses encontros, o quanto foi bom conhecer algumas mães, blogueiras, resolvi que me organizaria no Brasil para conhecer algumas que moram em São Paulo ou nas extremidades. A princípio cheguei a ouvir pessoas questionarem o porque de destinar meu tempo a isso, já que com três filhos seria corrido demais, que talvez devesse focar nas pessoas já conhecidas, presentes em minha vida de alguma maneira, em algum tempo.

Sabem que não entrei em discussão, medi esforços sim, pois além da vontade ser maior, também queria conhecer as pessoas que acompanho, me acompanham há um tempo, mostrando-se tão amigas, próximas no pensamento, receptivas demais. 

O primeiro encontro marcado foi com a Ilana do 1 + 1 são três e também com a Dani do Viagens de Primeira Viagem. Foi um almoço super gostoso, no qual parecia que já havíamos nos encontrado em outro momento. Conversamos um tanto sobre a vida pessoal de cada uma, sobre os filhos já conhecidos através do blog, sobre o universo materno na blogosfera. Lógico que tecemos elogios a respeito dos textos, blogs e comentários sempre tão sinceros e interessantes.

Com a Ilana antes desse encontro cheguei até a receber uma carta, no qual começaríamos uma correspondência a distância. Quem sabe retomamos essa idéia, hein? Agora que já passaram os nascimentos dos meninos, meu Lucas e seu pequeno Nicolas.

Dani, uma querida, sempre realizando comentários tão pertinentes. Destinando seu tempo, com vontade e dedicação. Adoro! 

De tudo foi uma pena não termos colocado todos os filhos juntos! A correria foi grande e não conseguimos efetivar o encontro no Parque de Toronto (sugerido pela Ilana). Na próxima vez, já fica como planejado e combinado esse encontro, certo?



 O segundo encontro foi pra lá de especial, já que as queridas Alê e se organizaram para passarem por São Paulo bem na época que estaríamos também. Foi tudo muito planejado e faziam questão de me conhecerem, ops...só eu não, a família toda. 

Não tivemos tanto tempo juntas, mas foi o suficiente para confirmar o quanto são queridas, para confirmar as hipóteses que tinha das duas através dos doces, encantadores, sinceros e interessantes comentários. Sempre trouxeram grandes contribuições, mostraram uma grande experiência em seus relatos. Sabem quando os comentários são bem vindos, que fazem você repensar sobre um tanto do que escreveu, viveu? Pois bem, essas são minhas parceiras, cheias de vida e alegria.

Adorei o encontro! O carinho com minha família! Obrigada meninas! Que possamos muito em breve nos encontrarmos novamente!



Por último, foi a vez de encontrar com a Gabriela do Tudo do Tom. Foi através dos blogs que nos conhecemos, depois trocamos mensagens, nos deparamos com a coincidência de morarmos perto na Alemanha, porém nosso primeiro encontro foi mesmo no Brasil. 

Foi uma aproximação através dos inúmeros comentários, no qual trazia um tanto da história já vivida na Alemanha, no qual a bela poesia em seus textos me encantou. Tudo tão poético, verdadeiro! 

Nossa conversa, nosso encontro também foi assim verdadeiro, repleto de aspectos comuns vividos na Alemanha, cheio de planos para um futuro próximo, com muitos encontros. E que assim seja...



Adorei todos os encontros e tive uma impressão muito boa. Foi um momento de troca muito enriquecedor, no qual as características, o jeito de ser de cada uma possibilitou muita alegria.

Por sinal, se tem alguém que também desejo conhecer e que já estamos planejando tudo, esse alguém é a Cíntia do Minha Aquarela. Uma amiga que estreitamos o vínculo através dos comentários, depois via skype... Tantos pensamentos próximos, tantas idéias em comum.  Logo, logo... Aguardem!


Por isso tudo, só tenho a agradecer o blog e todas que passam por aqui. Um vínculo, com interesses em comum, que pouco a pouco, extrapola o mundo virtual.

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Além dos muros da escola

Quando planejei a viagem para o Brasil, o que faríamos, quais seriam os passeios, tinha muito certo que iria nos espaços onde trabalhei e reencontraria as pessoas, próximas, amigas ou somente conhecidas, colegas. Um passeio que estava totalmente dentro dos meus planos.

Junto a isso pegaria as cartas de referência que havia solicitado por email. Cartas de referência que estão comigo, serão traduzidas e utilizadas provavelmente no futuro, já que fiquei sabendo que na Alemanha isso conta bastante junto ao currículo. Certeza disso? Que utilizarei essas cartas? Ainda não é certo! No entanto, vale deixar toda a documentação em ordem e fechar o ciclo, de trabalho, que parece ter continuado em meu dia a dia por um bom período. 

Assumo que foi muito difícil desvincular da vida que tinha no Brasil, do trabalho que realizava nas escolas, porém hoje tenho total convicção de que fiz o melhor para minha família e principalmente para meus filhos.

Foi importante estudar tanto, me dedicar aos cursos, ao trabalho como professora e formadora, perdendo finais de semana de passeios, optando na maioria das vezes em fazer mais e mais. Mas tudo tem um fim e hoje enxergo o quanto tudo isso foi importante para a Celi aqui como pessoa, para minha formação e princípios de vida.

Tamanho foi minha surpresa e encantamento ao ler cada uma das cartas de referência. Além de fechar o ciclo, meu tempo em cada uma das escolas, foi importante demais pois através delas retomei a posição que tive, o quanto deixei marcas. Ficou nítido enquanto lia o relato e elogio deixado por todas. Lógico que geralmente escrevem aspectos pouco positivos somente se o profissional, a pessoa deixa muito a desejar. Claro que fariam uma boa indicação. Tudo muito natural aos olhos de quem trabalhou um certo tempo numa empresa. 

Agora, independente do peso da escrita, todas foram importantes para mim. Possibilitaram que lembrasse da minha postura, do quanto fiz, me dediquei... praticamente um pontapé inicial para não deixar tudo guardado na gaveta. 

