Diversão de um, receio do outro





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O que não se faz por uma noite de sono

Ultimamente li muitos posts falando sobre a retirada da chupeta. Para algumas mães, bebês e crianças um momento mais difícil; para outras nem tanto. 

Sabemos que há inúmeras pessoas que defendem o uso da chupeta, que não vêem problema algum do bebê e da criança usar, outras que defendem filmente que é melhor não dar chupeta para a criança, por conta da dentição, da dependência, da fala e tudo mais. 

Quando tive o Felipe ouvi todas as opiniões possíveis. Saí perguntando a opinião para todo mundo, enquanto meu filho chorava a noite com cólica, chorava de dia. Demoramos para chegar a conclusão de que poderíamos sim oferecer a chupeta. Que não seria um grande erro, desde que soubéssemos o momento certo para dar e retirar. 

E foi tudo muito tranquilo dos 5 meses até os dois anos quando largou a chupeta. Felipe nunca foi muito fã. Ele gostava, mas pouco a pouco foi ficando menos tempo com ela. Também cuidamos para que fosse rápida essa retirada. Já viram crianças com quase 4 anos que usam chupeta? rs Sabemos... é fato de que quanto mais tempo com a chupeta, mas difícil a retirada, já que a criança começa a compreender, a criar um vínculo forte com esse objeto.

Mas numa boa falamos para o Felipe que ele já estava crescido e que já conseguia dormir sem ela. E assim foi...

Com o Thomas não tivemos dúvida e logo compramos uma chupeta. A partir dos 2 meses até agora  com 1 ano e meio teve a presença da chupeta em muitos momentos do dia e, principalmente, para dormir. 

Observamos que com ele seria mais difícil a retirada, já que fazia birra, chorava querendo a chupeta. Dificilmente quando estava com a mesma durante o dia deixava a gente tirá-la para fazer uma graça, conversar, incentivando o mesmo a falar e produzir sons com a boca. Nada disso! Chorava, chorava e se jogava no chão.

Passou a frequentar o Kinderkrippe (Berçário) e ter também uma chupeta por lá. Uma em casa, outra na escola para garantir o momento do sono tranquilo. Foram passando os dias, até que exatamente duas semanas atrás, num belo domingo fomos numa festa que acontece todo ano. Adivinha o que aconteceu? Perdemos a chupeta. Thomas cuspiu a chupeta e a mesma caiu no chão. Não tínhamos um estoque, então... Tchau! Tchau!

Thomas começou a dormir sem chupeta. Um dia um pouquinho de choro, outro dia também e pronto. Tadinho! Traumatizou? Posso dizer que foi muito tranquilo, que Thomas passou a não fazer questão da chupeta. Pronto. Em questão de um, dois dias esqueceu. Pelo menos é o que dá a entender.

Com isso, na escola também pedimos para não darem mais a chupeta, pois é importante manter a mesma conduta. O retorno que tivemos também foi de que Thomas dormiu bem e rapidamente. Ahhhh, maravilha!

Mas confesso que estávamos esperando para tirá-la, queríamos esperar o momento de crise e irritação passar por conta dos dentes. Thomas teve o primeiro dente somente com 1 ano e 3 meses, então agora está com todos pipocando, apontando na gengiva. Imaginaram o choro? A irritação do menino? Mas a chupeta, que acreditávamos acalmar um tanto se foi...

Por que não comprar outra? Ah, porque não está fazendo falta e não queríamos mesmo demorar para retirá-la. Enquanto calmante, vai lá. Mas agora já aconteceu... até que numa bela noite houve um deslize total.

O pai dormindo como uma pedra, cansado de um dia de trabalho; a mãe com muito sono, querendo dormir o dia inteiro, dormindo profundamente todas as noites; o filho começa a chorar, chorar, chorar, esguelar. A mãe trançando as pernas vai até o quarto, pega o filho no colo, acalma, dá carinho e ele dorme novamente. A mãe volta logo para a cama e capota de sono.

No outro dia, a mesma coisa... o filho que passou o dia inteiro irritado por conta dos dentes tem o mesmo momento de choro à noite. E o que fazer? O pai dessa vez foi até o quarto, tentou acalmar o filho e nada. Choro! Berro! Choro! Até que de repente o pai pegou a chupeta e pluft deu de novo para o filho. A chupeta que havia trazido da escola. Dá para acreditar? Como que pode? Ele vai acostumar! Vai querer sempre! Tivemos a maior discussão no dia seguinte.

