Do herdeiro do trono até o último do ninho

Folheando uma das revistas que gosto e que trata de assuntos da infância, principalmente na faixa etária que se encontram as crianças no Kindergarten (Jardim da Infância), deparei-me com o assunto principal da capa – Geschwister, para ser mais compreensível, IRMÃOS.

Parece mera coincidência, já que estou no tempo de ler, discutir, escrever e falar muito sobre a relação entre meus filhos, a minha relação com cada um deles e como lidar com a demanda que requer cada um na fase especial que se encontram.

Parece simples ter três filhos! Mas a exigência e cobrança interna são enormes para lidar com os inúmeros imprevistos, para termos uma conduta correta diante das situações, favorecermos uma relação boa, carinhosa, compreensível e de amizade entre eles. E o principal, garantir que tenham um espaço garantido na família.

São inúmeras as tentativas, ajustes necessários e tempo para que haja um olhar cuidadoso, uma atenção especial para cada um deles. Não é fácil driblar o tempo e a demanda do dia.

No entanto, através do artigo confirmei um tanto do que já sabia sobre ser o filho mais velho, filho do meio e, agora, sobre o caçula. Lógico que o fato de vir de uma família no qual somos em quatro irmãos me ensinou bastante sobre a posição que cada filho pode ter, sobre o que é relevante do jeito de ser de cada um e sobre as reais necessidades/cuidados.

O interessante do artigo é que além de ressaltar as características principais de cada um deles, como: o filho mais velho, que tende a ser visto como o responsável, perfeccionista; o do meio, no qual a desvantagem da posição é ser pré destinada a ser esquecida; o caçula, que apresenta inúmeras capacidades, no entanto a autonomia e o sentimento de responsabilidade nem sempre são a maior qualidade; também dava dicas de como os pais podem ajudar, quais são os aspectos que devem ser cuidados. Pensando bem, isso foi o que mais me interessou no momento. Pois, por mais que a gente siga nossa intuição, conheça um tanto sobre os filhos, sobre a faixa etária é sempre bom rever aspectos e conhecer algumas dicas possíveis.

Aproveito e compartilho com vocês os aspectos principais que chamaram minha atenção, as impressões e intervenções que tenho feito a fim de garantir o espaço de cada um deles na relação mãe e filho. 

Dicas de como os pais podem ajudá-los:

Filho mais velho

- Após o parto, por mais que a demanda seja do pai cuidar do filho mais velho, dedique-se e encontre um tempo na rotina para ficar somente com ele.
- Fazer com que perceba que tem vantagens de ser o filho mais velho, tendo algumas regalias como: ficar acordado até mais tarde.
- Unir os cuidados do mais novo com o mais velho. Fazer algumas coisas juntos!
- O mais velho não deve ser colocado no papel do mais responsável. A responsabilidade no momento pode ser demais, estar longe das possibilidades.

Felipe apesar de muito perfeccionista e organizado tem reagido muito bem com a presença dos irmãos e, em especial, do caçula. Ora brinca junto, ora quer ter seus momentos individuais só com os pais e ficar sozinho também.

Temos garantido esse momento e o interessante de tudo é que as reais necessidades e interesses atualmente são outros, comparados ao irmão do meio e o caçula. Sendo assim, tem momentos somente conosco. Por exemplo: para a confecção de alguns objetos de artes como a realização de uma colagem numa caixa para guardar o que traz da escola (sementes, pedras e gravetos). Além disso, momentos nos quais os irmãos dormem e assiste um filme conosco ou brinca com um jogo destinado especificamente para sua faixa etária.

Com isso, mostramos que é possível ter momentos de ser filho único.

Um aspecto que passei a ter mais cuidado é o fato de delegar responsabilidades. Muitas vezes, mesmo sem ter a intenção notava que falava ou pedia algo para ele. Perái.... ele só tem 5 anos e não é necessário assumir o papel que dá conta de tudo. Não é mesmo? Uma vez ou outra tudo bem e a depender do que também. Mas precisamos ponderar essa atitude.

Filho do meio, se preferir criança recheio do sanchuíche ou melhor e mais gostoso, recheio da bolacha

- Cuidar para que o do meio receba o aconchego e carinho na mesma proporção que os demais.
- Apoiar nas vontades. Se quiser realizar algo diferente dê apoio ou incentive para fazer algo que os irmãos não saibam.
- Deixar escolher algo novo para vestir, que não seja herança do irmão mais velho.
- Elogiar. Muitas vezes os avanços e desenvolvimentos se perdem no meio do encontro entre os irmãos.