Uma maneira de olhar e pensar o quanto sou capaz. Lógico que hoje há outros obstáculos culturais, relacionados ao idioma também e a necessidade de fazer a equivalência do curso que realizei no Brasil. Tudo uma questão de tempo e possibilidades! Afinal, quem sabe do futuro?

Hoje, sem sombra de dúvida, minha maior dedicação, estudo está direcionado aos meus três filhos. Não consigo visualizar outra cena a não ser esse tempo com eles, olhando passo a passo para as conquistas e todo o desenvolvimento. Porém, significa que não foi porque mudei de país, que passei a ser mãe de três que futuramente não possa fazer algo na minha área. Não é mesmo? Tudo uma questão de tempo, momentos da vida! 

Atualmente minhas prioridades são outras e isso de maneira alguma me faz ser mais ou menos profissional, muito pelo contrário, só me trouxe mais experiências.

Carrego comigo as boas lembranças, não como era o meu dia a dia, mas o que ficou de tudo, das parcerias e contatos que fiz. Aprendi muito como educadora, como ser uma boa professora, sobre ser formadora e agradeço todas as pessoas com as quais convivi por muito tempo nas escolas. 

Reencontrá-las nesse período, no Brasil, foi muito significativo para minha história. Foi importante saber o quanto fui profissional, que colaborei para o processo pedagógico da escola, mas melhor ainda foi ver que o contato com muitas pessoas extrapolou os muros e o dia a dia. 

Por quanto tempo teremos esse contato? Sabe-se lá, mas foi o suficiente nesse momento da minha vida. Saber um pouco de como tudo continua e que há laços além do profissional. Tudo isso me fez muito bem! Tem pessoa que quando sai de um lugar que trabalhou deseja jamais voltar a colocar os pés, a encontrar com os profissionais daquele espaço. No meu caso foi muito diferente, sai em condições favoráveis, além disso, mesmo o lugar mais desafiador, difícil de conviver com algumas pessoas, foi um belo reencontro. Um reencontro para brindar o diferente e as grandes conquistas. 

Valorizo a oportunidade que tive e as pessoas que conheci em cada uma delas. De alguma forma, me incentivaram, contribuiram para o meu processo de formação e, também, aos valores que trago comigo.

Muitas desejo fazer referência no futuro! Muitas são minhas amigas do coração! Muitas foram importantes naquela época! Outras gostaria que estivessem aqui ao meu lado!


Um reencontro divertido demais! Pessoas que estavam muito perto quando tomei a decisão de mudar de país. Amigas que me apoiaram e incentivaram bastante.


Próximas demais por um período, convivemos diariamente no mesmo espaço e tivemos muitos objetivos em comum. Foi bom o reencontro! Relembramos muitas situações...


Uma grande amiga que através do contato profissional, de interesses em comum, houve muita troca e aprendizado. Trabalhamos muito pertinho, dividimos muito e hoje somos além... somos comadres.


Algumas parceiras de trabalho, amigas que contribuíram muito no meu processo de formação... Que sempre confiaram e me apoiaram...

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Família

Realmente não dá para ficar muito tempo distante dos familiares. Além das saudades, há algo maior ainda que é favorecer o conhecimento e o convívio dos meus filhos com os avós, a bisavó, tios, tias e primos. Algo tão significativo, com raízes e que apresenta uma ligação familiar.

Considero importante meus filhos saberem quem é quem, valorizarem, contarem casos, falarem a respeito. Terem esse sentimento querido e que saibam que podem contar, afinal família é família.


                                                                       Meus irmãos!

A grande verdade é que após minha mudança de país passei a valorizar mais o momento de ficar ao lado dos meus pais e irmãos. Atualmente gosto de ficar ao lado, conversar e saber tudo que diz respeito a vida deles. Talvez esteja mais madura, olhando para a vida de uma maneira diferente! Hoje faço questão de falar sobre meus sentimentos, expor meus pensamentos.

Dizem que a gente muda após o nascimento dos filhos, após ser mãe e principalmente quando ficamos distante dos familiares. Então, esses são os motivos em querer minha família por perto.


               Minha querida avó... bisavó dos meus filhos! Não era para eles conhecerem?

Apesar de saber de tudo isso, de querer que meus filhos conheçam todos confesso que não foi uma tarefa fácil. Não foi fácil conciliar o tempo com a minha família e a do meu marido.

Acredito que se dependesse dos familiares teríamos pulado igual pipoca de uma casa para outra, mas sou chata. Assumo isso e atualmente penso em primeiro lugar no bem estar dos meus filhos e lógico no meu...

Tinha toda uma organização na casa dos meus pais no que se trata da rotina das crianças, no espaço para dormir, nos cuidados com as roupas e mudar tudo seria tornar a viagem cansativa demais não só para nós pais que organizamos tudo, mas para as crianças também.

Meus filhos ainda são pequenos e precisam de referência em relação ao horário, ambiente e pessoas. Realizar muitas adaptações não estava nos meus planos. Falem o que for, mas esse é o meu jeito de lidar... Realmente queria um tanto de férias! Agora, se tive férias? Dizem que com filhos pequenos é difícil, porém minha vida foi bem mais tranqüila se comparada aos dias de hoje. Tive férias sim, pois com o apoio da minha mãe aproveitei e esqueci por um tempo muitas tarefas domésticas. Acho que foi merecido, não? Além do mais mãe é mãe e estar perto da nossa é bom demais. Geralmente a mesma faz coisas por nós que muitos jamais fariam...

Considerando isso, conciliamos os dias, as pessoas e nossos interesses.

Precisava curtir meus pais, meus irmãos e tudo que envolvia a lembrança maravilhosa desses encontros em tempos atrás.

Comer comida de mãe, churrasco de pai e cunhado, pão de queijo, caipirinha incomparável de tão deliciosa feita pelo meu pai, bolo de chocolate da irmã, fazer pedidos de compras de frutas típicas (maracujá, caju, goiaba) e especiais para minha mãe. Conversar com minha mãe, em sua cama, antes de dormir. Enfim, repetir ações freqüentes e marcantes, comer novamente o que é preferido, saboroso e traz uma história. Engordei? Claro que sim... por comer tanto, de felicidade.


