A partir de setembro, no próximo ano escolar, Felipe não estará mais no Kindergarten (Jardim da Infância). Já contei aqui que atualmente é um aluno de Vorschule e expliquei um tanto sobre as atividades.
6 anos! Entrada na escola significa um marco para as crianças e na Alemanha também cuidam muito dessa passagem a fim de que seja tranqüila e que as crianças fiquem animadas e alegres. Na verdade, também acho que vale todo esse cuidado para as mães, para eu saber melhor sobre todo o funcionamento e organização, já que tudo é muito diferente.
São praticamente 6 meses que antecedem e que há uma série de eventos. Primeiro foi a reunião de pais no qual compartilharam informações sobre a equipe de professores, horários, materiais que serão utilizados, mochila apropriada, entre outras.
No mês seguinte tivemos o horário especial para a Schnupperstunde, ou seja, uma hora para os pais espiarem o que acontece na sala de aula, desde encaminhamentos das professoras, a relação entre as crianças até todo o material utilizado diariamente.
As crianças também tiveram duas situações especiais: uma no qual as professoras foram até o Kindergarten conhecerem os futuros alunos numa rotina habituada por eles, no qual as mesmas observaram o relacionamento, a postura, a fala, enfim; um pouco do jeito de ser de cada uma. Interessante foi no final do período, quando fui buscá-lo, escutar o quanto a professora da escola elogiou a fala do Felipe. Por ser uma criança brasileira, apresentar dois idiomas há uma grande preocupação com a fluência do que é prepoderante no local. Melhor assim, não é mesmo? Bom saber que dá conta, que compreende e fala com fluência alemão. Ai, ai, ai quem me dera ser assim, igualzinho meu filho.
O último evento tão esperado foi a vivência na escola. As crianças tiveram uma hora com a futura professora e fizeram uma série de atividades. Praticamente uma mini aula. O objetivo com essa proposta era observarem a criança em diferentes aspectos, além de avaliarem o que sabem sobre a escrita, os números e como fazem desenho. Após o término dessa pequena aula os pais receberam um feedback da professora.
Realmente Felipe cresceu e iniciará uma nova fase. Reforçaram apenas para todos os pais e crianças que é importante darem conta de se vestirem sozinhas, tanto que Felipe chegou em casa dizendo que daquele dia em diante teria que fazer mais coisas sozinho no que diz respeito aos cuidados com o próprio corpo (tomar banho, vestir-se, organizar os próprios pertences...). Que assim seja... O fato de incentivarem a autonomia desde cedo, quando são bem pequenos, sempre chamou muito a minha atenção. Algo que observo sempre, sempre por aqui! Jamais subestimam a capacidade das crianças, muito pelo contrário, dão um voto de confiança e deixam fazerem por si só. Desde bem pequenas aprendem fazendo.... fazendo... Aposto que isso é cultural, já que as pessoas por aqui são muito independentes! Além disso, será que tem haver com o fato dos pais cuidarem de tudo, dificilmente terem a ajuda de outra pessoa?
Outro aspecto que ressaltaram, chamaram nossa atenção, pediram para observarmos e até indicaram a ajuda de um profissional foi o fato do Felipe ainda não ter definido o lado que escreve. Para melhor compreensão, Felipe ora escreve ou desenha utilizando a mão esquerda, ora a direita. Disseram que já era para estar certo e definido. Observando Felipe percebemos também que faz isso a depender do lado do papel, então se deseja desenhar do lado direito, a mão direita parece ajudar e ser melhor, assim rapidamente muda a caneta de mão.
A minha experiência com crianças dessa faixa etária é que isso dificilmente acontece. Geralmente por volta dos 5 e 6 anos a grande maioria das crianças já apresentam claramente com qual mão escrevem. Nesse caso, observando em casa durante as atividades de desenho ou mesmo de escrita Felipe permanece com a caneta mais tempo na mão esquerda tendo uma forte tendência a ser canhoto. Há problema nisso? Nenhum... não é mesmo? Espero que na Alemanha não olhem para isso como um problema :)
Agora penso que a professora do Kindergarten poderia fazer algumas intervenções mais pontuais, não!? Talvez conversar com ele e explicar que o braço pode ir de um lado para o outro e que necessariamente não precisa mudar a caneta de mão. Poderia falar que as pessoas tendem a utilizar e ter maior habilidade para realizar inúmeras ações somente com uma das mãos. Sei lá... mas será o caso da ajuda de um profissional? Acredito que não, que daqui um tempo terá isso muito certo para ele e assim mostrará para todos também.
Entendo perfeitamente a postura e preocupação das professoras, tanto do Kindergarten como da Escola. A verdade é que a partir da escola as crianças tem inúmeras atividades de escrita, enfim, serão alfabetizadas e haverá um trabalho constante. Nesse caso não querem preocupar-se com isso! Simples assim...
O que mais me espera, hein? O que mais acontece de diferente... de marcante nessa passagem toda para a escola? Aguardem, pois assim que souber mais compartilho com vocês.
Paixão pelas sardinhas
Há 7 anos