Meu pai, meu herói

Dizem o quanto os meninos são apegados a mãe, gostam de ficar junto. Verdade! Ainda mais quando são pequenos, gostam do colo, da presença e tem certas coisas que só nós podemos fazer. O mesmo costumam dizer do sexo oposto, o quanto as meninas se apegam aos pais. Já não tenho tanta referência assim.... Mais fácil, vocês mães de meninas, me contarem....

Acredito também que sejam momentos, fases do desenvolvimento no qual as crianças identificam-se ora mais com a mãe, ora mais com o pai. Além disso, temos que reconhecer que tem certas tarefas do dia a dia que a mãe faz melhor, tem mais jeito; enquanto o pai realiza outras. Acho que esse é o equilíbrio do dia a dia dentro de uma casa.

Isso vem chamando muito minha atenção, pois quando me dou conta já estou pedindo para o Felipe chamar, esperar o pai retornar do trabalho e, às vezes, mesmo sem querer, digo que o pai consegue fazer melhor isso ou aquilo.

Acho que tenho razão em mostrar, pontuar habilidades do pai, assim como nós mães que temos outras tantas, que damos conta de fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, que temos um jeito especial para lidar com certos acontecimentos da vida dos filhos (quando ficam doentes, adaptação na escola, fome e outras necessidades). Mas é melhor abafar isso, senão os pais ficarão sentidos...risos

Agora quando se trata de ter uma determinada força, uma certa ferramenta, alguns conhecimentos específicos para consertar um brinquedo, abrir outro para trocar a bateria; a quem vocês acham que meu filho recorre.... ao PAI. Eu mesmo incentivo a isso! Tem certas coisas práticas do dia a dia que assumo e falo para o Felipe que não consigo, que não sei. Na verdade, confesso para vocês que não tenho a mínima paciência. 

Assim, sem querer, meio que empurrando o pai torna-se o herói da casa, aquele que conserta tudo, que tem a força. Outro dia Felipe queria tirar uma bolinha de um brinquedo (estava entalada) e de jeito nenhum conseguia. Logo pediu para eu tirá-la. Acham que eu consegui? Nessa hora falei para ele que nem sempre conseguimos fazer tudo, que tem algumas coisas que precisamos de ajuda e nada melhor que esperar o super pai. Pra que fui falar isso?

Logo respondeu falando que queria o super pai, que queria ser o super Felipe. Será que falei alguma barbaridade? Na hora será que comparou o pai realmente a um super herói?

Eles se identificam desde pequenos conosco, somos o espelho da casa. Não é mesmo? 

Por um lado é tudo de bom, mas também todo cuidado é pouco. A depender da nossa postura, das nossas falas, enfatizamos algo que pode realmente não ser, não existir. Mas como fantasiar faz parte da idade, é bom imaginar, sonhar, pensar que de vez em quando um SUPER HERÓI ao nosso lado não faz mal nenhum...



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17 comentários:

Futura mãmã disse...

E verdade...somos os modelos deles desde o seu nascimento...bj

A Dona do LAr disse...

Sem nem perceber eu também faço isso em casa, várias vezes eu falo pro Felipe (eu também tenho um..rs) que a mamãe não sabe pra ele falar com o papai. E muitas dessas vezes eu confesso que é por pura falta de paciência pra fazer determinada coisa. Já tenho tanta coisa pra fazer que meio que delego algumas coisinhas pro marido dessa forma. Não sei se está certo também, mas no dia-a-dia isso acaba acontecendo. bjos

LOVE MAKES A FAMILY disse...