              Doces saborosos da minha mãe e irmã. Caipirinha de frutas feita pelo meu pai.

Dar essa oportunidade aos meus filhos foi muito bom. Ver meus pais, meus irmãos repetirem simples brincadeiras com meus filhos não teve preço. Algo que acontecia comigo e que passa de geração pra geração.

Agora se tudo foi perfeito? Não! Vô, vó mimam demais e fazem as vontades dos filhos, dos netos, então nem preciso contar...

Mas foi um período! Algo extra a rotina como, por exemplo, comerem bolo caseiro dia sim, dia não. Sempre pensava que estávamos de férias, que muitas coisas são permitidas, que precisam ser mais leves e divertidas.

Meus filhos readaptaram rapidamente a rotina e não me cobram o que viveram intensamente ao lado dos avôs, tios e primos. 




                                                        Meus filhos com os primos!

Adoraram! Brincaram com os avôs, cada qual com seu jeitinho especial. Conviveram com os primos, com alguns mais do que com outros de acordo com as circunstâncias, pois nem sempre tudo sai 100%.  


                                        Meus filhos com a vovó... (minha sogrinha)

Hoje sinto falta de pequenas coisas que deixei de fazer com e para a família. Quem é perfeito? O que vale é que farei algumas coisas diferentes na próxima vez. Vale que todos os familiares deixaram marcas para meus filhos. Hoje não são mais desconhecidos...

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12 horas

A pergunta que não quer calar: Quantas horas de vôo? 12 horas! Um tempo considerável quando se pensa em enfrentá-lo com três crianças pequenas. Não é mesmo? Todos que acompanham o blog sabe o quanto fiquei aflita com esse momento. Conversei com muitas amigas blogueiras que já haviam enfrentado essa viagem, li um tanto na internet e me preparei com brinquedos e passatempo para as crianças. Na verdade, nem precisei pois Felipe e Thomas organizaram uma mochila contendo o essencial: brinquedos e mais brinquedos. Logo foi necessário realizar alguns acordos.

A realidade é que o momento da ida é sempre muito desafiador, há uma grande expectativa, ansiedade e felicidade. Então, vale o tempo de espera! De modo geral, meus filhos reagiram muito bem. Dormiram praticamente umas 7 horas direto. Lucas acordava para mamar e voltava a dormir. Lógico que fizeram um rodízio para solicitarem isso ou aquilo. Portanto, a finalização da viagem foi com pai e mãe totalmente zumbis. 

Há aqueles senhores e senhoras super simpáticos no vôo que sorriem, conversam com as crianças e elogiam a família. Também há aqueles que se incomodam com o choro, com a fala um pouquinho mais alta das crianças. Há aqueles que pensam: “- Nossa, que doidos esses pais! Viajam com três crianças pequenas, como podem?”



Só conseguia pensar em uma coisa: no encontro com meus pais e meu querido irmão no aeroporto. Isso mesmo! Havíamos combinado e ficava imaginando a cena, o meu tempo no Brasil. Parecia um sonho sabem... após três anos e meio voltar para a minha casa. Será que ainda seria minha casa? Bom, falarei a respeito disso no final da série de posts, pois há muitos aspectos a serem considerados.

O encontro foi mágico e digo que jamais esquecerei o olhar dos meus pais e, em especial, do meu pai ao ver os netos, a nossa família caminhando em sua direção. Como foi lindo! Piegas dizer isso, que nada! O amor fala mais alto! 

Meu irmão todo paciente, carinhoso com meus filhos. Como é bom ter um irmão assim. Porém, logo a situação dizia Bem Vinda a realidade de São Paulo, recordar o que é viver em cidade grande. Isso aconteceu assim que entramos na marginal, numa bela quinta-feira, às 7h da manhã. Conseguem imaginar o trânsito? Um absurdo! O mais engraçado de tudo foi ouvir Felipe dizer assim para o tio:

“- O que está acontecendo?”
“- É um farol?”

Até parece, meu irmão nesse momento só ria e falava que era trânsito mesmo. Esse é o primeiro aspecto que notei e senti uma diferença enorme. O trânsito aumentou consideravelmente... bairro centro, centro bairro, a qualquer dia da semana e hora.

Lucas chorou um tanto exausto com a viagem, com a mudança de temperatura. Logo chegamos, chegamos na casa dos meus pais. A aventura estava prestes a começar...



Reencontro como é bom! Aquele primeiro impacto ao olhar para os familiares e amigos queridos. Essa situação foi a primeira e a mais emocionante de todas: ver meus pais, meu irmão naquele saguão do aeroporto.

Agora, se por um lado tem o momento mais emocionante, tem também aquele mais triste que é a despedida. Ou não, talvez apenas uma maneira de dizer tchau para quem amamos tanto! Pode ser que seja a maneira como nós enxergamos a despedida. Mas que é duro, ahhh se é...

Meus pais fizeram questão de não nos acompanharmos no aeroporto. Isso mesmo! Já pensaram após um mês e meio grudado nos netos, na filha, de repente precisarem dizer tchau e ver a família partindo entre os corredores do aeroporto? Não seria uma situação fácil. Mas não foi mesmo no portão da casa deles, enquanto colocávamos as malas nos carros. 

Primeiro ver minha irmã e minhas sobrinhas indo embora de carro, após a despedida. Todas com aquele olhar de quero mais. Depois abraçar meus pais, entrar no carro e partir rumo a marginal, ao aeroporto. Chorei!


Ao mesmo tempo que chorei, fiquei pensando em tudo que vivi no Brasil, sonhando com o próximo encontro, tive a companhia maravilhosa até ao aeroporto de praticamente uma esquadrilha, de fãs, amigos queridos e padrinhos escolhidos a dedo para meus filhos. 

Sabe quando você se sente amparada e abraçada? Foi isso! Uma delícia de ajuda com as malas, de diversão até o último minuto para meus filhos. Obrigada de coração! Não sabem o quanto isso me fez bem!