Adorei ler o trecho que fala sobre o irmão do meio. Além das dicas, pontuam que esse irmão acaba sendo ofuscado pelo maior responsável e pelo menor o bonitinho. Muitas vezes tem o sentimento de não serem nada. 

E isso só vem reforçar o quanto meu Thomas requer um cuidado especial. Além de todas as características do filho do meio, também percebo e conheço muitos que se sentem carentes, quietos e esquecidos.

Não quero que o meu filho tenha esse sentimento! Por isso, ainda mais agora que é pequeno, sinto que devo, tenho a obrigação de cuidar desde já da relação com os irmãos, da relação que possa ter comigo.

Como ele sentiu a vinda do caçula. Nem imaginam! Hoje está bem melhor, mas requer, requer muito da nossa atenção, de carinho e brincadeira. Ele sofreu, eu também...
E a gente aprendeu muito durante esses três meses de vida do Lucas. Thomas aos poucos tem mostrado suas necessidades, como tem resolvido os conflitos internos para garantir o espaço na família. Mostrando uma birra tremenda, muita manha e choro.

Estamos acolhendo, abrindo algumas exceções na nossa rotina, para que sinta-se bem, acolhido e feliz. Ao mesmo tempo, colocando limite na medida certa. Uma das necessidades, ou melhor, exigência dele e tem dado muito certo é deixá-lo conosco a noite, após colocarmos Felipe e Lucas para dormir. Uma questão de minutos, de um tempo, que exige ficar somente com os pais. Um momento só dele, por mais que tenha alguns outros durante o dia.

Mas confesso que ainda temos uma longa jornada pela frente perante Thomas e seus irmãos.

Thomas que antes era o pequeno, caçula, agora é ao mesmo tempo criança grande e pequena. Que desafio para o filho do meio, um grande aprendizado.

Filho caçula ou mais novo

- Não deixar passar tudo, também pode contribuir para a arrumação.
- Quem mima muito o filho não faz nenhum favor a ele.
- De acordo com a idade o menor deveria ter também uma função de responsabilidade. Por exemplo: colocar a mesa aos domingos.
- Encontrar algo que faça bem, que goste, para que se sobressaia. Algo que só pertence a ele.
- Muitas vezes é desaconselhável falar para os mais velhos levarem os menores para brincar. 

Entre todas as dicas a que chamou mais minha atenção foi o fato de cuidar dos maiores com o caçula, de favorecer que tenham uma relação de amizade e que não sejam os cuidadores dele. Precisa ser uma relação harmônica e com poucos conflitos. Para isso, precisamos olhar para cada criança com suas reais necessidades e fases, sem fazer com que uma leve a outra, cuide da outra, mas sim que caminhem ao lado, juntas no dia a dia.

Pouco desafio para os pais é bobagem, não é mesmo?



*Revista: Móbile (Das Elternmagazin für die Kindergartenzeit)
www.mobile-elternmagazin.de
20

20 comentários:

Dayane disse...

Esse assunto muito me interessa, agora que estou entrando na jornada dupla e não pretendo parar por aqui. Obrigada por compartilhar, Celi. Esse é um ponto que precisa ser tratado com bastante atenção e carinho, pois queremos que todos os filhos se sintam amados e acolhidos da mesma forma não é? Não deve ser nada fácil, mas acredito no nosso dom materno, de sabermos fazer o melhor por nossos filhos.
Beijos

Dani Cassar disse...

Celi, gostei muito dessa materia, apesar de nao pensar ainda, eh sempre bom ter conhecimento e cuidado principalmente com o do meio, boa sorte nos seus desafios diarias, sei que nao deve ser facil, mas vc e maezona e muito amorasa =)
Beijos em vcs

Unknown disse...

oh...Celi, dá pra imaginar como sei exatamente do que você está falando, né? Não é fácil mesmo. Não só fisicamente, porque o cansaço é maior, mas também administrar personalidades de demandas diferentes. Agora, posso lhe dizer uma coisa, o tempo vai passando e a gente vai aprendendo a olhar "além". O nosso instinto materno vai nos guiando de uma maneira espetacular e muitas vezes a gente consegue resolver as coisas com tanta naturalidade que só vai perceber lá na frente. Com o tempo vc vai entender o que estou querendo dizer...

