Até quando?

Essa semana foi dia de comemoração, afinal 8 anos de casada não dá para passar em branco. Não é mesmo? Ainda mais depois de 2 anos vivendo na Alemanha... risos Quem me conhece sabe bem o quanto foi difícil esse processo de mudança e toda a adaptação. E se assim posso dizer, ainda considero que estou me adaptando, pois cada dia é um novo desafio vivendo nesse país, cada dia uma nova tarefa para dar conta. Tem hora que prefiro pensar que estou sonhando. Toda minha adaptação, o período de gestação, o nascimento do Thomas, o pós nascimento, agora com dois filhos, interfere muito no dia a dia e na vida de um casal.

Já tive muitos momentos angustiantes, de tristeza profunda e desanimo. Mas também lembro de coisas boas que aconteceram nesse período, tanto que se você perguntar: Se você tivesse a oportunidade de voltar hoje para o Brasil o que você faria? Confesso que tenho dúvidas e que de imediato a resposta seria NãO! Primeiro porque acho que ainda é cedo para desistir e voltar para o meu país de origem. Penso que não dá para voltar com a sensação de não ter alcançado alguns objetivos que coloquei quando decidi vir para cá. Segundo porque considero que a vida aqui é muito, mas muito diferente da vida que tinha no Brasil. E lógico que não penso somente em mim. Agora, meus filhos tomam conta de quase todos meus pensamentos e decisões. Penso como seria nossa vida no Brasil, como meus filhos seriam crianças vivendo no Brasil, penso na mudança que faríamos novamente; enfim, penso, penso, penso demais em todos os detalhes, em como tudo seria para mim (aqui refiro-me exclusivamente ao meu jeito de ser, a minha própria identidade, sozinha, sozinha e sem influência de ninguém), como seria para meus filhos, meu marido, em todos os fatores externos, em tudo que já vivi no Brasil. Ah, muito complicado! Uma decisão muito difícil!

Por um lado, pesa o quanto ficaria bem no Brasil ao lado dos familiares e amigos. Poderia voltar a trabalhar. Algo que gostava muito. Mas hoje não consigo me imaginar trabalhando, tendo menos tempo para meus filhos. Uma decisão difícil que tive que tomar, mas que valeu muito a pena e não tem salário que compense estar ao lado deles, acompanhando cada conquista.

Então, já que a princípio estou em cima do muro o que me resta fazer é continuar dando conta dos inúmeros objetivos que lancei para minha vida na Alemanha. Dar conta de cuidar de mim, ser mãe, ser mulher com inúmeros sonhos, esposa, dona de casa, estudante, filha e amiga. Enfim, para cada item tem várias metas. Não é mesmo? Agora, a pergunta que não quer calar. Será que estou dando conta?

Tem dia que a impressão que tenho é que tudo está escorregando pelas minhas mãos e que estou deixando a desejar. Como é difícil conseguir fazer tudo que faz parte da rotina. Será que estou sendo muito exigente? Será que é muita cobrança? Ou apenas muita coisa para fazer em apenas um dia? Muita coisa para uma pessoa dar conta sozinha?

Há pouco tempo retomei o curso de alemão e percebi que o dia não passa, simplesmente voa. Um cansaço fora do comum que não sei de onde tiro força e coragem para acordar no dia seguinte pensando que tudo será parecido ou talvez pior, ou até quem sabe melhor. Pensamento positivo é tudo na vida...

Então, quando tenho um dia parecido como esse no qual acordo às 6h30, tomo banho, coloco roupa nos meninos, tomo café, arrumo o material do curso, deixo o Felipe na escola, enquanto o Boris deixa o Thomas (as escolas são próximas), deixo o Boris no trabalho, vou para o curso de alemão (quase chegando atrasada), saiu do curso, passo rápido no supermercado para comprar algumas coisinhas que estão faltando, volto para casa, engulo algo enquanto descanso meia hora, leio alguns blogs que adoro, ops paro para separar algumas frutas, em seguida busco os meninos na escola, dou fruta e suco no caminho ou mesmo no consultório médico, volto para casa, corro para colocar roupa na máquina, fazer o jantar, dar banho nos meninos, dar o jantar, jantar também, conversar com o marido, ajudar a colocar os meninos na cama, ler história, tomar banho, fazer "599" páginas de lição do alemão, escrever no blog, comentar os meus favoritos, dormir, dormir pouco pois já é quase hora de levantar; tenho a seguinte questão: Até quando? Será que aguentarei tudo isso por muito tempo?

Na verdade, acho que já tenho a resposta. Acho sim que dou conta de tudo e que conseguirei viver dessa maneira com a organização que tenho feito. Porém, o que anda incomodando mais é não ter tempo para estudar alemão como deveria. Imaginem só, vou para o curso todo dia, no período das 8h45 até às 12h45. Além disso, tenho inúmeras lições para fazer em casa. Mas pensam que é o bastante? Não o suficiente para sair falando alemão. Tenho que estudar muito mais. E agora, cadê o tempo? Olha, que língua difícil de aprender! Fora que é uma confusão só. A depender do tempo verbal o verbo vai no final da frase, são inúmeras preposições que combinam com o artigo das palavras. Poderia descrever muito mais o funcionamento dessa língua. Mas, não é o caso ou você também quer aprender alemão? rs

Bom mas foi apenas um pensamento que passou por aqui e uma vontade imensa de saber Até quando? Até quando será assim? Quando darei conta das inúmeras tarefas que tenho diariamente? Quando estarei adaptada vivendo nesse lugar? Quando estarei realmente falando alemão?
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2 comentários:

Sandra Kautto disse...

Oh minha amiga!! Acredito que essa sua angústia faz parte de boa parte das pessoas que vivem em outro país. Sabe que saí do Brasil falandos somente português, daí minha vida por esse mundo foi me ensinando outros idiomas, mas sabe como aprendi de verdade? Quando precisei mesmo falar para poder continuar vivendo, tendo vida social, tendo vida!!! Eu achava que nunca poderia aprender finlandês e me surpreendi nesse verão convivendo mais com a família do meu esposo.

Quanto a voltar ao Brasil, também enfrento o mesmo dilema, penso muito no Elias e no futuro dele e não consigo sentir que o Brasil é o melhor lugar para ele crescer, por outro lado não quero q ele cresça sem conviver com a minha família...oh dilema esse!!!

Sorte por ai com o alemão!!!

Beijos

Mikelli disse...

quantas perguntas! =) mas na verdade vc ja tem todas as respostas. O mais importante é vcs estarem unidos como familia...seja onde for. Aqui ou no fim do mundo, se vcs estao bem, todo o resto esta.
Qto a dar conta do recado...nao sei se eu sou boba, mas eu nunca penso no assunto. Simplesmente faço e vivo meu dia-a-dia. Se percebo que as coisas estao rapidas demais, desacelero. Acho que aprendi a respeitar meu ritmo e parar de me cobrar por coisas que nao sao importantes. As vezes é bom só "viver" e nao encher a cabeça de duvidas, que acabam nos angustiando. bjs e relaxa! ;)