Foi-se a hora, hora de embarcar! Voamos um longo caminho, com uma mãe, blogueira, filha, amiga, esposa, mulher oscilando a expressão do rosto entre sentimentos contraditórios (entre sorrisos e lágrimas). Com um fim de férias total, no qual passamos a ser o único porto seguro dos filhos. Pensando: ainda faltam 4 horas para chegarmos! Lidando com choro, com fome, nariz entupido... Agora, 2 horas e meia.... assim foi...passou....foi longo o retorno...

Mas valeu! Valeu muito a pena enfrentar tudo isso, esperar todo esse tempo para viver intensamente e novamente no Brasil.
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Demorei mas voltei!

Praticamente dois meses sem escrever no blog, sem dar notícias de como andam as coisas com o trio e como foi a viagem para o Brasil. Confesso que por um instante pensei em desistir de vez, pois sabe-se bem que há uma demanda enorme ao voltarmos de uma viagem. Tenho uma lista interminável de tarefas, porém os emails, as mensagens e comentários deixados me animaram a voltar para esse espaço único de registro.



O Natal está próximo! Com isso, sabemos que são inúmeros os preparativos. Amo de paixão essa data e por mais que não passaremos com os familiares no Brasil, aproveitamos, decoramos e curtimos muito só nós... só nós cinco.

Vale fazer de tudo desde decorar a casa, esperar presente do Papai Noel, esperar ansiosamente pelo próximo Advent, passear no frio, tomar chá quente, fazer boneco de neve, tomar vinho quente, fazer e comer bolachinhas típicas do Natal. Gosto dessa data e de tudo que envolve aproveitar ao máximo o que dá para fazer nessa época. Minha família em especial acha maravilhoso o Natal na Alemanha, as luzes, a neve, as famosas feirinhas, árvore de Natal, ficar embaixo das cobertas todos juntos se aquecendo e assistindo um filme, mesmo que seja infantil.







Agora, apesar da correria são muitas as novidades, momentos especiais vividos nesses últimos meses. Será que devem ficar apenas na memória? ou Será que merecem um belo registro? Sei que preciso contar do Brasil, de tudo que aconteceu por lá. Por isso daqui pra frente farei uma série de posts, mesmo que já tenha acontecido, pois vale, valerá falar, declarar, compartilhar o que jamais esquecerei. Afinal, foi um belo e interessante reencontro após três anos e meio. Foram muitas as surpresas e impressões...

Curiosa? Então, volta... volto logo!

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Brasil: Logo, logo o primeiro reencontro


Daqui a pouco será o grande reencontro! Mal posso esperar, pois foram 3 anos e meio longe de tudo que estava acostumada, longe dos familiares amados, longe dos amigos queridos...

Faltam poucos dias e vocês nem imaginam o que estou sentindo. Viajar para o Brasil, voltar a rever os marcos culturais da cidade de São Paulo. Olhar para o lugar que nasci, para as pessoas que me viram crescer. Se por um lado sei que matarei as saudades de muitos lugares, por outro há uma mistura de sentimentos tomando conta de mim.

Saudade, ansiedade, medo, amor, alegria!

Nesse momento, antecipo um tanto do tempo arrumando as malas e o que me move a esse trabalho, a pensar no ajuste que tenho que fazer entre toda a bagagem que preciso com a quantidade de malas é lembrar que logo, logo matarei as saudades da minha família e dos meus grandes amigos. Confesso que não sou tão prática assim para fazer as malas. Se fosse possível, amarrava uma corda nos armários e pronto, levava todos comigo.. Acho difícil conciliar, pensar nas quantidades, mesclar as roupas para corresponder a temperatura. Além do mais, só tenho que pensar por cinco... só isso! Tarefa fácil! Que nada...

Mas sinto saudades! Saudades do clima, das pessoas, dos lugares, dos encontros de família, de sentar para conversar com as amigas, das comidas, das escolas que trabalhei, das pessoas que me apoiaram tanto quando tomei a decisão de mudar para a Alemanha, dos shoppings e principalmente de comida japonesa, churrasco e caipirinha. Lógico que já comi tudo isso por aqui, que já fiz caipirinha também, porém jamais será igual, com gostinho de Brasil. Sei lá, sempre as comidas, bebidas e passeios estavam atrelados a pessoas queridas. Sabe quando você lembra de uma pessoa, logo associa os encontros que tinha em determinado lugar, com um tipo de comida. Era bom demais e quero poder viver tudo isso novamente, pelo menos um pouquinho.

Ansiedade, uma ansiedade tremenda para ver tudo que fará parte do meu dia a dia no Brasil, para sentir as impressões dos encontros que terei, para perceber o quanto o tempo passou, o quanto as pessoas mudaram ou continuam iguais. Uma ansiedade para colocar tudo na balança, o tempo que vivi no Brasil, o tempo que moro na Alemanha, para pensar no futuro. Reencontrar de certa forma é minha urgência nesse momento! Preciso para tomar decisões, para de certa forma abraçar ainda mais a minha vida na Alemanha ou não. Para confirmar um tanto de coisas para mim.

Muitas pessoas dizem, muitas amigas blogueiras que moram fora e tenho contato já me disseram que será bom demais esse tempo no Brasil. Que viveram intensamente esse primeiro reencontro e voltaram para o lugar que moram atualmente mais fortalecidas e decididas. Realmente não sei o que pensarei,  sentirei e terei vontade. A única coisa que afirmo é que hoje quero viver, desejo esse reencontro.

Para acontecer tudo isso, para aproveitar intensamente preciso primeiramente controlar a ansiedade, a ansiedade de viajar com duas crianças pequenas e um bebê. Ahhhh medo... medo de como serão as 12 horas de vôo, no qual mil perguntas estão presentes em meu pensamento, entre elas: Se eles não dormirem? Se o Lucas chorar, chorar? Se passarem mal e vomitarem? Se EU não conseguir descansar nada, nadinha? Se as pessoas fizerem cara feia para meus filhos?