Eu falando de um lado e ele argumentando do outro...rs rs rs rs Detalhe o argumento foi o sono.

Mas passou. O deslize foi uma noite só e pronto. O Thomas chorou, mas acalmamos de outra maneira, ficando com ele no colo, dando carinho. Agora, chupeta de novo... não! 

Já basta o deslize uma vez, agora duas será demais. Não acham? Afinal, ficou tão bem durante os outros momentos e mesmo durante as dormidas do dia.

Mas engraçado como às vezes a gente se pega no desespero. Uma junção de cansaço, “sono”, de querer ver o filho bem (melhor dormir, sem chorar) e pronto escorregamos... voltamos a fazer algo que havíamos deixado pra trás, algo que queríamos que fosse diferente. Questão de minuto! Agora, me diz: será que foi só o meu marido que cometeu esse deslize? Quem nunca errou, conte aqui pra mim!

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Convite de Aniversário

Lembro como se fosse ontem do primeiro convite de aniversário que o Felipe recebeu. Já morávamos na Alemanha, estava com 3 anos de idade. Tudo bem que ainda não tinha muitos amigos por aqui e que os mais próximos eram e são os vizinhos. Mas não consigo esquecer a cena do Felipe olhando o convite. Um momento de grandes questionamentos (O que é isso? De quem é? Quando que é? Deixa eu ver!) e também de muita alegria. Afinal, uma grande novidade.

Fazer aniversário é muito bom, mas ser convidado também, já que envolve encontrar com o colega, ir na casa dele, comemorar, brincar, comer coisas diferentes do que comeria na própria festa além, é claro, de ganhar lembrancinha.

Um acontecimento que marca a infância da criança, que faz de um aniversário uma grande festa e o dia mais esperado. É aquele envolvimento. Uma vontade que chegue logo, tanto que a visita passa a ser constante no calendário (mesmo não entendendo quantos dias faltam, se será hoje, amanhã ou semana que vem). 

Felipe ficou super animado e entusiasmado com o grande dia. Hoje com 4 anos continua vibrando e pulando de alegria com cada convite que recebe. 

Mas a mãe o que pensa quando o filho recebe o primeiro convite? Que bom! Que momento de alegria! Que legal agora meu filho começará a frequentar as festas de aniversário. Vixe começou a dor de cabeça de ter que comprar presente. Podem ser inúmeros os pensamentos, os meus na hora que peguei o primeiro convite foram: meu filho ainda é muito pequeno para ir sozinho na casa do colega (mesmo sendo vizinho); que se precisasse de alguma ajuda para ir por exemplo ao banheiro como seria; será que comeria direito; saberia se comportar; será que ficaria sozinho, sem a presença dos pais?

Achei cedo para o convite, mas na verdade havia esquecido que estaria perto de pessoas de referência, que estaria do lado de casa. Afinal, um grande passo no crescimento, ficar sozinho na casa de um colega, com outras crianças, tendo que mostrar um tanto do que já sabe fazer sozinho. Ou senão, tendo que pedir ajuda. 

Deu tudo certo! Mas juro que fiquei com o sentimento de como assim meu filho tão pequeno distante de mim. Deu um aperto no coração. Mas um dia teria que enfrentar esse acontecimento.

Atualmente os convites são mais frequentes. Já estamos acostumados. Felipe continua adorando os convites, olhando mil vezes cada um que recebe, pede para nós marcamos a data no calendário, recorre sempre a ele solicitando nossa ajuda para contar quantos dias faltam, sugere idéias do que podemos comprar de presente (geralmente o que gosta de brincar), se arruma rapidamente para ir para a casa do colega (algo que surpreende, já que diariamente precisamos pedir uma, duas, três vezes para colocar a roupa e calçar o tênis).  

Fico encantada vendo meu filho tão alegre com o convite recebido por um colega. Gosta tanto de ir na casa do colega (seja para brincar ou mesmo no aniversário), que geralmente diz: “-Mami, vem me buscar bem tarde, só na hora que acabar a festa!” Posso com isso? Já mostra que tem para quem puxar, adorando ficar na rua, brincar com os colegas, passear...

Outra situação que marca bastante pelo menos para nós que somos mãe é quando o filho é excluído de uma festa de aniversário. Já aconteceu isso com seu filho? Ainda quando são pequenos muitas vezes não ligam para isso, mas um pouquinho crescidos deixa mágoas. Não é mesmo?

