Vive-se bem todas as fases! Simples assim...

Sempre me deparo com velhinhos, pessoas idosas caminhando pelas ruas; andando de bicicleta (isso mesmo!) seja com motor ou a simples e velha conhecida; fazendo compras no supermercado; arrumando o jardim; entrando no ônibus; enfim, realizando inúmeras tarefas do dia a dia. 

Um dia ou outro penso sobre essa questão, sobre a vida que eles tem aqui na Alemanha. Mas o que suscitou a vontade de escrever foi ver um idoso, lá pelos seus 70 anos, praticando o exercício de tirar neve da frente da garagem, da calçada. E quem já fez isso, sabe que a depender da quantidade, não é uma tarefa tão simples assim. Exige um tanto de esforço. Nessas horas fiquei pensando como são independentes. Como abraçam para si as atividades do dia a dia.

Considero isso muito diferente da maneira como os idosos, velhinhos vivem no Brasil. Não preciso de grandes referências, pois observo meus avôs. Minha avó, por exemplo, dificilmente sai para fazer compras, andar de bicicleta... Quando chegam em certa idade olham para a vida de outra maneira, mas também acredito que as condições, a estrutura e ritmo sempre foram bem diferentes.

A cultura, a estrutura física feita para atender a população e a organização dos serviços públicos propiciam que as pessoas arrisquem, sigam em frente e sejam realmente independentes. Há um grande sentimento de individualidade, embora tenham familiares, sempre estão pensando, agindo por si só. Elas aproveitam muito a vida, para passear, curtir o que tem de bom em cada estação do ano, pois a grande maioria tem uma saúde de ferro! Que bom!

Além disso, se tem outro fato que não assusta e dá mais um impulso é a questão da segurança. Aqui não precisa ter medo se esqueceu o carro aberto, deixar o filho brincando no jardim com o portão aberto, cuidar tanto da bolsa que está no ombro, de preocupar-se o tempo todo, desconfiando da pessoa que está ao seu lado. E realmente isso passa a ser importante pra se ter qualidade de vida. Agora, 100% esse sentimento ainda não tenho, pois sempre morei no Brasil, então sempre haverá uma desconfiança de que todo cuidado é pouco.

Com isso tudo há qualidade de vida, toda a estrutura te convida a viver intensamente, a aproveitar tudo que tem de bom pelas ruas, pela cidade e pelo país. Mesmo com tantas diferenças, tem um clima que paira no ar, que suscita um caminhar de maneira diferente, mais leve, melhor aproveitado, sem sombra de dúvida, sem a correria e influência de inúmeros acontecimentos sociais, políticos e culturais.

Então, é natural que as pessoas vivam pra si, sejam mais família. Será que vocês conseguem me entender? Toda cultura e organização incentiva que haja maior união, maior cumplicidade entre o casal. Enfim, que viva-se melhor!

Meu marido e eu hoje aproveitamos mais, mesmo com a correria do dia a dia com os filhos. Tem também o fato de não trabalhar fora, mas independente disso, o ritmo é outro. Olhando todos os velhinhos, os casais idosos, enxergo tantas possibilidades, tantas condições que favorecem um viver bem. E dessa forma espero, espero olhar para o dia a dia como eles, curtindo o que tem de bom, envelhecendo ao lado do meu companheiro, alguém que escolhi para andar de bicicleta junto comigo, para viajar, para tirar a neve do jardim, para caminhar pelas ruas, enfim, para ser feliz. Simples assim...

P.S: Agradeço imensamente o selinho que ganhei da Carol do Meu mundo em palavras e também da Mãe de Três do Mãe da Hora. Já fiz minhas indicações, basta olharem na página dos selos.

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15 comentários:

Ingrid Gomes disse...

Celi, eu acho que não dá pra generalizar, eu acredito que apesar de tanta dificuldade, no Brasil tb tem muitos velhinhos felizes da vida curtindo um montao independente da classe social, no mes passado rolou inclusive um especial do fantastico mostrando a "nova" melhor idade, idosos de 80, 90 anos em excursões, passeios, nossa, uma coisa LINNNNNDA, maravilhosa, curtindo bailes, bingos, praias e tudo oque a vida tem de bom, assisti rindo e chorando, deu uma saudade dos meus avós!