Medo! Medo! Medo! Medo! Medo! Medo da loucura, correria, trânsito, violência que encontramos na cidade de São Paulo. Após esse tempo fora, vivendo num país no qual há grande porcentagem de segurança garantida e qualidade de vida tenho medo do reencontro! Sei que não é pra tanto, já que sempre morei no Brasil. Mas a gente se acostuma com tudo de bom, sem se sentir ameaçada o tempo todo ao andar pelas ruas.

Tenho medo ao imaginar o que as pessoas acharão da minha vida, da minha nova vida na Alemanha, sobre o meu jeito de ser. Sou segura, sou feliz com minha família, porém sempre há receio do olhar que as pessoas tem sobre nós. Sou simples, aprendi muito nesse tempo morando fora e quero que as pessoas continuem me vendo como aquela Celi que conheceram, só que com um novo aprendizado, uma nova experiência.

Sinto medo do arrependimento. Do arrependimento bater em meu pensamento, no meu coração. De perceber que o meu lugar é realmente no Brasil. Ao mesmo tempo, preciso sentir tudo isso e sei que não será de um dia para o outro. Levo comigo a idéia de que nada é imutável, de que tudo é possível, no qual basta acreditarmos e seguirmos em frente (total clichê). Por isso, quero olhar sempre adiante... sempre pensando no melhor para meus filhos, meu marido, para mim.

Hoje somos 5 e meus homens são meus grandes amores. Mas amor, tenho um coração enorme, tenho tanto amor pra dar. Fico sonhando, imaginando meu reencontro com pessoas que não tive a oportunidade de beijar, abraçar e ao menos conversar lado a lado. Meu pai, meus irmãos, minha avó, minha cunhada, minhas amigas.

Sei que expectativa gera expectativa, no entanto prefiro não pensar muito que esse tempo distante das pessoas pode trazer uma tristeza, uma esperança, um desejo, uma visão diferente, algo estranho no jeito de ser das pessoas, no nosso relacionamento. Irei para o Brasil cheia de amor para dar, fazendo o possível para conciliar a demanda dos meus filhos, para fazer com que as pessoas fiquem alegres. Sejam felizes!

Alegria é o sentimento que permeia minha família nesse momento! Desejo de reencontro! Por isso, preparem-se, vocês que são próximos, que gostam de nós. Coloquem tudo que há de mais marcante, de brasileiro junto de vocês e esperem pois logo, logo chegaremos....
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Cidade pequena e alguns episódios

Dizem por aqui o quanto é bom morar numa cidade com 7.000 habitantes. Que é bom, pois todo mundo se conhece, sabe demais da vida do outro. Se por um lado há o conceito propriamente de comunidade, por outro, na minha opinião, há pouca privacidade.

Já escrevi sobre isso aqui, mas a verdade é que percebo que me incomoda um pouco o jeito de ser do povo alemão, no qual apresentam fortemente um ritmo, costumes diários nos quais parecem impossíveis de serem mudados.

Sabemos a importância da rotina, da organização, mas nem sempre precisamos seguir tudo fielmente. Percebo que há pessoas na Alemanha que dificilmente mudam seus pensamentos, hábitos e horários. Uma grande rigidez para a mudança, para o novo, desconhecido.

Quando falo de costume de conhecer o outro através da rotina logo lembro de alguns acontecimentos que merecem o registro.

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Carteiro

Desde que mudamos para a Alemanha é o mesmo mocinho que entrega as correspondências. O que é natural e acredito que aconteça em qualquer parte do mundo.

Interessante ver a relação com as pessoas, no qual as chamam pelo sobrenome e sabe um tanto da rotina (horários) e costumes quando se trata das preferências para colocar as cartas ou encomendas caso não estejam em casa.

Super educado sempre que nos vê pelas ruas faz questão de cumprimentar. O mais engraçado foi o que aconteceu outro dia.

O mesmo carteiro sabendo que não estava em casa, pois acredito que tocou a campainha, tinha uma caixa com algumas compras que havia feito na Internet. Logo teve a idéia brilhante de colocá-la no terraço, dentro da caixa de areia em formato de sapo que guardamos os brinquedos das crianças. Tamanho foi a nossa surpresa quando lemos o recado que havia deixado e, em seguida, abrimos a caixa de areia.

Uma boa idéia! Foi melhor que deixá-la na porta de casa ou no correio mais próximo. Adorei!

 
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Vizinha

Há pouco tempo atrás escrevi sobre a solidariedade da minha vizinha, o quanto é simpática e gosta de me ajudar com as crianças, porém que fazia questão de ficar com o Lucas toda perfumada enquanto buscava Felipe e Thomas na escola.

A solução que dei foi agradecê-la e começar a levá-lo comigo. Dessa forma passei a evitar com que o perfume dela impreginasse no meu filho e também na casa.

Mas que nada! Parece que outro dia quis dar o troco em mim.

Estava chovendo e a mesma falou, insistiu para ficar com o Lucas enquanto buscava os meninos. Além da insistência assumo que tem dia que acaba sendo mais prático, já que considero o tempo que o Lucas muitas vezes já ficou fora de casa quando, por exemplo, fomos as compras. Senão quando acabou de acordar, além disso é um trabalho para poucos minutos, já que é só o tempo de buscá-los e voltarmos para casa. Vale considerar que a escola de carro fica a 3 minutos de casa. Então, se pensarmos pode ser que perco mais tempo colocando-o no bebê-conforto, no carro, tirando-o, colocando no carrinho e a mesma coisa na volta.

Mas querem saber tenho assumido essa tarefa. Uma forma de não depender das pessoas, ainda mais quando você volta para casa, pega seu filho e percebe um cheiro de pum na sala. Quem foi? O bebê? Não....

O preço que pago!

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Ainda a mesma vizinha

Compreendo que tem hora que não dá para segurar o pum. Agora achei demais da conta e acho melhor nem entrar em detalhes.

Uma maravilha a simpatia e o quanto meus filhos são queridos por ela. Eles também adoram a presença dela.

