Na semana passada tive o apoio de muitas mães, amigas blogueiras e amigas que acompanham a minha trajetória desde quando morava no Brasil. Havia relatado um tanto das minha angústias, das minhas dificuldades e da difícil tomada de decisão quando envolve a família toda, principalmente os filhos.
Todas já sabem que a mudança não foi nada fácil para mim. Que ainda me encontro num processo de adaptação. O que acredito que seja natural... Assim espero! Como muitas disseram nos comentários desse
post, leva um tempo, tenho que dar tempo ao tempo para as coisas melhorarem. Tenho que passar a enxergar as coisas boas daqui, pois em todo lugar viveremos assim, tendo paixão por algumas coisas e por outras não. Que ninguém é completo, totalmente feliz, e que sempre estamos nos questionando, cobrando, querendo mais e mais. Muito próprio do ser humano, não é mesmo?
Além disso, que longe acabamos fantasiando, esquecemos da parte ruim e só lembramos das boas. Pura verdade! Impressionante como nessas horas sempre vem os aspectos positivos e as boas lembranças. Por um instante a gente esquece tudo que viveu, que foi chato, cansativo e que causou grande tristeza.
Lendo comentário por comentário e pensando em todos os aspectos da minha vida, atualmente observo que há muitos pontos positivos para que permaneça morando aqui. Pelo menos “hoje” estou conseguindo pensar assim.
Não foi à toa que meu marido e eu tomamos essa decisão. Afinal de contas, após o nascimento do Felipe, estava questionando a minha rotina, o meu trabalho, a atenção dada para ele e o tempo destinado para a família. Com a proposta de trabalho resolvemos arriscar, mudar.
Hoje estamos bem! Assim como já disse anteriormente. Apenas sinto saudades! Sabem como é? Saudade do almoço de domingo em família, saudade de lugares que freqüentava, dos amigos, da praia, da caipirinha, do requeijão, do maracujá e, assim por diante. Costumes, tradições que marcaram a minha história enquanto vivia no Brasil. Boas recordações!
Também não sei como seria se decidíssemos voltar hoje para lá, pra falar a verdade, nem sei se realmente gostaria que isso acontecesse. Primeiro porque tem uma série de fatores como muitas relataram (a respeito de como é viver no Brasil, numa cidade grande) e, segundo, pois consigo enxergar conquistas individuais e pontos positivos vivendo na Alemanha.
Apesar de não ter ninguém para ajudar com os serviços de casa, consegui dar conta de cuidar da minha própria casa. Pelo menos atualmente não estou mais me descabelando com a quantidade de coisas que uma casa demanda. Há produtos e equipamentos que facilitam muito o serviço. Faço uso mesmo. Dona de casa ultra prática e moderna.
Consigo curtir e aproveitar muito mais a minha família. Houve uma maior aproximação entre meu marido e eu. Afinal, somos nós, nossa família. Ele, eu, Felipe e Thomas. Uma maior cumplicidade, respeito, carinho, troca e tempo, tempo para ficar junto.
Meus filhos estão totalmente adaptados na escola. Desenvolvendo-se super bem, tem ótimo acompanhamento médico, estão cada dia mais adaptados a cultura e principalmente imersos ao idioma. Cada dia mais soltos, independentes. Também estão vivendo o tempo de ser criança de uma maneira super gostosa. Sempre penso que talvez não desse conta de propiciar um tanto do que fazemos por aqui, um tanto da relação que pode existir entre mãe e filho.
Vivemos super bem na casa onde escolhemos para morar. Tem um belo espaço para as crianças brincarem. Um maravilhoso jardim. Pouco a pouco estamos terminando de mobiliar os espaços. Estamos conseguindo olhar para outros aspectos que não seja somente organizar as coisas trazidas da mudança. Ufa, pois leva um tempo. Nem imagina!
Estamos amando o que as estações do ano oferecem para nós. Cada ano estamos aprendendo a aproveitar o que há de mais belo, o que é possível fazer em cada uma delas. Como no inverno, brincar na neve; passear parecendo um urso de tanto casacos; voltar para a casa e tomar um belo chá; na primavera observar a beleza das flores; identificar quais são os tipos, colher frutas no pé; no outono, ver a beleza da mudança de cores nas árvores; nas folhas. Enfim, em cada estação do ano há um preparo e uma diferente organização. Elas realmente interferem na rotina e no modo de vida.
Meu marido está muito bem no trabalho. Adaptado! Feliz e contente com tudo que faz, com a nossa vida.
Observo grandes possibilidades futuras de realizarmos viagens pela Europa. De ampliarmos os horizontes, conhecermos outros lugares, outros modos de vida.
Tudo isso faz a diferença quando penso em voltar ou não para o Brasil. Quero ter em mente que o tempo será o meu melhor amigo nesse momento. Quero dar mais um tempo, quero tentar ser feliz vivendo aqui. Mesmo porque tudo caminha de uma forma tão boa. Por que desistir? Como muitas pessoas já disseram, já conquistei tanto, dei conta de tantos obstáculos e, agora, que falta tão pouco vou embora.
Agora, esse pouco que falta! Sabe o que acredito que falte para avançar? Para obter novas conquistas como pessoa e na cultura a qual faço parte? Preciso realmente abraçar a cultura e o idioma desse lugar (assim como comentaram). O maior problema que enxergo hoje é não dominar totalmente o idioma, fazer um esforço para me integrar na cultura a qual posso vir a pertencer. Tudo que preciso fazer (tirar nova carteira de motorista), ir na reunião da escola dos meninos, ir ao médico sozinha, tudo que exige um tanto de conhecimento da língua, não faço!
Sempre fui muito independente, resolvi tudo sozinha, hoje sofro em pensar que preciso fazer isso, mais isso, mais isso... Um tanto que, na minha opinião, já fazia parte de mim. Que já dava conta tranqüilamente no Brasil. Entende? Hoje faço muitas coisas tendo o apoio total do meu marido. Isso tem hora que desanima, mas não posso!
Então, o mês está começando e compartilho com vocês que tentarei, tentarei abraçar o que falta para viver e ser feliz por aqui. Vocês apoiam? rs