Sobrenome


Sabiam que aqui na Alemanha o sobrenome tem um destaque maior? Para tudo somos os Oberding! É a  referência. Quando casei acabei optando em deixar somente o sobrenome do Boris, pois achava que meu nome ficaria muito grande. No entanto, aqui se faz e muito uso do meu sobrenome.

 OBERDING 

Alguns de vocês podem pensar que abandonei o sobrenome da minha família; mas foi de comum acordo e acredito que isso não faz com que deixemos de fazer parte da família ou mesmo que percamos nossa individualidade / identidade.

Aqui na Alemanha até um tempo atrás a mudança do estado civil tinha conseqüências não só para o imposto de renda, mas para a situação familiar. Com o casamento e surgimento de uma nova família, a mesma deveria ter um sobrenome comum prevalecendo o do marido. Isso passou por um longo processo de análise e de mudanças:

"A adoção do sobrenome do marido como nome familiar conjunto tornou-se comum entre a população durante o século 19 e foi incluído então no Código Civil de 1900, praticamente como direito consuetudinário. O parágrafo 1355 fixava, então, de forma incisiva e sucinta: "A mulher adota o sobrenome do marido." Um comentário jurídico procurava justificar a regulamentação legal: "É a posição do marido que faz com que a esposa adote o seu sobrenome. Ela não apenas tem o direito, mas também a obrigação de adotar o sobrenome do marido."
Durante muito tempo, a situação permaneceu assim. Na época da República de Weimar (1918-1933), foi permitido que a esposa mantivesse o seu nome de solteira junto com o sobrenome do casal, mas somente com a concordância explícita do marido. Em 1957, como conseqüência da lei de equiparação de direitos entre a mulher e o homem, tal possibilidade tornou-se então um direito da mulher, deixando de ser exigida a concordância do marido.
Somente com a reforma do direito matrimonial, em 1976, é que se tornou possível a adoção do sobrenome da mulher, como sobrenome comum da família. Contudo, os cônjuges tinham de estar de pleno acordo com isto. Não havendo um consenso entre os dois, o sobrenome do marido tinha de ser adotado como sobrenome familiar. Foram dois casos deste tipo, nos anos 1980, que levaram à sentença do Tribunal Constitucional Federal em 1991".1

Atualmente no dia a dia ainda podemos notar que se sobressai muito mais o sobrenome do marido. São raros os casos que aparecem os dois sobrenomes ou o da mulher como sobrenome comum da família. Um exemplo: no trabalho do Boris tem uma colega que casou e manteve o sobrenome. No email da empresa aparece o sobrenome do marido dela, porém no endereço do email aparece o de solteira.

"Com a sua decisão, o Tribunal Constitucional Federal abriu caminho para uma regulamentação legal coerente com a "realidade social reinante" (no qual há elevadas taxas de divórcio e novos casamentos). Contudo, o costume secular não foi inteiramente abandonado, de um momento para o outro: em todas as partes da Alemanha, apenas um quarto dos casais abre mão da tradicional adoção do sobrenome do marido como sobrenome familiar".2


Mesmo com a realidade social vigente, podemos dizer que a tradição mantém a importância do Sobrenome. Primeiramente por uma questão de respeito ao se dirigir a outra pessoa, incluindo senhor ou senhora. No nosso caso, "Herr ou Frau". Em segundo lugar, em empresa, entre diferentes níveis hierárquicos. Agora, se tratando de pessoas jovens (abaixo de 18 anos) nos referimos por "Du" (você) e não por "Sie" (senhor / senhora).

A forma como nos referimos as pessoas mostram a relação que desejamos ter com elas, além do respeito. Normalmente sou chamada por Frau Oberding... por "Sie" e somente depois a depender da proximidade por Celi... por "Du".

O Sobrenome realmente marca quem você é / mostra sua identidade. Nas caixas de correio geralmente podemos ver os Sobrenomes e dificilmente os nomes / sobrenomes. Por isso, vale a dica para quem quer escrever para nós: Não esqueçam de colocar o nome e sobrenome. Além disso, fica visível somente o sobrenome na campainha, na lata de lixo (quando há mais de um morador na mesma casa) e nos comunicados da escola do Felipe.




Outra coisa engraçada e estranha ao mesmo tempo é quando realizamos um telefonema para alguém. A pessoa sempre atende falando o sobrenome e dificilmente, raramente o nome. Agora, até parece... atendo logo dizendo "-Hallo!" "-Alô!"

Esse é mais um ponto diferente na cultura alemã e que precisei me acostumar: Ser chamada de Frau Oberding!!! Seja nos consultórios médicos, na escola do Felipe, por pessoas até então desconhecidas...

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1 comentários:

Renata disse...

Pronto...quem mandou contar...agora vou ter que te chamar assim "Frau Oberding", minha amiga Frau...hahahaha! Parece polícia se apresentando..hahahaha! Sargento Oberding a suas ordens! Essa amiga gosta de pegar no seu pé, né?! Mas é que foi engraçado saber disso. Com todo o respeito Frau Oberding = )
Imagina se aqui fosse assim?! Eu ia ser a Sra. Oliveira eu e mais 1 milhão de Sras Oliveira..hahha!