"- Mamãe, hoje é dia da professora de brincar?"

Faz exatamente um mês que Felipe tem freqüentado uma clínica de fonoudiólogas. Vocês fazem ideia qual seja o motivo? Imaginam que ele tenha alguma questão em relação a fala. Óbvio, não é mesmo? Na verdade, tudo isso não é tão simples para mim.

Já contei em muitos posts (aqui, , ali) sobre o percurso do Felipe em relação a apropriação e fala nas duas línguas (português / alemão). 

Uma breve retrospectiva é que Felipe começou a falar bem mais tarde do que era esperado para a idade. Por volta de quase 2 anos começou com as frases curtas, logo quando mudamos para cá. Aos poucos, foi desenvolvendo a fala. Entrou no berçário, atualmente está no Kindergarten (Jardim da Infância) e cada dia apresenta um repertório maior de vocabulário nas duas línguas.

A príncipio, por um determinado período, Felipe optou apenas em falar alemão. Conversava com ele em português e ele respondia tudo em alemão. Já imaginaram uma criança começando a falar e justamente nessa língua. Uma diversão, não? Pois é, nem tanto para mim que não tenho todo conhecimento sobre a língua, que vivo estudando para ampliar mais meu vocabulário. Ainda bem que na maioria das situações tinha o meu marido por perto para me ajudar. Caso contrário, geralmente Felipe ficava bravo comigo. Afinal, como que pode não entender o que está dizendo.

Foi durante uma das consultas na pediatra, durante a realização de um dos Untersuchung – “U”, que são os exames periódicos que constam no caderno da criança a fim de avaliar o desenvolvimento, que a pediatra indicou que Felipe passasse por um especialista para fazer um avaliação mais minuciosa. Então, marcamos uma consulta num Otorrinolaringologista. A avaliação foi ótima. Tudo em ordem.

Após um certo período voltamos na pediatra e a mesma percebeu que Felipe apresentava dificuldade para pronunciar alguns sons (r, sch, kn). Então, indicou que fizesse uma avaliação numa Logopädie / Fono. Fomos e por lá ficamos... 

O mais surpreendente é que logo nos dois primeiros encontros a mesma avaliou que Felipe não apresenta dificuldade alguma, apenas está no processo de conhecimento e aprendizado da língua. Conhecendo cada dia uma nova palavra, ampliando o vocabulário. Chamou muito a atenção da Fono o fato de o terem encaminhado, mas achou que seria válido Felipe participar de alguns encontros (em torno de 10) e realizar algumas atividades.

A professora da escola também ficou surpresa quando contamos que Felipe havia começado a fazer Fono. Falou sobre o quanto está comunicando-se bem. Que vê um desenvolvimento processual. Avanços a cada dia.

De qualquer forma, lá estamos nós uma vez por semana. Thomas e eu na sala de espera (brinquedos) e Felipe realizando suas atividades. Para ele está sendo uma diversão. Um momento no qual brinca com a Fono, conversa e realiza algumas atividades mais específicas. Realmente faz questão de ir para lá.

Nós já temos questões em relação a avaliação que foi realizada pela pediatra. Talvez uma forma de precaução. Agora, considerando a apropriação das duas línguas: Será que a pronúncia não acaba sendo clara? Talvez uma influência a outra? Tem também toda a história do sotaque, que se sobressai quando fala português. Difícil entender!

Agora, convenhamos que falar alemão não é tão fácil assim. Então, Felipe está se saindo muito bem. Acredito que leve um tempo para pronunciar corretamente as palavras. Além do mais, são raras as palavras em português, no qual há a presença de três ou mais consoantes juntas e que sejam necessárias pronunciá-las em conjunto. 

Talvez seja uma dúvida por parte dos profissionais: Se tem ou não uma dificuldade. Algo que precisa trabalhar com mais intensidade. Vai saber... O que sei é que não está claro qual é a questão específica.

Vale continuar a Fono? Penso que sim, pois há mais ganhos do que perdas. Não!? Talvez apresente uma melhor dicção. Apesar que nós e muitos familiares, professores avaliam que está falando muito bem as duas línguas.