Ainda não aconteceu com o Felipe, mas outro dia aconteceu com o colega (vizinho). Felipe recebeu o convite para ir no aniversário do colega da sala e nós acreditávamos que o vizinho também fosse na festa. Comentamos que ele provavelmente fosse já que frequentemente brinca com a criança aniversariante, que um costuma ir na casa do outro em dias comuns. E tamanho foi a nossa surpresa quando o Felipe contou que o vizinho não apareceu no aniversário. Na verdade, não foi convidado. Uma situação estranha para a relação que há entre as crianças. 

Fiquei pensando na possibilidade da criança ter escolhido somente 5 amigos, já que faria 5 anos de idade. Outra possibilidade foi a mãe ter deixado a criança escolher, sem interferir no momento. 

Muitas vezes os pais priorizam as condições que tem para uma festa de aniversário. Outras vezes limita a quantidade de colegas. Mas para nós é importante pensar realmente nessa data, nos colegas e condições que temos para fazer uma festa. Afinal, criança é criança! Sente falta, comenta, chora e não entende os porquês.


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Espalhe a Magia!


Conheci o Espalhe a Magia através da Camila Colla Duarte Garcia do Mamãe Tá Ocupada! Comecei a ler diariamente os posts. Virei fã, assim como de muitos outros blogs,  tanto que não foi à toa que no mês de agosto fui premiada e ganhei um livro personalizado. Veja aqui.

Agora, fui convidada pelo Pedro Concy do Espalhe a Magia para escrever contando sobre a magia de viver fora do país com dois filhos. Adorei o convite e hoje é o dia de compartilhar com vocês.

Não deixe de conhecer o blog, não deixem de prestigiar... Afinal, há também um tanto de encantamento e descobertas em morar fora do país de origem.

http://www.espalheamagia.com.br/2011/09/26/magia-de-viver-fora-do-pais-com-os-filhos/
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Reação - Parte I

“- Mami você precisa comer muito para sua barriga crescer muuuuito e sair uma menina”.

“- Mami quero que nasça do meu tamanho. Não quero que nasça do tamanho do Thomas”.

Nem preciso contar de quem foram essas falas. Não é mesmo?

No começo perguntei para o Felipe se ele gostaria de ter outro irmão ou irmã. Logo respondeu: “- Não quero Mami!”

Depois de alguns dias perguntei novamente para o Felipe. O que você acha de ter mais um irmão para brincar? E dessa vez: “- Brincar comigo igual o Thomas? Eu quero!”

E você gostaria que fosse um menino ou uma menina? Nessa hora Felipe ficou quieto. Falei das amigas com quem brinca frequentemente na escola e do próprio irmão. Logo respondeu: “- Menina!”

Já o Thomas ficou olhando quando o Felipe contou a novidade. Um pouco cedo! Mas...já, já terei muito o que contar sobre as reações dos pequenos. Não acham?

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Saudade!

Que saudades de escrever no blog. Parece que já faz um mês que estou longe. Que saudades das amigas.

Não pensem que sumi só porque estou grávida. Não! Não! Não!

Apenas estive na maior correria, meio indisposta, morrendo de sono, tendo que estudar muito, entre outras coisas.

Mas estou morrendo de saudades de visitar todos os blogs. Todos que adoro! Que comento sempre, sempre... Quero saber das novidades, quero comentar, quero ver os últimos vídeos e, assim vai... Ver as mães que apareceram no Mamatraca, no Minha Mãe que Disse...

Então, não estranhem se aparecerem alguns comentários em posts antigos do seu blog, melhor; posts do início da semana. Tá?

Mas é um quase um vício. Ou será um vício? A gente vira cúmplice, quer acompanhar passo a passo.

Que saudades!
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Gravidez: A confirmação

É isso mesmo... estou grávida! Uma mistura de surpresa, alegria, preocupação e um tanto de sentimentos e enjôos (rs) que chegam junto com a notícia. 

Para quem acompanha minha história sabe que me tornei mãe aqui na Alemanha. Isso é o que eu acho! Mãe no sentido mais amplo da palavra, já que passei a olhar e cuidar do meu filho com toda dedicação, tendo todo o tempo exclusivo para isso. Foi aqui que abracei a maternidade de verdade, já que antes tinha apoio da família e empregada. Desde então só aumentou o meu amor e alegria em ter filho, tanto que após um mês vivendo na Alemanha engravidei do Thomas. Uma alegria sem fim. 

Apesar da distância das pessoas amadas e queridas do Brasil formamos nossa família. Nós quatro, só nós quatro. Hoje vivemos com saudades, mas cada dia pensamos mais na nossa vida, no nosso futuro.

