Travessuras


Desde quando Felipe entrou no Kindergarten (Jardim da Infância) apresento vários questionamentos sobre a escola, sobre a proposta pedagógica, relação professora X criança, o que é ser criança numa escola na Alemanha e o que esperam delas no dia a dia.

Em especial, nesse post, quero falar sobre o perfil do adulto alemão e os objetivos que acredito que tenham com as crianças.

Desde que cheguei aqui e pelo que sei não é novidade pra ninguém quando se fala em uma pessoa alemã. Logo vem a memória conceitos criados sobre o povo que caracterizam e marcam a sua história. Eles são organizados ao extremo, sistemáticos, conservadores, mais formais e mais sinceros. Tão sinceros e francos ao ponto de acharmos eles totalmente frios. Mas não pensem que não há qualidades. Em quase 2 anos por aqui já identifico muitas que são favoráveis ao bem estar e a uma boa qualidade de vida.

Mas apesar disso, de viver atualmente nesse país organizado ao extremo, o que me preocupa realmente é como será a formação do meu filho. Melhor ainda, quais são os valores e conceitos que estão implícitos no ato de educar.

Quero sim que meu filho seja franco ao dizer as coisas para as outras crianças e adultos, mas desejo também que meu filho não seja assim tão metódico e cheio de regras / manias. Será que dá para misturar um pouco de um ser brasileiro com um ser alemão? rs

Já observo que Felipe é bastante organizado e cheio de manias (para quem será que puxou? Tomara que tenha sido com o pai kkkkkkk); mas não desejo que sofra futuramente com o seu jeito de ser. Será que é vantajoso ser assim e viver nessa cultura. Ai ai ai bendita escolha!

Outro dia vivenciei uma situação e tive notícias de outra. Ambas aconteceram na mesma semana.

1ª) Num belo dia Felipe estava brincando no quarto quando falou que estava com vontade de fazer xixi. Nesse momento foi ao banheiro. Logo percebi que estava demorando e, de repente, quando fui até lá vi que o azulejo estava todo laranja. Felipe estava com um lápis aquarelável na mão. Foi uma diversão só para ele.

No momento conversei com ele. Perguntei porque tinha feito aquilo. Ele não soube responder e aí entrou a mãe organizada dizendo: “- Filho é aqui que a gente desenha? Não é melhor no papel? Olha só... sujou todo o azulejo! E agora, precisamos limpar. Aqui não é lugar de fazer isso!”

Disse tudo isso, mas juro para vocês que no fundo adorei o que ele fez. Não sei se foi pela travessura, por experimentar algo diferente. Achei divertida a situação! Acho mesmo que não quero um filho tão certinho e cheio de regras. Quero que apronte (“poucas”) e curta realmente o que a infância tem para oferecer.

2ª) Após dois dias Felipe voltou da escola com a blusa e a calça rasgada, cortada com a tesoura. Pode? Isso mesmo! Quando olhei a malha novinha não acreditei. Aí fiquei sabendo o que tinha acontecido. Simplesmente pegou a tesoura e cortou. Quem viu? A princípio ninguém soube ao certo como aconteceu. Lógico que vieram as preocupações de mãe: tesoura? Hoje a blusa, amanhã o colega? O cabelo? Sei lá. Mas também pensei: Olha lá meu filho, ousado, experimentando, testando os limites e fazendo travessuras.

A roupa é de menos. Criança tem mesmo que curtir ser criança. Lógico que com segurança. Mas nessa escola, isso é permitido? Como será que as professoras agiram no momento?

Ainda não tive notícias detalhadas, mas tenho uma reunião marcada para falar de outros assuntos também e aproveitarei para retomar minha questão. Depois conto para vocês!
  
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1 comentários:

Anne disse...

Como ele está grande!
Mas não ha nada mais saudável do que essas pequenas bobagens que fazem!
hahaha
bjo