Qualquer coisa grita tá? A gente vai se ajudando,rs!

Ana Gaspar disse...

Oi amiga!!!
achei interessantíssimo este artigo da revista que você achou, e os pontos que eles comentam sobre cada irmão, a posição deles, o primeiro, o do meio e o caçula e os cuidados que os pais devem ter com cada um. Parece simples lendo, mas na pratica do dia a dia sempre erramos muito né...
Agora sobre a fotinha que você postou, achei dos três o Lucas a carinha do papai... :)
beijosssssssss

Mamacrica disse...

E bota desafio nisso!
Muito boas dicas! Só não entendi direito porque é " Muitas vezes é desaconselhável falar para os mais velhos levarem os menores para brincar."
Bom, muita coisa que colocou também aplico mas por puro instinto e por também vir de uma família de 4 filhos (olha outra coincidência! rs...)
Sei que também estou precisando estudar mais sobre essas relações entre irmãos... estou sempre com a sensação de que tem sempre um dos filhos em desvantagem... hora a mais velha, hora o caçula e quase sempre a do meio! Ai meu Deus, que difícil!!!
Beijos e com certeza você está no caminho certo... vou aprendendo com você também!
Cris

Thatá disse...

Celi, para mim não parece simples ter 3 filhos não rsrs! Acho um grande desafio suprir as necessidades individuais de cada um, vc é mesmo uma grande mãe!
E os filhotes estão cada vez mais lindos, hein!
Bjooo!

Celi disse...

Dayane, mais uma vez parabéns! Que bacana que a Leah ganhará um irmão ou uma irmã. Fará muito bem, apesar dos desafios que terá pela frente. Amo ser mãe de três! Agora, a preocupação acho que faz parte, independente do número de filhos. Não é mesmo? Sempre queremos o melhor, sempre queremos que sintam-se amados, queridos, acolhidos de maneira única e especial.
Acho que a atenção para essa questão já vale bastante!
Um grande beijo.

Celi disse...

Obrigada querida Dani. Acredito que o desafio seja diário para todas as mães e a cada dia aprendo mais e mais com meus filhos.
Um grande beijo.

Celi disse...

Ohhh querida Ivana que bom tê-la por aqui. Espero mesmo que o tempo ajude a decifrar e entender um tanto de coisas que acontecem na vida de uma mãe de três filhos.
Obrigada pelo comentário e por tornar-se mais leve essa jornada que tenho pela frente.
Pode deixar que grito sim!!!! rs rs rs rs Não é a toa que adoro seguir seus relatos.
Beijos, beijos

Celi disse...

Oi Ana,
Que bom que gostou.... fiz apenas um recorte e você disse tudo. É um artigo que levanta aspectos simples, já conhecidos, porém que nos faz pensar muito sobre nossas atitudes.
Gostei bastante! Principalmente quando fala do filho do meio, o recheio da bolacha....rs rs rs rs
Beijos, beijos

Celi disse...

Querida Cris... quanta coincidência entre nós duas....rs rs rs
Isso é bacana, pois aproxima nossas vivências e idéias a respeito do ser mãe.
Fiz apenas um recorte pequeno do artigo, no entanto essa parte que você não entendeu refere-se ao seguinte:
Quer dizer que não aconselham o mais velho levar sempre o mais novo para brincar, pois afirma que para o mais velho pode ser chato fazer, cumprir esse papel de olhar, brincar junto. Para o mais novo pode se algo com pouco significado, já que é visto totalmente como o menor, que deve ser cuidado, no qual o irmão é o responsável. Refere-se a relação entre eles, de não estarem juntos exercendo o papel de ser submisso ou superior. Entende?
Também não acho que sempre acontece isso. Meus filhos brincam muito juntos. Mas acho que vale essa atenção, para que brinquem sem ficarem mostrando quem é quem, ditando regras e tudo mais.
Será que sempre teremos essa sensação de deixarmos sempre um filho em desvantagem? Uma tarefa difícil, atender a todos de acordo com as reais necessidades, no qual cabe a mãe perceber um tanto de sentimentos envolvidos nessa relação toda.
Um grande beijo e obrigada por compartilhar suas idéias.