Após o nascimento do Thomas, mesmo com todos os contratempos e adaptação a cultura, sempre conversávamos sobre ter ou não mais um filho. Tanto que a ideia já vinha rodeando, perseguindo meus pensamentos, veja aqui e ali. Pois sabemos que geralmente o que é bom sempre ficamos com vontade de mais. Não nos contentamos com tão pouco.

Mas mesmo sendo bom, valendo muito a pena, sempre há outros aspectos a serem considerados e colocados na balança. E aqui não foi diferente! Foram muitas conversas, no qual a indecisão sempre finalizava com peso maior. Afinal de contas, sempre há inúmeras metas quando muda-se de país e de casa. Parte financeira, mobiliar a casa, viajar pela Europa, visitar a família no Brasil, dar do bom e do melhor para os filhos, abraçar a cultura onde vive, estudar alemão, ter um tempo para fazer coisas que gosta...

Enfim, sempre pensando, pensando, conversando e sem chegar a qualquer decisão. Ora finalizamos concluindo que seria melhor daqui uns anos, falávamos que daqui alguns anos desistiríamos, ora que dois filhos está bom demais. Mas e a possibilidade de ter uma menina? E a possibilidade de ter uma família grande? Um novo bebezinho em casa? Coisas da minha cabeça e do marido também.

O tempo correu desde abril (já que decidi parar de tomar pílula) enquanto isso pensávamos e decidíamos se colocaria o DIU. Mas nesse meio tempo aconteceu.

De repente, me vi com alguns dias de atraso. Marido viajando a trabalho. E agora? Bom, lá fui eu comprar o teste na farmácia junto com o Felipe e o Thomas. Mamãe, o que você precisa comprar? (Felipe curioso! rs) Ah, a mamãe vai comprar um remédio. É rápido (contaria a verdade para ele? Melhor não! E se fosse só uma hipótese?)

Voltamos para casa e no dia seguinte fui para o banheiro junto com o teste. Eu e ele, mais ninguém. Na verdade, já estava com pressentimento de que seria positivo. Pois bem me conheço e sei que das outras vezes também foi assim. Atrasou e logo já me vi como uma mulher grávida. O teste, ah o teste fez com que eu ficasse com um pouquinho de dúvida, já que o primeiro tracinho apareceu forte e o segundo bem fraco. Será?

Nesse meio tempo falei com o marido que estava na maior expectativa. Então, como faltavam apenas 4 dias para voltar de viagem resolvi esperar. Esperei na maior tranquilidade, pois afinal de contas já tinha acontecido (e acho que fiquei assim por ser a terceira gravidez, pois dúvido que se fosse a primeira ou mesmo a segunda, agiria dessa maneira. O que você acha? faria nessa situação?) Marido chegou e no dia seguinte fomos novamente comprar o teste. O primeiro teste fiz na sexta, já estávamos na semana seguinte, quarta feira, e só fiz na quinta-feira quando confirmou por completo. Os dois tracinhos apareceram fortes e bem nítidos para quem quisesse ver.

E qual seria o próximo passo? Pular de alegria, comemorar, fazer cara de surpresa, chorar de emoção? Quase, mas antes ligamos rapidamente para a médica. Queríamos mesmo era uma consulta. Por que? Para confirmar e ver através do ultrasom.

E qual foi a nossa surpresa? A médica sairia de férias no dia seguinte. Mas pede aqui, reforça ali e conseguimos um encaixe. No dia seguinte fiquei sozinha no consultório enquanto o marido foi ao supermercado com os meninos. Fiz exame de sangue e o bem vindo ultrasom. Confirmou! Realmente estava grávida. Saí do consultório com a primeira foto do ultrasom, mostrei para o marido e comemoramos, pra falar a verdade demoramos para acreditar. Não imaginávamos que seria assim, mas aconteceu. 

Tamanho foi a surpresa e alegria. Agora, uma nova etapa, novos pensamentos... 

E a vida é assim, não é mesmo?

Quero agradecer imensamente os parabéns de todas as amigas! Como é bom!!! Fiquei tão feliz!!!

Agora, aguardem pois em breve contarei como Felipe reagiu diante da novidade. Muito divertido!

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Adivinha!


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Fui dar uma volta. Vão também!

Recentemente fui convidada para dar uma volta. Uma só não, duas voltas. Primeiro fui convidada pelo marido e depois, mera coincidência, pela amiga Dani do Balzaca Materna. Não tive escolha, já que foram convites imperdíveis. Agora, quero contar para vocês!

