A convocação da professora OU criança imigrante


Exatamente há uma semana atrás fomos convocados pela professora do Felipe do Kindergarten (Jardim de Infância) para uma reunião. No momento, perguntei se era alguma coisa grave, pois geralmente assusta sermos convocados rapidamente para uma reunião de pais. No entanto, a mesma falou que não era para nos preocuparmos já que conversaríamos sobre o idioma, sobre o apoio para as crianças imigrantes. Melhor assim...

Lá fomos nós para a reunião e tivemos uma bela surpresa.

O governo do Estado da Baviera (aqui na Alemanha) desde 2008 começou a dar um suporte no idioma para as crianças imigrantes. Então, desde que a criança ingressa no Jardim de Infância tem um acompanhamento da própria professora da sala que recebe orientações e também um teste para realizar com a criança imigrante.

Felipe realizou no ano passado, agora novamente, já que a partir de setembro iniciará o último ano na Educação Infantil.

O teste (SISMIK- Bogens) é preenchido pela professora da sala, no qual faz observações periódicas em relação as atividades desenvolvidas, principalmente no que se trata da linguagem e interesse pelo idioma.

A depender do resultado a professora encaminha a criança, com a concessão dos pais, para um curso de três horas a mais por semana, na própria escola, para um contato mais amplo com o idioma.

O governo em parceria com o Jardim de Infância tem como propósito facilitar a transição para a escola primária (Ensino Fundamental) e melhorar as chances de uma carreira escolar de sucesso, já que consideram muito importante que desde o início a criança tenha um bom desenvolvimento na linguagem (oral e escrita).

Já contei para vocês como são as professoras daqui. Não é mesmo? O quanto acho que falta afetividade e aproximação com as crianças do grupo. No entanto, são o jeito delas. São mais formais mesmo! Não admiro nenhum pouco esse jeito, mas se não tem remédio, então só tenho que aceitar e suprir de outras maneiras o que acho que falta.

A professora do Felipe, em especial, é bastante comprometida, mais velha e, portanto, um tanto séria com as avaliações que realiza. Com isso, esperávamos que falasse da necessidade do Felipe em fazer parte do curso para crianças imigrantes. No entanto, tamanho foi a nossa surpresa!

Logo falou que não vê necessidade do Felipe, de imediato, acompanhar o grupo nesse curso. Falou que está desenvolvendo-se super bem em relação ao idioma. Que se comunica sem problemas. Que um tanto do acompanhamento realizado pela fonoaudióloga ajudou bastante, que falta apenas vocabulário e formação de frases completas (o que pode ser adquirido tranqüilamente), com o investimento de leitura de histórias e no próprio dia a dia.

Ficamos muito felizes que Felipe está acompanhando muito bem, desenvolvendo-se cada vez melhor em relação ao idioma. Assim como já sabemos, a adaptação da criança geralmente é mais fácil. Mais fácil em todos os sentidos!

Agora, quanto ao governo alemão, apesar de algumas coisas mais rígidas, como o próprio teste que vimos, no qual eram diversos aspectos a serem observados; merece um ponto positivo, já que se preocupa realmente com as crianças imigrantes, para que se integrem a sociedade e caminhem na escolaridade, tendo sucesso e boas condições para avançarem no futuro.

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P.S: Não podia deixar de parabenizá-las nesse dia tão especial. Feliz dia das Mulheres! Que tenham um dia muito agradável e alegre!
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19 comentários:

Futura mãmã disse...

Feliz dia da mulher amiga...
Gostei muito destee post e da novidade..que bom que ele se esta dando bem no pais, com a lingua e a escola.
Beijo

Anônimo disse...

Parabéns tbm Celi pelo Dia das Mulheres, principalmente vc que está sendo tão guerreira. E Parabéns tbm pro Felipe que está se adaptando tão bem!!!

Dani Cassar disse...

Que bom que ha essa preocupacao com as criancas imigrantes, isso incentiva eles a ficarem mais confiantes e sem medo de falar no idioma local...gostei bastante!
Feliz dia da Mulher p/ vc tbm!!!
Bjs em vcs

Mari disse...

FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER PRA VC TAMBéM CELI!!

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e sobre o post, que otimo que a avaliação foi boa! aqui em casa temos a mesma preocupação com a diferença de que a Sofia so exercita o francês na garderie (creche) e atraves de filmes e livros. Agora que ela vai entrar na escola como o Felipe, começei a me preocupar um pouco pois apesar dela ter um vocabulario em francês que evolui rapido, ela tem muitos problemas para pronunciar corretamente as palavras, mesmo em português. O Felipe foi acompanhado por uma fono? Estou pensando em procurar um acompanhamento desse para a Sofia também! bjus!!

