Adaptação: Olhares Diferentes

Lembra que teríamos uma reunião com uma das educadoras da escola do Thomas? Pois é.... ela aconteceu e hoje quero continuar “conversando” com você sobre as nossas impressões.

Fiz uma enorme lista sobre os aspectos importantes que não poderíamos deixar de pontuar naquele encontro. Olha que chamou atenção da educadora quando ela viu a agenda se abrindo e a página inteira preenchida. Arregalou o olho, porém estava escrito tudo em português rs. Uma vantagem no momento, pois não teria como ler e pensar na melhor resposta a ser dada. Foi ali nós e a educadora. Questionamentos mais questionamentos.

Quero abrir um parênteses para falar sobre a formação delas. Tem as que são educadoras (Erzieherin) e também as Kinderpflegerin. O que difere uma formação da outra é o tempo de estudo, no qual as educadoras estudam 5 anos e as Kinderpflegerin 2 anos. Comparando ao Brasil, pelo que entendi a formação das educadoras é igual de quem faz pedagogia (estudam sobre as diferentes concepções de ensino, sobre a relação família X escola entre outros). A Kinderpflegerin apresentam conhecimentos básicos sobre as necessidades das crianças, não envolvendo a parte pedagógica em si. Nada mais do que babás.

O que mais queríamos saber era como elas estavam enxergando o processo de adaptação do Thomas, já que sentíamos falta do vínculo afetivo e de ter uma pessoa de referência para ele. Até brincamos antecipando que ela diria que está tudo ótimo e que Thomas já tinha ficado sozinho por algum tempo brincando no espaço determinado. Pura verdade, mas não o bastante para ficarmos seguros.

Logo a educadora falou realmente o que já esperávamos ouvir rs rs rs, além é claro de completar dizendo que acompanharia Thomas de perto ficando mais próxima dele. Que a partir desse dia a mãe começaria a sair de cena, ficando num lugar mais reservado, ou seja, longe da vista do pequeno. Mas que qualquer problema ou choro em excesso chamaria por mim.

Justificou também que Thomas não havia participado de algumas atividades, como uma proposta de artes ou uma brincadeira na roda, por conta da adaptação. O que questionamos dizendo que essas situações favorecem a integração e também sentir bem no “ambiente escolar”. Que a participação e interesse pelas propostas ou momentos planejados colaborariam para que começasse a deixar de olhar só para a mãe, para olhar os colegas, os outros adultos, o ambiente, os materiais e brinquedos. Enfim, para sentir-se seguro e passar a ter referência na escola.

Lógico que há diferença entre querer participar ou não. É uma questão de escolha nesse processo de adaptação. Mas até aí não ter aproximação e convite por partes delas é demais da conta. Como haverá adaptação se ficar somente observando ou o tempo todo do lado da mamãe? Como haverá a construção de um vínculo? Afetivo não sei, mas pelo menos uma relação mais próxima.

A educadora ouviu tudo que tínhamos pra falar e mostrou-se bastante receptiva e acolhedora em relação as nossas questões, sugestões e pedidos.

Além do vínculo afeitvo e adulto de referência, também tínhamos outros pontos para ressaltar como: alimentação, momento da dormida, sobre a roupa que colocam para brincar no jardim/parque, comunicação e encontro com os pais para possíveis notícias e atividades propostas. Já tínhamos a maioria das informações sobre a “proposta” da escola e funcionamento.

No entanto, durante a semana que acompanhei o Thomas surgiu uma vontade de saber mais e também o desejo de explicitar o que considero adequado para meu filho. Cri-cri, pegação no pé... Ah, isso não!!!

Apenas quero garantir que meu filho fique bem esse período na escola e, também, confesso que quero saber mais sobre o funcionamento, proposta e concepção das escolas da Alemanha. O que há de diferente e comum em relação as escolas do Brasil? O que é ser criança para eles? O que implica no processo de aprendizagem e desenvolvimento?

No meu modo de ver a adaptação teria que ser diferente. Mas não vou desmerecer as educadoras e muito menos a cultura. Talvez tenha passado pela sua cabeça: por que ela não conhece outro berçário para colocá-lo? Porque a maioria é assim... porque tenho N motivos para insistir nessa escola.

Marcou ver que nesse primeiro momento elas pensem que não há necessidade de tanto contato físico e afetivo. Que para elas o processo de adaptação tenha como propósito maior que a criança reencontre com o ambiente já conhecido, com uma rotina que favoreça antecipações e estabilidade, contato / ação por parte da criança com tudo que está disponível e que faça parte da estrutura física da escola. Como, por exemplo, casinha de madeira, corrimão com possíveis atividades, quadro de madeira sensoriais e de movimentos a favor da coordenação motora.

Mas como é visto como um berçário, elas cuidam das necessidades básicas da criança. Errado? Não estão! Esperava mais, porém o que me importa nesse momento é que o Thomas fique bem na escola, seja criança e viva com intensidade essa fase de brincar, andar, cantar, passear, dormir, comer...

Agora o olhar do Thomas nessa história toda de adaptação e permanecer na escola... Não conta?

Não percam, pois semana que vem saberão como tudo isso está acontecendo com o ator principal.
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