Lá no Balzaca Materna aproveitei para contar sobre o passeio que fiz com o marido e as possíveis conclusões. Uma voltinha que ressaltou inúmeros pensamentos e indagações sobre o tempo, sobre as diferentes fases da vida.

E aqui deixo registrado o quanto fiquei feliz pelo convite da Dani. Fazer parte do cantinho dela, tão especial, com posts tão reflexivos e questionadores é realmente uma honra. Agradeço de coração a voltinha! Valeu!

Mas falta você, vocês! "Vão! Qualquer coisa eu..."

http://balzacamaterna.blogspot.com/2011/09/fica-hoje-tem-nova-vida-vida-nova-por.html
   

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Arte na Escola II

Não vou desistir de tentar entender algumas coisas que acontecem na escola (Kindergarten – Educação Infantil). No último post que contei vários casos sobre as propostas de Arte muitas de vocês me apoiaram, dizendo que não sou nada cri-cri. Ao mesmo tempo, disseram para desencanar, para pensar que há muitas formas de intervir em casa, de favorecer avanços na criação e na área de Artes com o Felipe.

Concordo com muitas idéias apresentadas, acho que não é o fim do mundo (quase lá...rs). Mesmo porque aprendi de uma forma totalmente diferente, na época que tinha propostas de desenhos mimeografados. Lembra disso? Hoje estou aqui, mas confesso que não sou totalmente criativa, percebo que não tenho um traçado solto e um repertório grande de idéias.

Não desejo que meu filho seja artista. Apenas quero que desenvolva o lado criativo, que possa se expressar através da Arte. E sei que para isso precisa haver incentivo, oportunidade, contato com a Arte e com um amplo repertório de imagens. Posso fazer a minha parte, mas também quero que a escola faça o papel dela, tenha argumentos, seja coerente com as propostas e respeite a produção individual de cada criança.

Da maneira que Arte é apresentado para ele tenho a impressão que só haverá técnicas de desenho. Mais nada. Por isso, minha preocupação. Vai além da área de Arte, vai na formação do meu filho, mesmo que só tenha 4 anos de idade. 

Percebo que na Alemanha as coisas já são mais estruturadas, mais sistemáticas de alguma forma e não gostaria de ter um pequeno “militar” em casa. Entende? Talvez esteja exagerando um pouco, mas realmente me preocupa a maneira como ensinam. Não quero que fique preso a modelos e as técnicas para fazer um desenho. Já foi o tempo, não?

Também não estou pedindo solução imediata para isso. Sei que o contexto é outro, que dificilmente mudamos algo que já está enraizado e quase enterrado. Algo forte na cultura de um país. Mas tenho o direito de expor minha opinião, de dizer um tanto que me incomoda e não fechar os olhos para algumas coisas. Pois olhe isso! Compartilho com você...

O que pensa? O que enxerga nesse desenho? (A foto não saiu perfeita, mas dá para ter uma ideia)


a) Nada
b) Um desenho praticamente apagado
c) Um desenho feito com material inapropriado para a idade
d) Um desenho cuja criança apresenta um traçado fraco, leve
e) A escrita da professora
f) Nenhuma das alternativas acima
g) Outra alternativa

Cheguei na escola e logo vi esse desenho no mural. Havia um desenho de cada criança do grupo e todos eram sobre o mesmo assunto: O que você fez nas férias? Já que estava escrito, observe no rodapé da folha.

Em cima, no canto direito o nome da criança e a data. No meio, espalhado por toda a produção a nomeação de cada elemento desenhado pela criança.

Agora, a minha pergunta é: Pra que? Por que escrever na produção da criança? Assim como a resposta do meu marido: Ah, para os pais saberem o que a criança desenhou. Ahhhh, e a mesma não pode contar o que fez? 

Tanto que imediatamente, enquanto estava olhando a produção das crianças Felipe se aproximou e começou a dizer: Olha mami! Olha o meu desenho! Aqui é uma “casa” (casa? Todas as crianças desenham casa), aqui sou eu, a vovó, aqui é a porta (detalhe: ele mostrou a porta, mas estava escrito janela). Enfim, orgulhoso mostrou o desenho das férias. Ele brincando com a vovó. Na hora super validei a produção do meu filho, mas fiquei pensando em uma série de coisas. Natural, não?