Celi disse...

Obrigada querida...
Sempre um desafio! A gente aprende a lidar com os inúmeros imprevistos.
Beijos, beijos

Ana Paula - Journal de Béatrice disse...

Celi,
Uma vez conversando com uma amiga, mãe de dois filhos, ela comentou que não gostaria que o mais velho fosse o responsável pelos cuidados do mais novo. Ela falou isso porque ela é a filha mais velha e a sua mãe sempre pedia para ela cuidar (trocar fraldas) e brincar com o caçula. Dizia ela que às vezes ela queria fazer as suas coisas ou brincar sozinha e não podia, pois a mãe pegava no pé para ela estar com o caçula... Logico, estou falando de uma educação à moda antiga... Até então, eu nunca havia parado para pensar sob esta ótica (do mais velho ter a “responsabilidade”), até mesmo porque EU sou a mais velha e tenho quatro irmãos e achava “natural” ter que dar atenção aos pequenos quando a minha mãe pedia (diferente da minha amiga, que ficou traumatizada por sentir-se responsável pelo irmão) e agora você escreve sobre dar conta de três pessoinhas de diferentes idades e que demandam atenção especifica. Não deve ser fácil! Mas você esta no caminho certo de como conduzir a situação! Caracas, te admiro muito viu? Bjks

Celi disse...

Ohhh minha amiga... fácil não é mesmo! São simples detalhes que fazem a diferença. Entende? Precisamos cuidar de todos os aspectos... Ufa! Mas devagar, devagarinho damos conta, não é mesmo?
Um grande beijo e obrigada pelo carinho de sempre!!!!

Cíntia disse...

Minha irmã mais velha cuidava de mim e coincidentemente até hoje ela não gosta de criança! :( Sério. Será que interfere? Eu prefiro acreditar que é muita responsabilidade para o mais velho do que chegar a conclusão de que eu era muito danada! :D

Adoro suas dicas Celi. Que legal encontrar informações como essas né?

Beijo

Dani Rabelo disse...

Ai que delícia, Celi....

Que foto é essa?????

Adorei o texto, acho que é bem isso mesmo, especialmente a parte do filho do meio (na qual me enquadro).
É isso mesmo, o filho do meio requer um pouco mais de cuidados, pq ele não é O RESPONSÁVEL como o primeiro, mas tbm não é o reizinho como o mais novo... de qlq forma, bom saber como se sentem os irmãos nessa tríade, para que vc consiga cuidar melhor ainda deles, não?

Amei!

E, novamente, obrigada por todo o carinho do mundo que vc dispensa a mim e ao bloguinho. Mil vezes, obrigada, vc é uma fofa!

Beijos!

Celi disse...

Cíntia minha amiga... você voltou.... que bom!
No seu caso também prefiro pensar que era o peso da responsabilidade, porém no fundo, no fundo acho que você dava muito trabalho. Isso sim...rs rs rs rs
Beijos querida.

Celi disse...

Viu só Dani... esses três juntos.... amo demais!
Muito bom, né Dani! A gente sempre em busca de informações para fazer o melhor....
Não agradeça o carinho! Gosto de você, de acompanhar sua vida, uma amizade que logo, logo sairá da simples telinha do computador. Não é isso? Beijos, beijos

Anônimo disse...

Celi,gostei muito dessa materia,esei que vc há escreveu,porque é uma mãe muito cuidadosa com os seus filho, e só quer o bem estar deles.Parabéns pelo artigo!!!

Mamacrica disse...

Puxa, obrigada pela explicação Celi!
Entendi a colocação e também concordo. Lembro de ficar zangada quando minha mãe me "obrigava" a levar minha irmã mais nova para brincar, ou quando me pedia para fazer meu irmãozinho mais novo dormir depois do almoço ( e o moleque não queria de jeito nenhum, ficando em pé no berço) uma chateação nessa hora de ser o mais velho! rs...
O pior é que vááááárias vezes me peguei exclamando para as meninas uma frase que eu odiava escutar: - Você é mais velha, tem condições de entender mais que seu irmão! Tem mais responsabilidades!
Terrível, não?!
Os três brincam juntos, brigam também e no geral se dão bem, mas o fato do caçula ter uma diferença maior de idade gera conflitos diferentes! A coisa fica difícil também...
Desculpe pelo desabafo. rs...
Beijão
Cris