Trato bem, converso, ajudo sempre que posso e sou solicitada. De modo geral, nos damos bem. Agradeço, pois confesso que já me ajudou com o idioma e em algumas situações específicas com meus filhos.

Mesmo assim, gosto de manter uma certa distância, pois além da minha comunicação ir até certo ponto para a compreensão, não gosto de escancarar a porta da minha casa. Compreendem que é necessário um limite?

Outro dia tive uma surpresa. Cheguei de um passeio com minha família, num belo sábado, no qual Lucas estava aflito para mamar.

Nesse momento encontrei com a vizinha esbaforida, solicitando um tempinho da minha presença no porão onde ficam as máquinas de lavar e secar. Só para contextualizar aqui na Alemanha é comum ter mais de uma família na mesma casa. Cada família mora num andar da casa. Há o porão com espaços em comum, por exemplo, o quarto onde ficam as máquinas.

Porém continuando... mesmo sem compreender 100% alemão fui até o quartinho das máquinas com ela e tamanho foi minha indignição quando me mostrou um produto para tirar mancha de roupa. Quis mostrar o pijama e a camiseta que estavam manchadas e pediu para eu tirar a mancha com o produto.

Juro que não acreditei no pedido. Nesse momento, achei que não havia entendido por conta do alemão. Mas foi isso mesmo...

Na hora expliquei como faço para tirar manchas (que aplico tal produto, que deixo de molho etc)

A vizinha mesmo assim não quis saber. Pediu para ler as instruções do produto e me deu carta branca para usar sua máquina de lavar.

Achei um pouco demais esse pedido... o que faria de diferente dela lendo as instruções que já haviam sido seguidas por ela e também pela nora?

Com minha correria deixei pra lá, ignorei e fingi que não entendi. Após 2 dias as roupas sumiram de lá e a mesma não tocou mais no assunto.

Tem um tanto de coisas que podemos sim pedir ajuda, solicitar para o outro. Agora, acredito que tenham maneiras corretas para isso! Não dá para impor...

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O que vocês pensam sobre isso?

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Dança das camas

Todo dia penso em escrever um post. O que não faltam são idéias e inúmeros acontecimentos para serem registrados. Porém, durante o dia são diversas as atividades e a noite temos um longo tempo para fazer com que os três meninos durmam. Confesso que após a dormida dos três, dificilmente tenho inspiração e ânimo para escrever. Quero mais é um banho, dar uma espiada nos e-mails, nas novidades do facebook e dormir, dormir mesmo. Por sinal, se tem algo que aprendi nesse tempo como mãe de três filhos é que a melhor coisa que posso fazer é dormir em seguida. Descansar, pois sabe-se lá como será a noite, quem acordará primeiro na madrugada. 

Sei dessa lição, porém nunca faço, sigo fielmente. Sempre quando acordo fico com o seguinte pensamento: “- Na próxima noite dormirei mais cedo!” O dia chega, vai embora e demoro para dormir. Costumo ficar no computador, assistir um pouco de televisão, conversar com o marido e quando vejo já é tarde demais, o cansaço só acumulou. Com isso, conseguem imaginar como estou me sentindo? 

As dormidas, colocar todos na cama e as madrugadas são intensas e muitas vezes longas demais. Um momento que inicia-se quando damos o leite, Lucas mama, escovamos os dentes, lemos uma história até colocarmos todos na cama. O mais interessante é que cada um tem seu tempo diferente, seu interesse e vontade. 

Felipe, mais velho, ama ouvir uma história. Então, geralmente um de nós lemos para ele. Em seguida, logo vai para a cama e facilmente adormece. Lógico que há exceções em alguns dias, no qual conversa e brinca com o Thomas, faz questão de nos chamarmos para dizer algo, para pedir para ficarmos um pouco ao seu lado, para lembrar que esquecemos de rezar, para dar mais um beijo e, assim vai. Mas de modo geral, mostra-se cansado, já que não tira mais a soneca da tarde. Deita na cama e em questão de minutos adormece.

Thomas já exige um tanto de dedicação, de inúmeras intervenções. Geralmente vê um livro e a depender da história escuta também ao lado do Felipe, já que o interesse e o tempo de concentração pouco a pouco mostra-se maior. Após todo esse momento, parece simples dizer boa noite para ambos e sair do quarto. Engano nosso. Thomas faz questão de ficar um tempo maior conosco, já que observa que muitas vezes Lucas ainda não dormiu. Acredito que pense que também possa fazer o mesmo. Observo que está totalmente na fase dos terrible two, com irmão mais novo, no qual a mãe permanece muito tempo com o bebê. O que é natural, necessário para um bebê, porém tem feito muitas coisas para chamar atenção, para mostrar o que deseja. 

Com isso estamos na batalha diária para darmos ao Thomas o limite necessário, cedermos em alguns momentos, darmos o carinho merecido e necessário também. Tarefa nada fácil que gera inúmeros questionamentos e sofrimentos.

Cedemos muitas vezes para que permaneça conosco após a dormida do Felipe. Muitas vezes Lucas está comigo ou no processo, quase adormecendo. Temos que conciliar fazer o Lucas dormir, no qual ora está no peito, ora está no colo ao mesmo tempo em que Thomas está ao nosso lado. Minha sorte é que marido participa efetivamente desse momento, apesar de muitos dias ambos quererem somente a mãe, eu... eu... eu...

Agora, pensam que para por aqui? De madrugada tem mais.


Lucas de uma semana para cá tem acordado muitas vezes durante a noite, já que anda com uma dor de barriga daquelas. Quem me disse que após os três meses as cólicas iriam embora? Cada hora algo diferente e dessa vez o organismo está se acostumando com a comida salgada, rejeitando de qualquer maneira um legume, o bendito purê de cenoura, já que provoca prisão de ventre e a gigantesca dor de barriga. Conseqüentemente acorda uma vez a noite, na segunda para mamar, três e, em alguns dias, quatro vezes. 