Primeiro porque a necessidade da escrita, se ele soube me contar tão bem o que tinha feito. Na minha opinião, a escrita do adulto invade a produção da criança, desconfigura tudo que havia feito. Perde o sentido. Uma intervenção desnecessária. Ao mesmo tempo penso que se quer escrever, então escreva, mas atrás e não no meio do desenho da criança.

Outro aspecto que chamou minha atenção é o fato de terem oferecido lápis de cor para o desenho. Não é totalmente ruim, mas desde que não seja sempre. Mesmo porque vamos pensar nas crianças, elas adoram cores e de preferência as que apareçam no papel. Acho que perde o encanto, a vontade de desenhar com lápis de cor. Além do mais, as crianças precisam ter firmeza para segurar o lápis, para traçarem de maneira que apareça. Felipe, por exemplo, apresenta um traçado que não é firme, definido. Está aprendendo a desenhar! Certo? Então, por que não estimular ora com um material, ora com outro?

Percebo a frequência dessas propostas (escrita na produção, presença constante do lápis de cor, uso somente da folha sulfite). Por isso, questionarei a professora. Cheguei no limite. Mesmo porque noto uma diferença de conduta entre as três turmas. Quero saber os reais motivos dessas propostas. Pelo menos para entender um pouco, aceitar, continuar discordando de algumas coisas ou discordar de vez, de tudo, para procurar outra escola.

E detalhe, já comecei a me informar sobre escola Waldorf. Será que estou sendo muito radical? Sei de um tanto de escolas na Alemanha que apresentam essa proposta, porém na região onde moro não é tão comum. Mas juro... ando pensando seriamente sobre a educação dos meus filhos.
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Praia? Rio!

O verão está chegando ao fim. Mas nós continuamos aproveitando o resto dos dias quentes e com sol.

Então, que todo mundo na cidade onde moro começou a falar de uma tal de prainha. Os vizinhos, as mães da escola do Felipe e assim vai... Pois sabe como é cidade pequena. As notícias se espalham.

Todos dizendo que é super gostoso, que dá para tomar sol, tomar banho no mar, cof, cof, melhor; no rio. 

Sendo assim, decidimos conhecer essa tal de prainha. Realmente foi organizada esse ano pela prefeitura. Eles arrumaram um espaço na área verde, colocaram areia e tem uma espécie de ilha de pedras. As pessoas realmente acampam, tomam sol, banho no rio e as famílias se divertem muito. Nem preciso falar sobre as crianças, o quanto elas adoram!

Pra não sermos diferentes, resolvemos conhecer a prainha. Vimos pessoas com barracas, com cestos de piquenique, mulheres com biquínis enormes, pequenos. Agora, o que mais chamou minha atenção foi ver como as pessoas são desencanadas. Mulheres trocando de roupa ali mesmo e crianças peladas. 

Sei lá o que você pensa sobre isso. Mas minha criação não permiti esse desprendimento, não ser inibida ao ponto de mostrar o próprio corpo, ao vivo e a cores, para um tanto de pessoas. Além disso, penso que não é o lugar mais limpo do mundo para deixarem as crianças colocarem o bumbum na areia, para mergulharem na água, sentarem na areia... Sei lá! Mas cada mãe é cada mãe. Na minha opinião, não custa nada colocar um biquíni, um shorts ou uma calcinha. 

Meus filhos aproveitaram bastante. Felipe adorou brincar na areia e mergulhar com o pai. Já o Thomas preferiu tomar sol, observar as pessoas e os barcos que passavam no rio. Não quis saber nem de molhar o pé na água gelada. Gelada mesmo! Nem imagina! (Ah, posso contar uma coisa: Thomas teve a quem puxar, pois não sou fã de água gelada, não mesmo! rs)




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Seguir adiante

Quando nós temos um único filho a gente se dedica e passa a fazer tudo para ele, por ele. Por mais que a gente conheça aquela velha história de deixar a criança ser autônoma, adquirir independência, aprender a fazer tudo sozinha; sempre estamos querendo ajudar, muitas vezes inconscientemente, mas quando vimos já fizemos. 

Às vezes é uma vontade de vê-lo pronto e arrumado. Por uma questão de organização da própria mãe. Outras vezes e, acredito, que na maioria, pelo tempo. Tempo o nosso inimigo muitas vezes. Ele acelera tanto e faz com que sejamos rápidas demais, quando vimos já vestimos, já penteamos o cabelo, organizamos os brinquedos por ele. 

