3 de 4 - Soltando a linha da pipa

Continuação da série de posts sobre a criação dos nossos filhos. Se perdeu a sequência, veja aqui e depois ali.

"- Feeeeeliiiiiiiipeeeee!!!!!!!!!!!!

- Boris, você viu o Felipe? 

- Thomas, cadê o Felipe?

- Felipe onde você estava?”

Temos um espaço considerável em volta da nossa casa, no qual é toda cercada por um jardim. Tem portão, mas o mesmo permanece aberto (já que também é muito fácil abrir). Geralmente as crianças brincam muito por lá. Mas sempre, sempre com a minha supervisão. Atualmente, seguimos nós três, no qual fico com o Lucas por perto no carrinho ou mesmo no sling. Mas estou perto, procuro bichos no jardim com o Felipe e o Thomas, brincamos de bola; enfim, mostro-me presente. 

Lógico que não ficam grudados comigo, ficam dando voltas pela casa com os carrinhos de jardim ou bicicleta. Se porventura tenho que preparar algo dentro de casa, sempre olho pela janela, dando uma espiada no que estão fazendo por lá.

Mas é exatamente nesse ponto que começa a discussão entre marido e eu, melhor, nossa conversa quase diária (para não pensarem que estamos quase divorciando rs). Marido não vê mal algum em relação aos meninos brincarem lá fora, ficarem por lá sem a presença de um adulto. Geralmente diz que fico muito em cima deles. Diz que posso olhá-los, mas sem que percebam que estou fazendo isso a todo momento. Diz que devo orientá-los, conversar sobre o que pode ou não podem fazer. Fala que preciso fazer com que confiem em mim e vice-versa. 

Tudo bem, mas não acho que é uma questão de confiar ou não nos meus filhos. Tem o fato de não confiar nos outros. Tá certo que o modo de vida é bem diferente, que há segurança e dá para contar nos dedos os episódios estranhos e preocupantes acontecidos na cidade. Mas vai saber... Não fico tranqüila, sempre acompanhei tantos acontecimentos horríveis no Brasil, em São Paulo. É fato que prefiro cuidar, zelar e acompanhar passo a passo. Talvez seja coruja, insegura e controladora demais. Mas fui criada assim e sempre morei em cidade grande.

No entanto, marido sempre morou numa chácara, foi criado muito mais solto ao lado dos irmãos.

Também tem o fato da super proteção de mãe, já que sou mãe, tenho três filhos que dependem quase exclusivamente de mim. É claro, além do marido. Talvez minha postura tenha haver com a mudança para a Alemanha, com a maior responsabilidade distante dos familiares.

Mas o que sei é que considero meus filhos pequenos, que precisam de um olhar cuidadoso. Será que já dão conta de se protegerem dos outros, dos perigos? Será que sou uma mãe muito galinha e seus pintinhos? Uma mãe chata demais? 

Acho que vale um equilíbrio, não? Vale soltá-los devagarinho, assim como a linha da pipa...

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11 comentários:

Mari disse...

Celi, voilà um equilibrio dificil de se achar! Em que medida zelar, em que medida deixar livre? Acho que tudo depende do espaço e do contexto... quanto mais seguro é o espaço, mais livres podem ficar seus meninos da vigilância da mamãe... se o seu quintal é seguro e eles não correm o risco de sair pra rua ou se ferir em alguma coisa (cair, se cortar, encontrar algum bicho antipatico), acho que você pode relaxar sem problemas, estando por perto para socorrer no caso de alguma briguinha ou acidente menor. Mas tem que ser na medida em que vc se sente segura e ai é so você que pode dizer!
bjus!

Dani disse...

Ó, vou falar, eu moro fora do Brasil já há quase 12 anos e continuo temendo a violencia urbana como se tivesse saído ontem de lá. Eu sou igualzinho, Celi, se o marido vai com a Nina no parque andar de bici e nao voltam em 1 hora eu ja comeco a pensar em sequestro, atropelamento e o escambal. Eu sei que minha visao está deturpada, mas se acontece algo eu nao me perdoo por nao haver estado atenta. E duvido que isso vai mudar :)

Ana Gaspar disse...