Logo sonolenta pego o Lucas no berço e rapidamente vou para a sala para evitar que o choro e os gritos acordem Felipe e Thomas. Que nada! Pensam que continuam dormindo? Varia muito de dia para dia. Sempre uma caixinha de surpresa e muitas vezes asssustadora no qual, por exemplo, Lucas está mamando na sala e de repente, no escuro aparece o Felipe pedindo para dormir comigo. Nesse momento, peço para ir direto pra minha cama a fim de evitar que desperte de vez o pequeno Lucas.

Já tivemos dias no qual voltei para minha cama, após um tempo colocamos o Felipe de volta na cama dele e, de repente, ouvimos um outro choro, passos no escuro, alguém chamando por mim. Dessa vez...Thomas! Thomas fazendo o maior escândalo querendo deitar comigo. Momento seguido após acabar de deitar, voltar da mamada ou mesmo enquanto estou amamentando o Lucas na sala ou colocando-o no berço. Caos total! 

Nessa hora faz-se necessário marido entrar em ação novamente. Todo mundo acalmando os filhos. Um com dor de barriga o outro chorando, falando...

Também já vivi a situação de voltar da mamada e simplesmente encontrar Felipe e Thomas na minha cama. O que fazer nesse momento? Dormir no sofá? Dormir todo mundo junto? Comprar uma cama maior ainda para os cinco? Dormir na cama deles?

Para a brincadeira das cadeiras tornar-se dança das camas só faltaria a música... 

Brinco com essas perguntas, mas a realidade é que ao mesmo tempo que sei que é uma fase, que isso tudo passará, também dá um desespero a noite, por todo o cansaço, por querer dormir e precisar dar conta de tudo isso ao mesmo tempo. 

Três filhos, demandas diferentes e o rodízio constante em minha cama...
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Noz no pé

Já contei para vocês o quanto me surpreendi com as estações do ano na Alemanha. Realmente é adorável acompanhar a mudança de cores, principalmente possibilitar que meus filhos tenham esse contato com a natureza. Tudo isso talvez porque não tive uma infância no qual comia morango, cereja do pé, pegava folhas, pedras, frutos e sementes. Então, acho que é por isso que adoro registrar essas aventuras aqui e ali. Sempre que possível conto para vocês, não é mesmo?

Agora é época de noz, de nós ficarmos no pé, embaixo só catando as nozes que caem. Outro dia caminhando encontramos uma árvore de nozes na nossa rua. Dá para acreditar? Não foi no bosque, nem na floresta, foi bem pertinho de casa. Jamais imaginaria que na redondeza teriam tantas delícias assim... Engraçado, pois quando penso em nozes, logo penso no Natal, no Brasil, no qual sempre comprávamos apenas um pouquinho para fazer bolo, para enfeitar a mesa natalina, para matarmos a vontade e nessa época.

Agora, é fácil encontrarmos no mercado, num preço mais acessível. Então, não tenho mesmo que aproveitar? Faço isso e meu marido mais ainda. Morro de rir, pois diariamente ele retorna do trabalho com nozes na mão. A diversão do momento é caminhar e trazer nozes para casa. 

Bom, bom demais! Você também gosta de nozes? Gosta desse contato com a natureza? O que te surpreende mais nas estações do ano?  Seja na Alemanha ou em qualquer parte do mundo...Conta pra mim...


Bem pertinho! Na nossa rua uma grande árvore no qual há nozes que caem, rolam...


Conseguem ver?


Mais de pertinho.... zooommmm....

 Olhem só a quantidade... devagarinho, devagarinho estamos enchendo a cesta. Parece pequena, né?
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Duas mãos

Ser mãe de três ao mesmo tempo que é uma das coisas mais deliciosas do mundo tem também grandes desafios. Você que é mãe imagino que deva saber disso! O quanto ter um, dois, três ou mais filhos faz com que mudemos nosso jeito de ser, nossos pensamentos e ações. Após filhos sempre estamos pensando e vivendo para eles. 

Com os três confesso que não paro um minuto, que o tempo todo estou por conta de um, ao mesmo tempo de outro e, logo em seguida, do terceiro (independente da ordem de nascimento). Agora, sempre fico pensando como a natureza é sábia quando vejo que temos duas mãos e não três, quatro. Realmente me deparo fazendo na maioria das vezes duas coisas, atendendo a demanda de dois filhos. Como é difícil atender exclusivamente um filho. Quando se tem mais de um é fato que a mãe precisa se dividir, driblar, dançar, correr para conseguir dar atenção e cuidar de cada um da maneira como precisam, desejam, de acordo com a demanda da faixa etária. 

É natural que tenha um filho que precise esperar a vez, aprender rapidamente a dividir o colo e as mãos da mamãe. Fácil? Nem um pouco para o filho e para a mãe. Sofro! Tem dias que sofro muito em querer fazer mais e mais. No entanto, foi a escolha que fizemos, quisemos ter três filhos, por isso, o desafio é nosso, só meu e do marido, ainda mais que moramos longe dos familiares e me deparo muitas vezes, na maioria sozinha, sozinha para cuidar deles. 

Mas se por um lado tem muito amor, dedicação exclusiva, tem muita preocupação; por outro há bastante aprendizado.

Aprendi a lidar com as tarefas do dia a dia de uma maneira mais simples, aprendi a confiar e acreditar no que meus filhos são capazes de fazer com pouca ajuda, o que dão conta de fazerem sozinhos. Hoje há uma grande cumplicidade entre os irmãos, somos unidos e há na maioria das vezes, colaboração de ambos os lados. 

Para realizar as inúmeras tarefas preciso ser dinâmica, consciente e rápida. No entanto, nem sempre consigo olhar os três ao mesmo tempo. Por isso, confio, faço combinados e conto com a ajuda dos anjinhos da guarda. 

O choro, por exemplo, faz parte. Uma mistura de sentimentos estão atrelados ao dia a dia, uma mudança constante de humor entre eles também. No entanto, passei a olhar tudo isso de maneira mais tranqüila, vivendo intensamente ao lado deles, porém sem me descabelar o tempo todo. 