Quem dá um breque nessa situação toda é o pai. Ele sim, assim como a Sarah relatou muito bem no MMqD, age muito diferente das mães, diz muitas vezes para o filho: vai, tenta e faça do seu jeito. Pai tem outro tempo, consegue se desprender rapidamente da situação, consegue olhar adiante, soltar mais o filho (afinal, ele não tinha o filho na barriga, não precisou cortar o cordão umbilical). Sei que a relação é diferente, literalmente ele tem mais facilidade de colocar o filho voltado para o mundo, para seguir adiante.

Quando temos outro filho todo olhar e atenção passa a ser dividido. Tanto pela mãe, como pelo pai. E há um grande aprendizado nisso tudo, já que antes fazia tudo para o filho, tinha todo o tempo para isso e não havia contratempos e, muito menos, um irmão menor precisando de ajuda e mais atenção no momento. Lógico que deve haver um cuidado especial para equilibrar a atenção dada para ambos. Exige da nossa parte uma percepção para saber realmente quando um filho requer mais que o outro, quando um deles consegue fazer sozinho o que foi solicitado.

Mas o irmão também ajuda muito! Ter um irmão faz com que os dois seguem adiante ao caminho da independência, a autonomia para realizar as inúmeras atividades diárias. Pode ser pela necessidade de ter que fazer determinada ação sozinho, pela urgência, pela imitação e talvez por saber que já dará conta, que é capaz para tal atividade. Mesmo sem querer, sem intenção, o relacionamento entre eles, as brincadeiras que fazem sozinhos ou juntos, sugere um avançar.

Isso tem sido muito comum aqui em casa. De certa forma, ter mais de um filho, facilita muito. Eles brigam, se ajudam, mas também aprendem muito um com o outro. Ora o mais velho volta a ser bebê, ora o bebê mostra-se criança. Cada um empurra para sua direção, mas também empurra para avançar em termos de descobertas e ao próprio desenvolvimento.

Felipe que até então foi muito dependente, passou a fazer inúmeras coisas sozinho. Com impulso dos pais, com a possibilidade de acordo com a idade, mas também um tanto pela necessidade e vontade de ajudar, de saber que dá conta. Como se vestir, arriscar a pentear o cabelo, andar de bicicleta, tomar banho, ajudar a colocar a mesa, compartilhar os alimentos, bebidas e brinquedos, saber que consegue auxiliar o irmão...

Thomas muito resolvido chegou e sempre mostrou-se aventureiro, a arriscar a fazer as coisas sozinho e as mesmas que o irmão. Faz questão de andar na mesma motoca que Felipe, a brincar com os mesmos brinquedos, a dançar igual ao irmão, a querer ver um livro toda noite (pelo menos folhear), a seguir...

Tem um tanto de cada um, mas tem um tanto que é do empurra empurra, do precisar, intencionalmente ou não, seguir adiante.



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Balanço da vida

Na semana passada tive o apoio de muitas mães, amigas blogueiras e amigas que acompanham a minha trajetória desde quando morava no Brasil. Havia relatado um tanto das minha angústias, das minhas dificuldades e da difícil tomada de decisão quando envolve a família toda, principalmente os filhos.

Todas já sabem que a mudança não foi nada fácil para mim. Que ainda me encontro num processo de adaptação. O que acredito que seja natural... Assim espero! Como muitas disseram nos comentários desse post, leva um tempo, tenho que dar tempo ao tempo para as coisas melhorarem. Tenho que passar a enxergar as coisas boas daqui, pois em todo lugar viveremos assim, tendo paixão por algumas coisas e por outras não. Que ninguém é completo, totalmente feliz, e que sempre estamos nos questionando, cobrando, querendo mais e mais. Muito próprio do ser humano, não é mesmo?

Além disso, que longe acabamos fantasiando, esquecemos da parte ruim e só lembramos das boas. Pura verdade! Impressionante como nessas horas sempre vem os aspectos positivos e as boas lembranças. Por um instante a gente esquece tudo que viveu, que foi chato, cansativo e que causou grande tristeza.

Lendo comentário por comentário e pensando em todos os aspectos da minha vida, atualmente observo que há muitos pontos positivos para que permaneça morando aqui. Pelo menos “hoje” estou conseguindo pensar assim.

Não foi à toa que meu marido e eu tomamos essa decisão. Afinal de contas, após o nascimento do Felipe, estava questionando a minha rotina, o meu trabalho, a atenção dada para ele e o tempo destinado para a família. Com a proposta de trabalho resolvemos arriscar, mudar.