Eu...Bom, tenho uma outra visão desta questão. Penso ser cultural. Os arranjos de gênero que sociedades como a nossa e em muitas outras pelo mundo, fizeram com que se naturalizasse a divisão do trabalho do sujeito do feminino e do sujeito do masculino.
Eu fui educada somente por uma mãe, pois meu pai faleceu quando eu era pequena. Meu paidrasto só chegou em nossa vida muitos anos mais tarde. Eu cresci vendo minha mãe consertando coisas que nossa sociedade diz ser de homem. Ela instituía trabalhos de casa para tod@s. Assim, meus irmãos faziam tudo que as meninas faziam. Eles cozinham melhor que eu, por ex. Há um irmão que toma conta da casa melhor que minha cunhada. E ama comprar objetos de casa, tais como, panelas, louças, panos de prato, de cama, mesa e banho. Gosta de decorar e limpar a casa. Minha cunhada não gosta e não tem o menor jeito. E são super cúmplices neste arranjo familiar.
Também conheço dois homens ( gays e casados, com dois casal filhos). Não sei se pelo fato de serem gays, ou de serem holandeses, portanto, foram educados foram educados em outra cultura diferente da nossa (super patriarcal), dividem as tarefas da casa e da educação dos filhos com uma destreza que me mata de orgulho. Os filhos ( hoje com 15 e 9 anos), são super orgulhosos dos pais! Inclusive, antes da moça menstruar, os dois deram uma aula de colocar o absorvente, explicar cólicas e possíveis tpms para a menina de 12 anos, na época.
Não sei, Celi, eu sou super incomodada com esta divisão "natural" dos papéis do homem e da mulher. Como feminista, como estudiosa do assunto, eu assumo, desconstruo tais ideias. E muitos podem dizer que é pelo fato de eu ser lésbica etc. Não, não mesmo, pois observo em alguns blogs de duas mães, que muitas mulheres lésbicas reproduzem a lógica do pensamento patriarcal nas suas relações. O que me instiga a pensar que muitas sociedades ( brasileira, estadunidense, argentina, chilena, alemã- tenho uma grande amiga, hétero, vivendo no sul da Alemanha, portanto, conheço um pouquinho da cultural alemã e o arranjo familiar deste) ainda estão sob a égide do binário. E as crianças, claro, crescem, reproduzem tal ideia, aprendizado. E por isto mesmo que sou a favor de uma reforma no ensino, de ter leis de igualdade de gênero, como na Suécia, onde as crianças, desde cedo, brincam de bonecas e carrinhos, não importa o sexo. A Suécia conseguiu com destreza tal reforma na sociedade ( e foi o primeiro país do mundo a adotar posturas de igualdade de gênero, isso já nos anos 50) e hoje pode-se observar tais valores incorporados de uma forma natural nos lares suecos( ver as observações nos blogs Minha aquarela e Uma caipira na Suécia, p.ex).

Enfim, Celi, este assunto me movimenta e muito, sabe.
Beijos,
A.!

LOVE MAKES A FAMILY disse...

Se você quiser, posso te enviar uma bibliografia sobre o assunto em português ( a Livraria Cultura entrega em vários países, caso você não leia em inglês, p.ex.), caso te instigue a investigar sobre o assunto, Celi.

Celi disse...

Que bacana A.! Realmente coloquei de uma maneira muito simples, mas é algo, uma questão para pensarmos mesmo. Sabe que na minha casa, meus pais, são muito diferentes. Minha mãe sempre realizou papéis até então delegados ao homem (desde trocar uma lâmpada, até consertar alguma coisa). Acho que tem toda razão!
Acho que é algo cultural, mas que não deve ser assim... realmente por isso que me preocupei quando falei sem querer que o Super Pai poderia consertar, trocar a bateria e tudo mais.
Adorei conhecer sua visão a respeito disso. Aceito sim uma bibliografia para ler mais sobre o assunto. Algo que deve ser mudado sim, que sem querer a gente se pega fazendo coisas que definem os papéis de acordo com os gêneros, por questão do tempo, da facilidade e tudo mais.
Obrigada pelo seu comentário. Beijos

Celi disse...

Pois é Francine... sabe que me preocupei com minha fala. Tudo bem o filho adorar quando o pai conserta, que o pai tenha maiores habilidades para algumas coisas.... mas todo cuidado é pouco na nossa fala. Às vezes tenho a impressão, que mesmo sem intenção a gente delega, e diferencia o que é papel do homem e da mulher. beijos e que bom que voltou... fazia tempo, né?

Dani Rabelo disse...

Oi Celi!!!

Saudade... hohoho... vou comentar rapidinho pq cansei de ler sem comentar: eu concordo com o que vc disse e não é questão de sexualidade, na minha opinião. Tão somente é questão física, de conseguir ter mais força, mais habilidade para tal coisa. Cada casa tem a sua variante, mas acho sim que os dois se complementam sempre. Eu sou fortinha, então, abro tudo em casa, todos os vidros, latas, garrafas... o Rô cozinha super bem, ele quem faz almoço, janta e petiscos... é assim mesmo, o equilíbrio da vida de pai e mãe, né?

Beijos grandes!

Pequenos Mimos disse...

Aqui meu menino está numa fase de que o pai é O cara, antes tudo era a mãe, agora em determinadas situações ou brincadeiras ele quer o pai, e só serve o pai nessas horas,hehehe

Ana Gaspar disse...

Oi Celi,
engraçado você descrever sobre mãe com filho e filha com pai... pois sempre fui e ainda sou uma filha que sempre dá uma puxafinha pro lado do pai, sabe como é??? rsrsr
E achei que a Valentina seria assim com o Ivan, mas menina até os dois aninhos, ela era grudada em mim e não queria saber muito do Ivan.
Agora, com 3 anos e 1/2 ela esta amadurecendo e dividindo naturalmente. Mas, eu gosto muito de ver ela junto com o Ivan, desenhando, montando blocos (de castelo, sabe??? rs).
Acho como diz sua amiga Dani, é um equilibrio, entre pai e mãe...
beijao amiga

Ana disse...