Mas imprevistos e acidentes acontecem. Sem dúvida, há momentos difíceis, no qual me deparo pensando: “- Como é trabalhoso, difícil ter três filhos, com uma diferença de idade tão pequena!” Logo, vem mais e mais preocupações. 

Por exemplo, outro dia, no qual estavam no momento do banho. Geralmente dou banho no Lucas e, em seguida, no Felipe e Thomas. Nesse dia, dei banho no Lucas, coloquei o Felipe na banheira para começar a se molhar com o chuveiro e o Thomas estava ora comigo, no quarto do Lucas, ora olhando o Felipe no banheiro.

Colocaria a roupa no Lucas para em seguida dar banho nos dois juntos (Felipe e Thomas). No entanto, sempre coloco o Thomas na banheira quando estou junto. Nesse dia, Thomas resolveu brincar, se esconder atrás da porta do banheiro e, o que aconteceu? Prendeu o dedo na porta e começou a chorar. Nessa hora pensei que estava bravo por não conseguir fazer algo desejado, quando Felipe rapidamente contou para mim. Com isso, coloquei o Lucas do jeito que estava no berço (pensando que não poderia de jeito nenhum deixá-lo sozinho no trocador), corri para socorrer o Thomas e pedi para o Felipe esperar um pouco na banheira. 

Sozinha para dar conta de três demandas diferentes no mesmo momento. Difícil demais! Nesse dia agradeci os anjinhos da guarda e pensei que há momentos que realmente estou em situações difíceis, tendo que priorizar o que é mais importante, atender por ordem, por necessidade e tudo mais. 

Filhos pequenos! Apenas duas mãos, tem hora que não sei o que é melhor fazer: socorrer ou gritar? rs rs rs

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Para finalizar...

Então que de uma hora para outra me animei novamente e me deu uma vontade imensa de continuar escrevendo no blog. Quanto tempo isso vai durar? Sei lá. Mas o que sei é que não posso deixar de finalizar o registro dessa viagem maravilhosa que fiz com meus filhos.

Além do mais outros assuntos estão em meu pensamento e estou coçando as mãos para arrumar um tempo para escrever e compartilhar com todas vocês. Porém, antes que isso aconteça quero contar um pouco sobre os aspectos marcantes da viagem realizada para a Suíça. Através das fotos tenho a pretensão de expor curiosidades e alguns acontecimentos.



Adorei passear pela cidade de Uzwil. Uma cidade pequena localizada na Suíça e que apresenta grande área verde. Lembra muito uma cidade do interior. Um aspecto bastante relevante foi o fato de ver construções diferentes entre as casas. Além disso, era muito comum encontrarmos a bandeira da Suíça pendurada nos jardim e janelas das casas. Total sentimento de patriotismo.



Entre muitos passeios realizados a pé com as crianças observamos os jardins das casas, a beleza e diversidade na natureza. Encontramos uma variedade de árvores e frutos. 



Entre os passeios realizados, um deles foi de trem para uma cidade próxima e bastante conhecida na redondeza: St. Gallen. Só o fato das crianças irem de trem de dois andares para a cidade foi uma grande diversão. Fiquei encantada com a bela paisagem durante todo o caminho, muita área verde, casas com belas construções, montanhas e pontes. 



St. Gallen é uma cidade conhecida mundialmente por seus bordados, pelo patrimônio da humanidade estabelecido pela Unesco e pela Universidade. 

O marco mais famoso de St.Gallen é a catedral barroca, ligada à biblioteca da abadia. Além disso, possui um enorme pátio no qual é surpreendente ver o número de pessoas que sentam e brincam nesse espaço.



Após conhecermos os principais pontos turísticos na cidade de St. Gallen com um olho nas crianças e outro em toda a beleza a nossa volta era hora de voltar para a estação de trem. Entre uma rua e outra tivemos a sorte de passarmos pela que apresenta um tapete vermelho. Vocês já imaginaram uma rua totalmente forrada. Pois em St. Gallen foi realizado um projeto pelo artista Pipilotti Rist e pelo arquiteto Carlos Martinez, no qual resolveram cobrir tudo com um enorme carpete vermelho. A idéia era reproduzir, no espaço público, uma gigantesca sala de estar, de forma a transformar um centro financeiro em uma área agradável para as pessoas. E vocês não imaginam a sensação gostosa que deu andar por uma rua forrada. Sabem um piso emborrachado num parquinho, pois bem era isso que parecia... Diferente, chamativo.... Um projeto chamado Stadtlounge.



Além dos pequenos passeios realizados pelas cidades de Uzwil, Wil e St. Gallen o que valeu mesmo foi possibilitar o encontro entre amigos. Um presente para mim. Um momento de fortalecer vínculo entre as crianças, entre nossos filhos. Eles aproveitaram tanto juntos, tornando-se verdadeiros amigos e cúmplices. 



Lógico que não deixaram o pequeno Lucas de fora. Divertido foi o dia no qual o mais velho teve a idéia de colocar uma espada e um chapéu no pequeno. Todos curtiam ao máximo a companhia dele.



Agora, o que faltou? O que vimos apenas de relance foi o maravilhoso Bodensee. Tanto na ida como na volta tivemos a oportunidade de passarmos por perto do famoso e esplêndido lago Constança. Para quem nunca ouviu falar é um lago atravessado pelo rio Reno e situado na fronteira da Alemanha com a Ástria e a Suíça. O terceiro maior lago da Europa Central. Uma paisagem vasta, uma sensação boa, muito boa e que dá vontade de ficar por lá. 

Lógico que é bom voltar de uma viagem com gostinho de quero mais. Da próxima vez, não perderei por nada parar no lago para aproveitar tudo que há em volta.

E que venham muitas e muitas viagens. Pois sem dúvida viajar e conhecer novos lugares ampliam os horizontes, possibilitam o conhecer, um novo olhar sobre a vida, para a vida. 
Valeu, valeu muito!!!!!!!!!!

Foto do Bodensee: fonte google
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