Juliana Tassi Borges Zenaide- Contos de Mãe disse...

Aqui, o governo suíço também realiza este trabalho. Gabriel tem uma professora de francês uma vez por semana na própria escola e é um trabalho que realmente funciona. A professora é uma gracinha, mais experiente, e muito competente. Lucas quando iniciar a escola também terá este apoio.
Fico feliz que tudo tem dado certo por aí "vizinha", rsrs. Beijo grande Celi!! Ju

Nivea Sorensen disse...

Ponto para o governo alemão mesmo. Bela iniciativa para evitar o isolamento dos estrangeiros, não?
Um beijo

LOVE MAKES A FAMILY disse...

Celi, primeiro, parabéns pelo nosso dia, querida! Segundo, parabéns pelo progresso do Felipe.

Olha, eu conheço outra realidade da educação alemã. Tenho uma grande amiga, quase irmã mesmo, que mora desde 2009 na Alemanha, numa cidade super pequena, próxima a floresta negra, ao lado de uma cidade Suíça. Bom, ela é brasileira, casada com um alemão criado no Brasil, mas que cursou faculdade na Alemanha. Casaram e um ano depois foram para Atlanta-USA. Os 3 filhos deles são norte-americanos. Com a crise financeira nos USA, foram pra Alemanha. Dois dos 3 filhos, estavam no jardim de infância em Atlanta. Um deles ainda era muito bebê, um ano. O mais velho teve um professor de 70 e poucos anos (????) na Alemanha: mal humorado, grosseiro, chato mesmo. O menino estava acostumado em uma escola afetuosa, como são os norte-americanos com crianças. O outro teve sérios problemas também com a professora. Eles falavam apenas port. e inglês. E eu não sei se vc passou por isso, mas na região dela, o povo é tacanho e se recusa a falar inglês com os imigrantes, mesmo que saibam o inglês. Ainda resquício da segunda guerra. Eles sofreram preconceito por serem norte-americanos, segundo minha amiga. Por fim, o que tinha aula com uma professora, teve que fazer exames com médicos e eles queriam dar atestado de retardo para ele, o que poderia comprometer a forma como ele seria tratado na educação alemã. Tudo porque ele não falava alemão. Eu e R. fizemos alguns testes com o pequeno via skype, e como R. fala alemão e eu entendo um pouco sobre desenvolvimento infantil, percebemos que o maior problema dele era a insegurança que sentia na escola, pois é um menino muito sensível, dada às artes, sabe. Tanto que ela contratou um professor de violino ( alemão que se comunica em inglês com ele) e ele se deu muito bem e pegou logo a forma de tocar, isso com 5 anos. Além da falta de afeto dos professores, ela observou que as crianças na região que eles moram, são muito agressivas. Os meninos chegavam em casa sempre machucados. Ela observava também que as crianças gritam muito com os pais, até xingam. Eles, que não concordam com violência, passaram a ensiná-los a bater também, o que não adiantou, pois os meninos são muito meigos. Bom, o fato é que eles decidiram pela escola americana ( aprendem o inglês e alemão). Depois de dois anos na escola pública alemã, conseguiram vaga na norte americana. Hoje os 3 estudam lá estão super bem.


O maior problema, na opinião dos pais destas crianças, é que desde o ensino infantil, as crianças são taxadas por um sistema de educação que diz que a nota para eles frequentarem uma escola secundária, o ensino médio, que os preparam para cursar uma Universidade, é avaliada pela nota da turma, e não a nota individual. Se os filhos forem bem na escola, mas a nota da turma está baixa, eles farão um curso técnico no secundário. E como o sistema para cursar uma faculdade é outro, eles temeram o futuro dos filhos. Eles desejam que as crianças façam curso superior e não sejam apenas tecnólogos. Ambos têm nível superior, Celi. Naturalmente eles projetam o mesmo para os 3 meninos. Ela contou-nos a experiência de uma vizinha libanesa e como ela lutou pra filha não ir para uma escola técnica, haja vista que a menina é super estudiosa. Contratou advogado e tudo, acredita? Recorreu a um acordo internacional e alegou preconceito com a filha. Mas ela havia sido submetida a ir pra a tal escola técnica por conta da nota da turma dela ( baixa para os padrões de uma escola que prepara para uma Universidade). Minha amiga ficou apavorada e fez de tudo para conseguir vaga na escola americana ( o que não é muito fácil, pois há poucas vagas). Ela fez trabalho voluntário na escola para conseguir as vagas para os 3 meninos. O governo alemão paga 70 por cento das mensalidades, o que não onera muito o orçamento deles.

Enfim, escrevi demais, mas fique atenta sobre tais questões. Perguntem sobre isso na escola e tudo o mais.