Atividades realizadas: 1) Falar o nome de algumas figuras de acordo com algumas letras e sons.
2) Recortar e colar somente as palavras que apresentam determinado som.
3) Lembrar de alguns sons através de figuras e formatos da boca.
Felipe tem se divertido. As atividades tem um caráter mais lúdico. Mesmo assim, ficam as minhas dúvidas em relação a real necessidade desses encontros.
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8 comentários:

Futura mãmã disse...

Rs o que interessa e que se vem progressos e nao passa de um atraso na fala...que logo ficaram melhorado...Beijo

Angi disse...

Oi Celi querida,
Deve ser difícil falar as duas línguas,ainda mais para um "bebê" que está aprendendo a falar, e com certeza a fono só acrescentará.
Estava curtindo muito a minha mami, só hoje voltei para casa...=D
Boa semana para vocês!
Beijos

Karen disse...

Celi isto está me cheirando a uma daquelas medidas de "integracao", sabe?
É muito comum que pediatras recomendem fono para que a crianca já passe por uma avaliacao se está aprendendo bem o alemao, em caso de famílas binacionais. CAda vez mais os diferentes estados tentam assegurar que as criancas cheguem à primeira série falando bem o alemao - o que infelizmente nem semrpe acontece. E quase todos os estados agora exigem uma avaliacao justamente aos 4 anos, para que a crianca ainda tenha tempo de aprender o idioma antes da primeira série, caso ainda nao fale nada. Mas eles esquecem, muitas vezes, que criancas bilíngues costumam mesmo ter uma aquisicao de linguagem um pouco mais tardia. Coisas de governo, né?
Como o Felipe está gostando da atividade, mantenha! Acho que ele nao tem nada a perder...

Beijo,
Karen
http://multiplicado-por-dois.blogspot.com

Cíntia disse...

Oi Celi.

Nós também fomos na fono, antes mesmo da Beatriz falar para que eu aprendesse a me portar e a ajudasse. Depois que paramos e a Beatriz não falava, eu endoidei. Voltei prá enfermeira e ela pediu que eu dê um tempo antes de ir na fono de novo. Eu quero ir sim. Achei ótimo.

beijo

Mari Hart disse...

Queri, algumas crianças "atrasam" em umas coisas e adiantam em outras. Stella por exemplo, andou aos 9 meses, mas só falou mesmo aos 4 anos! Ao contrário de Pedro, que falou cedo e andou bem mais tarde... mas a intuição de mãe é que fala mais alto! Certeza que vc vai fazer o que for melhor para ele! E que assim seja! Bjão grandão!

Chris Ferreira disse...

Oi querida,
alemão é mesmo muito difícil! Se ele gosta da fono, acho bacana levá-lo...mas tudo vai ficar em ordem de qq forma!
Beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Desconstruindo a Mãe disse...

Oi, Celi,

Por recomendação da escola o Caio fez avaliação e recebemos dicas de exercícios para fazer com o Caio para que aos 4 anos venha a ser reavaliado.

E ele nem foi apresentado à língua alemã ainda, coisa que desejo muito, porque meu pai não me ensinou e isso está se perdendo na família. A pronúncia me parece bem fácil, aprendo tranqüilamente (apesar da gramática) porque ouvia desde criança meus avós falando dialeto, mas no teu caso concordo com a Karen, pode ser pura precaução, até porque meninos tendem a falar mais tardiamente e quando teu gurizinho estava no início da formação de frases teve essa mudança de ambiente, o que influenciou muito, não tenho dúvida.

A parte lúdica certamente ajudará na alfabetização do Felipe. E também facilitará na articulação na língua portuguesa!

Beijo,
Ingrid

Mariana - viciados em colo disse...

acho que não faz mal nenhum. se ele gosta de ir é um bom sinal de que está sendo útil. nem sempre racionalizando conseguimos identificar as necessidades da criança. talvez ela saiba mais que nós!

ainda mais vivendo em duas línguas, isso pode ajudá-lo a se sentir ainda mais seguro com o alemão.

beijoca