Não sei ao certo, mas pra mim tem a ver muito com as fases. Eu super incentivo essa história de olha eu não sei fazer isso tão bem, mas papai faz isso e gosta.
eu fui super agarrada ao meu pai, claramente preferia passar o tempo com ele!!
Beijos em vc e nos lindos!

Nine disse...

Oi, Celi! Aqui em casa - até o momento - éramos duas meninas e a Ísis sempre foi um carrapatinho comigo e desdenhava o pai na cara dura! Agora, comigo mais envolvida com os cuidados com o Pedro, o pai participa mais das brincdeiras dela, dá mais atenção e ela já demonstra que está se "aliando" a ele, hehe. Nõ sei como será com o Pedro, mas acredito no que vc disse: tem coisas que nós m~es fazemos melhor, outras ue são os pais, e ainda tem as fases da vida...

Também gostaria de agradecer o seu carinho durante nossa espera pelo Pedro! Foi muito especial para mim ler o recados e sentir que muitas pessoas que eu nem conheço pessoalmente estavam torcendo por nós!

Beijos,
Nine

Paula disse...

Olha Celi minha mae passava quase todo o tempo com a gente e meu pai trabalhava muito também era daquelas que fazia de tudo para nao ter q esperar a boa vontade do meu pai, por conta disso tanto eu como meu irmao somos bem apegados a ela. Mas nas outras familias eu observo isso sim das meninas serem mais apegadas ao pai. Dito isso eu acho legal esse incentivo as atividades com o pai. O Samuel , por exemplo ainda é muito grude comigo e eu vivo incentivando que ele tenha atividades só deles. Coisas que só faz com o papai mesmo pra criar um vinculo e uma cumplicidade. Mas tenho certeza q é um pouco fase também pq assim q ele comecar a se interessar por coisas tipo videogame, brincadeiras de meninos, futebol e outras coisas que nao sao muito a minha prais isso acontecerá naturalmente. E acho que vc ta certissima em incentivar essa visao de heroi no seu filho. Melhorr exemplo com certeza nao há! Beijos

LOVE MAKES A FAMILY disse...

Oi, Celi!

Conforme prometido, abaixo alguns dos tantos livros que li e releio. Há muitos em minha biblioteca, mas penso que estes são excelentes para você começar a refletir sobre as questões que escrevia acima:

O Segundo Sexo - parte 1- Simone de Beauvoir

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O Segundo Sexo- Parte 2. A Experiência Vivida - Simone de Beauvoir.

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Desigualdades de Gênero no Brasil
- Reflexões e Experiências - Eliane Gonçalves

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Elas escrevem o Édipo-Christina Ramalho
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Tendências e Impasses- Heloisa Buarque de Holanda
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Pra Além do Falo- Teresa Brennan
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Um espelho para Narcisa- Christina Ramalho
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Problemas de Gênero- Judith Butler
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Um Teto Todo Seu- Virginia Woolf
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A Dominação Masculina- Pierre Bourdieu
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O Poder Simbólico- Pierre Bourdieu.
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Não esqueça, a Livraria Cultura entrega na Alemanha também. Entre no site e veja como é o procedimento.

Eu sei que é um tanto complexo mudar certas atitudes que nos foram impostas. Mas a gente observa isto no início de uma terapia, p.ex., muitas vezes é um soco na cara, vem o medo da mudança, os espelhos que se quebram e ter que reconstruir tudo de uma lógica diferente. Mas eu te digo, é tão fascinante, sabe! E de jeito nenhum estou a criticar seu modo de educar, quem sou eu? Apenas para pensar um pouco mais densamente sobre tal binaridade, tal imposição do sistema. Pensar mais sobre você como mulher, mãe, companheira, enfim.

Um beijo e boa leitura!

LOVE MAKES A FAMILY disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LOVE MAKES A FAMILY disse...

Celi, revendo minha biblioteca, há um livro, embora muito específico da minha área, a crítica literária feminista, pode te iniciar nos muitos conceitos que você lerá nos livros indicados acima. Então, anota mais este:

Literatura e Feminismo-Propostas Teóricas e Reflexões Criticas.
Organizadora: Christina Ramalho.

Prometo que dou um stop por aqui, pois eu amo indicar livros para as pessoas, rs.

Celi disse...

Obrigada por todas as indicações literárias. Que interessante saber sobre a Livraria Cultura... Não sabia dessa possibilidade!
Beijos e bom final de semana.

Carol Damasceno disse...

Celi sabe que eu sou daquelas que acha que o braço consegue abraçar o mundo todo. Acabo me desdobrando em mil para fazer TUDO... Mas agora vou começar a transferir um pouco da responsabilidade até mesmo para o pai participar um pouco.. Obrigada por me fazer refletir..

Beijocas
Carol