é CeLi!
concordo de novo com você... eu fico apavorada quando Valentina vira a equina dentro do supermercado, sabe? como se não fosse ve-la de novo... ai...
beijinhossss

Ana disse...

Com certeza Celi. Sou como vc, não fico tranquila enquanto não vejo o que estão fazendo. pra mim é muito dificil. Alex me respeita, porque tb é um pouco assim.eu queria ficar mais tranquila mas não consigo, justamente por não confiar nos outros.
Vou aos poucos, e quando solto um pouco da vista, faço contato verbal: e aí? tá tudo bem?

seguimos, mães!

Carol Damasceno disse...

Celi eu também não "saio de cima" da LAura, muito emboranão se compare a idade dos seus meninos, pois ela está em uma fase piscou fez arte... Mas acho que é bom eles saberem que vc tem confiança neles, mas coração de mãe é assim... E acho melhor pecar por excesso...hehehehe
E sou como a Ana, se a Laura sai da minha vista por uns minutos eu já pergunto "filha onde você esta? O que está fazendo?"...

Beijocas
Carol

Adri Portella disse...

Bom.....eu acho que teria a mesma postura que você.....Acho que ficaria lá fora com eles, entraria mas olhando da janela....Não ia conseguir deixar solto.....O Boris é muuuuuito desencanado né, por um lado é bom, mas.....sei lá. Acho que não conseguiria, rsrsrs.
Bjs

Fernanda disse...

Eu fui criada numa cidade muito pequena... Não existia essa preocupação toda com relação a brincar na rua e tal. Agora morando em uma cidade gigantesca, onde a violência reina, eu não tenho coragem de imaginar a Heloisa brincando na rua... É como você disse, nas crianças a gente confia, não se pode confiar é nos outros!
Sempre que saio com ela, ela anda ou de mãos dadas comigo, ou no colo, ou no carrinho. Solta, nunca, jamais!

Beijoos...
http://mamaetaonline.blogspot.com.br/

Dani Brito disse...

Celi, não acho que vc seja controladora. Apenas foi criada de uma forma diferente e sabemos, que por aqui, basta piscar pra estar correndo um grande risco.

Tiro por mim...saí de uma cidade violenta e vim morar em Floripa, que está a anos-luz da violência nos grande centros. E todo mundo me acha meio neurótica. Já ouvi piadinhas porque coloco cadeado no portão durante o dia...tento explicar pra eles, que da onde eu vim, já nem usam mais cadeados, tamanha a violência.

Não consigo ser de outro jeito, estou sempre vigilante.

Beijo, querida.

Neda disse...

Celi, a primeira coisa que notei depois que saí do Brasil foi como na maioria dos outros países as crianças ficam mais "soltas", elas são monitoradas de acordo com a idade e o local onde estão, mas em geral as mães no Brasil, principalmente nos grandes centros, ficam muito em cima, dependendo acho que sufoca. Aqui em Mendoza vejo com minhas amigas que elas vão soltando os meninos aos poucos, mas por volta dos três anos, vejo que nos lugares seguros eles ficam a vontade e de vez em quando passam para pedir algo ou a mãe dá um role pra ver como estão. Lembro dos primeiros aniversários que fomos aqui quando percebi isso. Todos estão atentos, mas a uma certa distancia e eu acho que isso é melhor para todos.
Agora, que é legal curtir o quintal com as crianças, isso é.
BJS

patricia disse...

Eu só quero saber,por que todo homem tem esse discurso? A para, que história é essa de liberdade, eles nem imagina tudo o que passa nas nossas cabeças, e vem falar para não nos preocuparmos.

Gabriela Grossi disse...

Oi Celi! Essa série está maravilhosa!

Não te acho controladora e muito menos sufocadora. O João também tem uma postura de soltar mais, de dar mais liberdade.

Concordo que as coisas precisam ser aos poucos, devagar. Nem sempre eles têm maturidade de administrar a liberdade.

Beijos