Hoje estamos bem! Assim como já disse anteriormente. Apenas sinto saudades! Sabem como é? Saudade do almoço de domingo em família, saudade de lugares que freqüentava, dos amigos, da praia, da caipirinha, do requeijão, do maracujá e, assim por diante. Costumes, tradições que marcaram a minha história enquanto vivia no Brasil. Boas recordações!

Também não sei como seria se decidíssemos voltar hoje para lá, pra falar a verdade, nem sei se realmente gostaria que isso acontecesse. Primeiro porque tem uma série de fatores como muitas relataram (a respeito de como é viver no Brasil, numa cidade grande) e, segundo, pois consigo enxergar conquistas individuais e pontos positivos vivendo na Alemanha.

Apesar de não ter ninguém para ajudar com os serviços de casa, consegui dar conta de cuidar da minha própria casa. Pelo menos atualmente não estou mais me descabelando com a quantidade de coisas que uma casa demanda. Há produtos e equipamentos que facilitam muito o serviço. Faço uso mesmo. Dona de casa ultra prática e moderna.

Consigo curtir e aproveitar muito mais a minha família. Houve uma maior aproximação entre meu marido e eu. Afinal, somos nós, nossa família. Ele, eu, Felipe e Thomas. Uma maior cumplicidade, respeito, carinho, troca e tempo, tempo para ficar junto.

Meus filhos estão totalmente adaptados na escola. Desenvolvendo-se super bem, tem ótimo acompanhamento médico, estão cada dia mais adaptados a cultura e principalmente imersos ao idioma. Cada dia mais soltos, independentes. Também estão vivendo o tempo de ser criança de uma maneira super gostosa. Sempre penso que talvez não desse conta de propiciar um tanto do que fazemos por aqui, um tanto da relação que pode existir entre mãe e filho.

Vivemos super bem na casa onde escolhemos para morar. Tem um belo espaço para as crianças brincarem. Um maravilhoso jardim. Pouco a pouco estamos terminando de mobiliar os espaços. Estamos conseguindo olhar para outros aspectos que não seja somente organizar as coisas trazidas da mudança. Ufa, pois leva um tempo. Nem imagina!

Estamos amando o que as estações do ano oferecem para nós. Cada ano estamos aprendendo a aproveitar o que há de mais belo, o que é possível fazer em cada uma delas. Como no inverno, brincar na neve; passear parecendo um urso de tanto casacos; voltar para a casa e tomar um belo chá; na primavera observar a beleza das flores; identificar quais são os tipos, colher frutas no pé; no outono, ver a beleza da mudança de cores nas árvores; nas folhas. Enfim, em cada estação do ano há um preparo e uma diferente organização. Elas realmente interferem na rotina e no modo de vida.

Meu marido está muito bem no trabalho. Adaptado! Feliz e contente com tudo que faz, com a nossa vida.

Observo grandes possibilidades futuras de realizarmos viagens pela Europa. De ampliarmos os horizontes, conhecermos outros lugares, outros modos de vida.

Tudo isso faz a diferença quando penso em voltar ou não para o Brasil. Quero ter em mente que o tempo será o meu melhor amigo nesse momento. Quero dar mais um tempo, quero tentar ser feliz vivendo aqui. Mesmo porque tudo caminha de uma forma tão boa. Por que desistir? Como muitas pessoas já disseram, já conquistei tanto, dei conta de tantos obstáculos e, agora, que falta tão pouco vou embora.

Agora, esse pouco que falta! Sabe o que acredito que falte para avançar? Para obter novas conquistas como pessoa e na cultura a qual faço parte? Preciso realmente abraçar a cultura e o idioma desse lugar (assim como comentaram). O maior problema que enxergo hoje é não dominar totalmente o idioma, fazer um esforço para me integrar na cultura a qual posso vir a pertencer. Tudo que preciso fazer (tirar nova carteira de motorista), ir na reunião da escola dos meninos, ir ao médico sozinha, tudo que exige um tanto de conhecimento da língua, não faço!

Sempre fui muito independente, resolvi tudo sozinha, hoje sofro em pensar que preciso fazer isso, mais isso, mais isso... Um tanto que, na minha opinião, já fazia parte de mim. Que já dava conta tranqüilamente no Brasil. Entende? Hoje faço muitas coisas tendo o apoio total do meu marido. Isso tem hora que desanima, mas não posso!

Então, o mês está começando e compartilho com vocês que tentarei, tentarei abraçar o que falta para viver e ser feliz por aqui. Vocês apoiam? rs


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