Meu avo, pai da minha mae até uns 80 e poucos andava a cidade toda, acordava as 4:45 da manha todo dia pra preparar o cafe da minha tia que saia de casa as cinco e pouco, ele ainda a acompanhava ate o ponto, depois voltava levava o cafe com leite pra minha avo na cama (ele fez por uns 65 anos de casados, até ficar doente e não poder fazer mais)e ia varrer a frente de casa, bater papo com os vizinhos, foi um homem e tanto, minha avó também tinha o ritmo dela, adorava bingo, os jantares no CTG, adorava receber gente em casa, fazer festa... e o mesmo eu vi nos amigos e parentes deles, que mesmo em idade avançada vinham nos visitar, bater papo.

Minha mãe completa 60 anos esse ano e eu acho engraçado pensar nisso, porque pra mim, anos atrás 60 anos era total tereceira idade,vovózinha aposentada que faz crochê e minha mãe não é sim avó, mas é bem diferente do esteriotipo que eu tinha, ela trabalha, ela sai, ela é cheia de amigos e nem croche sabe fazer hahaha, as vezes parece que minha mãe é 10 anos mais nova, daqui 10, 20 anos eu imagino minha mãe e tantos outros sessentoes brazucas no mesmo ritmo dos europeus, porém com um pouco mais de alegria e sorriso no rosto, porque pela zoropa eles podem até viver mais, mas eu ainda acho que os latinos vivem mais alegres mesmo com todos os perrengues da vida. =)

Beijocas

Paloma Varón disse...

Acho que isso depende. Minha avó está com 87. Até os 80, era super independente. Moarava sozinha e rodava Salvador toda de ônibus. Pegava 2, 3 ônibus patra fazer as coisas dela, às vezes passava o dia fora e, como não tinha celular, deixava todo mundo preocupado. Não gostava de depender de ninguém. Agora está bem mais dependente, por conta de uma depressão que gerou problemas físicos. Aceitou morar com a filha, mas tem a casa dela separada (com entrada separada), sabe?
Acho que os velhinhos do Brasil não são mais independentes porque a infra das cidades é péssima para eles, só isso. Não é por falata de vontade.
Beijos

Celi disse...

Concordo com você Ingrid. Acho mesmo que não dá para generalizar... tem idosos e idosos! Quanto a alegria e animação nem dá para comparar com os idosos, velhinhos que vivem no Brasil.
Agora, apenas quis reforçar o quanto as condições, a estrutura física, segurança e a qualidade de vida possibilitam um plus, um a mais no modo de viver das pessoas.
Minha mãe também tem lá seus 60 anos e é toda pra cima, de passear, viajar e curtir a vida.
Além disso, penso que os idosos brasileiros são mais companheiros, trocam mais e aqui mostram-se totalmente independentes.
Adorei seus exemplos... complementam um tanto o meu texto. Um tanto que deixei talvez de abordar.
Beijos, beijos

Celi disse...

Acho mesmo que a infra, as condições físicas, a segurança não possibilitam que façam mais, que sejam mais independentes!
Beijos

Ana disse...

Cada um escolhe o rumo a dar a sua vida, mas acho que o que a Celi citou influencia e muito. A cultura é muito diferente.
Acho que aqui os problemas "abundam" e isso tira o tempo da pessoa se recuperar e viver.
bjs!

Dani Rabelo disse...

Eu acho que a cultura e as condições fazem com que os idosos consigam andar mais de bicicleta, passear, bater perna e serem independentes. Certeza que no Brasil existem muitos vovós ativos, fortes e saudáveis, claro! Mas, eu acredito, ter uma estrutura bacana que te permita pegar um ônibus sem ter medo de cair ou sem ficar na dúvida se vai conseguir sentar (ou não), faz diferença, já impulsiona o idoso a sair de casa. Ter certeza de que será bem tratado e de que terá toda a infraestrutura disponível é muito importante na segurança.

Gostei muito do seu texto, Celi. Bem observado.

Ó, deixei um selinho pra vc no meu blog hoje. Sei que vc já ganha muitos selinhos e tal, mas eu não queria deixar de te dar com medo de ser repetitiva. Espero que goste!

Beijos!

Gabriela Grossi disse...

Gostei muito do post Celi, como sempre!
Essa seguranca que existe aqui é de longe um ganho enorme. Ela gera mesmo essa independência, desde muito pequenininhos.
Grande beijo

P.S.: Vc acredita que aqui em Heidelberg nao teve neve? Só muito frio e muito sol. O que já tá ótemo. Melhor sol e frio do que 10 graus e chuva. Mas uma nevinha, né? Tao bonito...