Enfim, acompanhamos o drama deles e,hoje, percebemos que eles estão bem, tranquilos e aprendendo.

LOVE MAKES A FAMILY disse...

Ah, e jamais houve o tal acompanhamento de um professor na escola para o idioma alemão. Não na escola deles, não na região que eles moram, Celi.

Chris Ferreira disse...

Oi Celi,
que bom que está tudo dando certo. Lagal essa preocupação com as crianças imigrantes. A minha irmã mais nova estudou na Francça no período de 4 aà 6 anos e não tinha essa preocupação, não.

Um Dia das Mulheres maravilhoso para você.

beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Cíntia disse...

Celi, te contei que eu fiz um barraquinho na creche da Bia? hehehehehe... Bom, barraco não foi. Só que a reunião durou 1h30 e só falei em inglês. Saí de lá tão feliz sabe? :D beijo

Ana Gaspar disse...

oi amiga!!
ai fiquei desnorteado com os comentários... quando li seu post fiquei feliz, depois li alguns comentários e fiquei apavorada... pois já vi outras pessoas reclamarem das escolas, das professoras e o pior este lance deles designarem pra onde vai seu filho, ave Celi...
o que será da minha Valentina? como será Dresden neste sentido?
beijo

Celi disse...

Mari,
Felipe sempre teve questões simples e pequenas em relaçao a pronúncia das palavras. De qualquer forma, a pediatra observando, fazendo uma das consultas periódicos e mais minuciosas falou que talvez fosse interessante procurarmos uma fono para possível avaliação. Fizemos isso! Até cheguei a escrever um post contando um pouco... Segue o link, caso tenha interesse.
http://www.vidaalemanha.blogspot.com/2011/12/mamae-hoje-e-dia-da-professora-de.html
Ele fez 10 sessões e parou. Avaliamos em conjunto com a fono e professora do Kindergarten que talvez haja necessidade apenas mais para frente.
Se eu fosse você talvez esperasse a Sofia entrar na escola. Faria uma avaliação com a própria pediatra e professora. Que tal?
Boa sorte e dê notícias. Um beijo.

Celi disse...

Vizinha que bom... Tudo bem parecido.
Beijos

Celi disse...

A.
Obrigada por compartilhar a história da sua amiga. É sempre bom conhecer a vivência de uma outra pessoa.
Em relação a esse acompanhamento e incentivo ao desenvolvimento do idioma varia de estado para estado. Por isso os meninos não tiveram. Tanto que pesquisando o site é da Baviera (sul da Alemanha).
Também pesquisamos e vimos que a nota é individual e não do grupo. Isso também é um dado importante para nós. Ainda não pensamos no futuro do Felipe em relação ao curso técnico ou uma faculdade. Mas com certeza temos que considerar isso. É um fator importante e confesso que me assusta um tanto o sistema de ensino da Alemanha.
Como pedagoga e trabalhando sempre com formação de professores confesso que esperava, desejava algo totalmente diferente para meus filhos. Agora, nem sempre podemos ter tudo, não é mesmo?
O jeito é ficarmos de olho e questionarmos tudo e todos.
Obrigada pelo carinho! Ficaremos atentos e dou notícias para vc.
Beijos

Celi disse...

Obrigada Chris!
Espero que seu dia tenha sido muito especial....
Um grande beijo.

Celi disse...

Ahhhhh quero saber mais. O que aconteceu???????
Conta! Conta!
Beijos

Celi disse...

Ana,
Não se preocupe antes do tempo amiga.... Deixe as coisas acontecerem.
A verdade é que varia de estado para estado esse acompanhamento. Dê uma pesquisada depois para saber como tudo acontece no Kindergarten em Dresden.
Quanto ao sistema de ensino e professores confesso que também fiquei assustado. Não é ruim assim, apenas são diferentes. Tudo é muito diferente do que esperava e em relação ao Brasil.
A preocupação e dedicação é outra. As crianças acabam se desenvolvendo, mesmo que o foco principal seja outro. O que precisamos é segurar nossa ansiedade, deixar as coisas acontecerem e darmos o suporte necessário para nossos filhos. Viu!? Dará tudo certo! Você vai ver....
Beijos

Mari disse...

Obrigada pela resposta Celi! Estava pensando mesmo em investir na fono depois do inicio das aulas na maternelle! So assim podemos avaliar a diferença entre a pronuncia dela e a dos coleguinhas da mesma idade ja que até agora ela so frequentou turmas multiseriais! Vou dar uma olhada no teu post!! bjus!!!

Telma disse...

Que interessante!! Isso sim é que é primeiro mundo! E o Felipe está super de parabéns! Beijao