Rafa disse...

Adorei seu post e seu blog, essa minha primeira visita por aqui.
Bjus

Paula disse...

Celi que gostoso ler seu texto e ver essa tranquilidade, essa esperanca de andar junto com o maridao. Te conto que minha vó aqui na CR também é super independente e praticamente toca o sitio sozinha, alias acho q ela tem muito mais energia do que eu ahahaha, apesar de conhcer casos assim no Brasil eu tbm acho mais comum ver isso aqui. Por que sera?
Beijos

Carol Damasceno disse...

Celi é bem isso mesmo... Engraçado é que ontem passei em frente ao asilo aqui da cidade onde moro e estava um calor insuportável. Vi um velhinho triste sentado na porta sozinho e ainda pensei: "Como as pessoas enxergam a velhice como uma coisa tão triste. Como se fosse o fim." E eu não vejo por aí. Meu pai tem 74 anos e tem uma disposição invejável. Meu avô morreu aos 104 anos lúcido. Não vejo a velhice como o fim da vida e sim como uma oportunidade de aproveitar sem se preocupar... Pois os filhos estão criados, muitos já são aposentados e nem precisar ter horários e compromissos. Acredito ser a melhor fase da vida... Uma pena que muitos não tem saúde e se deixam abater emocionalmente. Mas se tivessem grupos de apoio para fazê-los enxergar o quão boa é essa fase seria tudo muito melhor.. :)

Fiquei muito feliz que gostou do selinho. É só uma forma de expressar o carinho que tenho por você e pelo sua casa e família..

Grande beijo
Carol

Cíntia disse...

Oi Celi, eu concordo contigo porque penso que é cultural. A criação é outra e independência é essencial para muitos desse lado do mundo. Mas olha, só para constar. Quando morava com minha mãe, ela era "do lar", super caseira, não saía por nada. Então eu me casei e ela entrou num tal de grupo da terceira idade. Esses dias eu falei com ela e meu pai quando eles estavam passeando em Aracaju. E eu perguntei: "e aí, curtindo a praia?" e ela: "Ah sim, a praia e o trio elétrico. Eu e seu pai vamos no Pré-caju ver Chiclete com banana, Ivete Sangalo, claudia leite..."

Então querida... uns limpam neve e meus pais, que tem 5 netos, vão prá micareta! hahahahaha

Beijo

Dani disse...

Celi concordo com tudo, só morro de medo dessa história de poder dirigir infinitamente na Alemanha. O senhor que trás as coisas da roça aqui pra gente deve ter uns 90 anos, é totalmente surdo e vai pra cima e pra baixo de carro. E sobre a vida dos idosos no Brasil, você já viu os episodios do programa "É a vovozinha"? Mostra bem o outro lado dessa velhice passiva, a Camis minha companheira do blog que produziu, vale a pena ver! Eu quero envelhecer no Brasil e ser descolada igual a elas ;) !

Lavínia Costa Monteiro disse...

Celi, a 'moler' que faz com que eu queira correr para guarulhos... Imagine, eu não consigo me ver envelhecendo... Ficar assim como velhinhos de propaganda, sabe??? E olha que já tô senil segundo meus sobrinhos... Mas quando "bater a real" quero estar sacudida então me cuido direitinho dar conta de tirar a neve, ops, acho que disso não vou precisar, varrer a calçada, estender a roupa, brincar to tapete com os meus netos ou curtir uma rave com eles (nunca fui numa, será que ainda existirá?), viajar bastante e bater muita perna!!!E claro aproveitar a tranquilidade proveitosa que só os anos são capazes de trazer... Beijão...

Angi disse...

Amei o texto, e acho maravilhoso a qualidade de vida que os velhinhos tem em outros países, como aí, ou no Canada que eu já morei. Espero ser uma velhinha ativa e de alto astral, conheço várias assim, e pretendo viajar, aproveitar a melhor idade!rs
Beijos querida

Fernanda disse...

Celi, eu também penso como você nesta parte da tranquilidade... Apesar de sempre ter histórias de que há roubos e alguma violência por aqui não tem nada a ver com o Brasil. Pagamos um preço muito alto para ter tudo isso, mas vale a pena... Quanto à velhice sempre penso nisso, sempre penso que vou estar do lado do meu marido até o fim da vida, velhinhos, viajando, cuidando da casa, brincando com os netos... Se Deus quiser!! Beijos